sexta-feira, 29 de março de 2019

Bolsonaro diz que governo vai criar o cartão-caminhoneiro


          O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta quinta-feira (28) o lançamento do "cartão-caminhoneiro", que vai garantir a compra de combustível, pelos motoristas de carga, sem a variação oscilante do preço do óleo diesel, uma das principais reclamações da categoria.
          "Teremos, daqui no máximo a 90 dias, o cartão caminhoneiro. O que é isso? O caminhoneiro passa no posto de combustível, ele vai pagar o preço do óleo diesel do dia. Isso é uma vantagem, garante a ele que seu frete não será consumido por possíveis reajuste no preço do óleo diesel [durante uma viagem de fretamento]", afirmou o presidente.
          O anúncio foi durante transmissão ao vivo, na noite de ontem (28), na página oficial de Bolsonaro no Facebook. Acompanhado do ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores), o presidente fez um balanço semanal do governo. A transmissão, que começou às 19h, durou pouco mais de 17 minutos.
          Bolsonaro também citou a decisão recente da Petrobras, que anunciou que não haverá reajuste no preço do diesel em intervalor inferiores a 15 dias. O presidente voltou a afirmar, durante a transmissão, que pretende eliminar os radares de volocidade em rodovias federais do país, inclusive aquelas que são administradas por concecionárias privadas. "Nós não queremos mais novos pardais no Brasil, que visam a cobrança, a multagem eletrônica", disse.
          Para o presidente, o excesso de radares configura uma "indústria da multa". "O que está acertado com o Tarcísio [Gomes, ministro da Infraestrutura] é que os contatos vencidos [de implantação de radares eletrônicos] não serão renovados", afirmou. 
          O presidente comemorou o resultado do leilão da Ferrovia Norte-Sul, na tarde de hoje, vencido pela concessionária Rumo S.A, representada pela corretora Santander, que ofertou R$ 2,719 bilhões pelo trecho de 1.537 quilômetros, que vai de Estrela d’Oeste (SP) a Porto Nacional (TO). 
          "Vale a pena lembrar que essa ferrovia estava há 30 anos sendo construída e agora, com esse leilão, nós achamos que em dois anos, aproximadamente, ela seja concluída. Lembrando também que o último leilão de ferrovia foi há 10 anos, então é a retomada do transporte ferroviário do Brasil", afirmou
          Com embarque previsto para o próximo sábado, o presidente e uma comitiva de ministros e empresários farão uma visita oficial a Israel, no Oriente Médio. A viagem retribui a vinda do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que prestigou Bolsonaro durante a posse, no dia 1º de janeiro. 
          Ao comentar sobre a viagem, Bolsonaro citou que sua agenda inclui questões relacionadas a tecnologias desenvolvidas em Israel, como projetos de irrigação e aquicultura no deserto e de dessalinização da água do mar. 
          "Nós queremos fazer convênios, intercâmbio com Israel para mandar nossa garotada para as mais variadas áreas, a questão de agricultura, irrigação para o semi-árido do Nordeste. Ver também a garotada para aprender algo sobre a psicultura no deserto, fazer também intercâmbio em ciência, tecnologia e inovação", afirmou.   
          Durante a transmissão, Bolsonaro fez um breve comentário sobre recente desentendimento com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, relacionada às articulações do governo com o Legislativo. Para Bolsonaro, o desententimento foi superado.  
          "Página virada aquele problema de Jair Bolsonaro com Rodrigo Maia. Uma chuva de verão. Acabou, estamos em paz. Se Deus quiser, na minha volta de Israel, vou lá filar uma bóia na Câmara, com o Rodrigo Maia Será motivo satisfação", disse. 

