terça-feira, 2 de junho de 2015

BNDES financiou US$ 11,9 bilhões em obras no exterior tocadas por empresas brasileiras com juros mais baixos que no país

       O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) financiou US$ 11,9 bilhões em obras tocadas no exterior por empresas brasileiras nos últimos oito anos. Os dados foram revelados nesta terça-feira, pela internet, depois de crescer a pressão por mais transparência nos contratos da instituição. Os números mostram que nas taxas e nas garantias, as operações internacionais do Banco têm condições melhores do que as praticadas hoje dentro do país.

       Com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), o Banco financia as empreiteiras brasileiras. As operações fazem parte do segmento “exportações de serviços”, em que as companhias que vencem licitações no exterior levam junto o crédito barato para o país que contrata a obra. As taxas começam em 2,8% ao ano e podem chegar a 8,6% - um único caso, pago pela República Dominicana para a construção da Hidrelétrica de Piralito.

        Em geral, as taxas concentram-se entre 4% e 6%. No Brasil, atualmente, o financiamento mais barato do BNDES para a área de infraestrutura é o do Programa de Investimento em Logística (PIL), a 7% ao ano. Os prazos de pagamento começam em 120 meses - 10 anos -, mas podem chegar a 25 anos. E, normalmente, as garantias são dadas pelo próprio Tesouro brasileiro, por meio de um seguro de crédito do Fundo de Garantia às Exportações (FGE).

         Segundo o BNDES, o seguro de crédito não é, como consta no site de transparência do banco, a única garantia oferecida pelos países ao obter o financiamento. Na América do Sul, todos os países integram a Câmara de Compensação da Associação Latino-americana de Integração (Aladi), em que os associados têm créditos a pagar e a receber. No caso de não pagamento de um empréstimo garantido pela Câmara, os países deixam de receber também os créditos. Até agora, a inadimplência nos financiamentos de obras de infraestrutura no exterior é zero, garante o Banco.

       Os negócios fechados pelo Banco nos últimos oito anos inclui, por exemplo, um contrato para que a construtora Andrade Gutierrez faça um corredor rodoviário em Gana. O financiamento é de 2,8% ao ano, com 234 meses de prazo de pagamento e garantido por seguro de crédito do FGE. Na América Central, Honduras obteve um financiamento de US$ 145 milhões com taxa de 2,83% ao ano, e com o mesmo tipo de garantia - a empreiteira foi a OAS.

       Entre os financiamentos divulgados, aparece o contrato para financiamento do porto de Mariel, em Cuba (foto), considerado pela presidente Dilma Rousseff como “um bom negócio” para o Brasil. Pelas cinco parcelas que somam US$ 642,97 milhões de financiamento - garantidos pelo seguro de crédito do FGE - Cuba pagou entre 4,4% e 7% de juros. Já a Venezuela, que obteve 1/5 dos valores emprestados pelo Banco entre 2007 e 2015, para quatro obras, conseguiu juros menores, entre 3,45% e 4,45%.

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