Leilão da Ferrovia Norte-Sul é vencido pela Rumo, do Grupo Cosan, por R$ 2,7 bilhões


          A Rumo, empresa do grupo Cosan, venceu o leilão da Ferrovia Norte-Sul, realizado nesta quinta-feira (28), em São Paulo. O grupo vai pagar R$ 2,719 bilhões de outorga ao governo federal e investir R$ 2,7 bilhões ao longo dos 30 anos de contrato. 
          O valor oferecido pela companhia foi 100,9% acima do mínimo exigido, de R$ 1,35 bilhão de outorga. Como esperado, a disputa teve apenas dois participantes: além da Rumo, a VLI (formada por Vale, Mitsui, FI-FGTS e Brookfield) apresentou uma proposta, de R$ 2,065 bilhões (ágio de 52,6%).
           O trecho que será operado pela companhia liga Porto Nacional (ao lado de Palmas, no Tocantins) a Estrela D'Oeste (SP) e tem 1.537 quilômetros. O trecho é controlado pela estatal Valec. O leilão é o primeiro no setor de ferrovias desde 2007, quando o trecho norte da Norte-Sul –que liga Palmas (TO) a Açailândia (MA)– foi concedido à Vale.
          A concorrência desta quinta ocorreu sob forte ameaça de judicialização. Até o último momento, a Ferrofrente (Frente Nacional pela Volta das Ferrovias) fazia ao STF (Supremo Tribunal Federal) um pedido de reconsideração de uma decisão da corte, que já havia negado uma liminar para suspender o certame.
          A entidade já havia tentado parar o leilão por meio de uma ação popular, que não teve resultados. Nas últimas semanas, a concorrência também foi alvo de questionamentos do MPF (Ministério Público Federal) e do Ministério Público ligado do TCU (Tribunal de Contas da União) –todos contornados pelo Ministério de Infraestrutura. 
          A principal crítica é que o leilão estaria direcionado à Rumo e à VLI. As duas companhias controlam as ferrovias que fazem conexão com o trecho a ser leiloado, ao sul e ao norte, respectivamente. Como o trecho leiloado nesta sexta não tem acesso direto a nenhum terminal portuário, o vencedor necessariamente depende do direito de passagem pelos trilhos das duas companhias. 
          Segundo críticos ao edital, o modelo de leilão não garante esse acesso às ferrovias da VLI e da Rumo, o que daria vantagem competitiva às duas empresas. Mesmo com a realização da concorrência, há promessas de judicialização: o autor da ação popular, José Manoel Gonçalves, presidente da Ferrofrente, promete entrar com nova ação pedindo a anulação do resultado do leilão. No entanto, ele mesmo admite que a dificuldade é maior uma vez que o certame aconteça.
          A associação, formada por diversos profissionais ligados ao setor, tem entre seus membros Bernardo Figueiredo, ex-diretor da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e ex-presidente da EPL (Empresa de Planejamento e Logística). Hoje, ele é consultor da empresa russa RZD, que teria desistido de participar da licitação devido à questão do direito de passagem.

Corretora alerta que portos brasileiros podem sofrer ataques cibernéticos


          O interesse dos operadores portuários no Brasil em contratação de seguros cibernéticos ainda é considerado muito baixo. A avaliação é da JLT Brasil, que enxerga o setor portuário do país totalmente exposto, com exceção de novos terminais com capital privado estrangeiro. A percepção é que grande parte dos gestores ainda vê essa modalidade de proteção mais como custo do que como investimento. A corretora acredita que a contratação desse tipo de apólice deve se tornar uma realidade no país no curto prazo, na medida em que os gestores aumentarem os níveis de preocupação com a questão da automatização.
          "Enxergo com potencial elevado. No prazo de três anos esse seguro vai atingir os principais terminais do Brasil", projeta o diretor especialista em portos da JLT Brasil, Thiago Gonçalves. Ele explica que seguros para casos caracterizados como sinistro cibernético têm amplitude considerável, pois amparam desde a questão da imagem a perdas financeiras da companhia afetada.
          A empresa vem fazendo prospecções com terminais, inclusive com a apresentação de casos de ataques cibernéticos que estão ocorrendo no mundo. Um dos ataques mais prejudiciais relatados no setor marítimo ocorreu em junho de 2017, afetando uma série de grandes empresas em todo o mundo e atingindo os sistemas de tecnologia da informação (TI) da Maersk, incluindo sites e unidades de negócios.
          A perspectiva para os próximos anos é de aumento de movimentação e de faturamento, o que se reflete nos investimentos nos terminais e também nos novos leilões. A JLT vem mapeando os projetos de arrendamentos portuários que o governo está licitando neste início de ano — a meta é arrendar 10 áreas nos 100 primeiros dias da gestão. A empresa estima que esses novos investimentos representem aumento de 8% a 10% no volume de prêmio no mercado de seguros, principalmente nos campos de responsabilidade civil e de operações portuárias. 
          As apostas nesse segmento vão desde emissão de garantias financeiras para participação nos certames e licenciamento ambiental até garantias para as obras de construção e para operação do terminal. "Estamos olhando com bastante detalhe quem são os participantes desses leilões", diz Gonçalves. Ele conta que a empresa atua há 30 anos no Brasil como resseguradora e está há sete anos como segurador direto, a partir da criação de áreas específicas, entre as quais a divisão Marine, que abrange de portos, logística e navegação.
          A JLT considera que o cenário de movimentação portuária tende a aumentar com a diversificação da matriz dos transportes, mas ainda existem impactos de oscilação de importação e exportação que dependem muito do Brasil e da balança comercial, entre outros fatores. Gonçalves observa nos últimos anos o crescimento da navegação de cabotagem na matriz, o que demandou navios de maior capacidade de movimentação e despertou mais atenção por parte dos operadores portuários. “Os terminais hoje olham para a cabotagem com mais cautela e detalhe porque é algo mais sólido e menos oscilante do que a movimentação de importação e exportação", avalia.

quinta-feira, 28 de março de 2019

Autoridade do Canal do Panamá licita área de carga refrigerada que interessa o Chile, Peru e Equador


          A ACP (Autoridade del Canal de Panamá) pretende licitar nos próximos meses a construção da Área Logística de Carga Seca (ALCS), em 55 hectares, perto da Ponte Centenario, no setor norte do projeto do Parque Logístico. Este é uma das obras mais ambiciosas previstas para os 1.200 hectares destinados a diversificação dos negócios da Rota Interoceanica, segundo a publicação Capital Financiero.
          A confirmação foi feita pelo administrador da ACP, Jorge Luís Quijano. Ele explicou que a ALCS terá acesso ao recém inaugurado Corredor Logístico do Canal (CLC), uma rodovia de 7,7 km que conecta a entrada da Área Econômica Especial Panamá-Pacífico com o Porto de Rodman, operado pela PSA Panamá e a Ponte Centenário. Dali também é possível chegar aos portos do Atlântico, usando a Autopista Panamá-Colón.
          A ALCS será a primeira fase do projeto a ser licitada. A segunda etapa será a construção de uma Área Logística de Carga Refrigerada de 30 hectares, objetivando criar um cluster de 85 hectares que permitirá o estabelecimento de indústrias de apoio. “As ares logísticas de carga seca e fria darão vida ao cluster e permitirá complementar seus serviços, além de compartilhar e reduzir os custos como acontece no Porto de Roterdâm, na Holanda”, comparou Quijano.
          Segundo o executivo, os 30 he da Área Logística de Carga Refrigerada tem gerado interesse em países como Chile, Peru e Equador, que são grandes exportadores de alimentos 3 frutas. Essas áreas formam parte do Parque Industrial do Setor Norte, de 689 hectares, que estará ligada às 374 he reservadas para a construção do quarto jogo de eclusas e que em conjunto com as 137 he da área Sul, onde se planeja construir um porto de carga Ro-Ro e um terminal de Gás Natural Líquio (GNL), constituirão as 1.200 he do Parque Logístico do Canal do Panamá.
          A Estrategia Logística Nacional do Panamá  2030 (ELNP) destaca que o grande eixo da Oferta-País de Valor, o Hub da Zona Interoceânica, é um dos espaços de maior valor estratégico da região, Mas também um dos mais complexos, já que há uma elevada concorrência de operadores, instituições, processos e funções, com grande dificuldade para a integração. Na Zona Interoceânica se condensa o “câmbio de modelo de negócio” no Panamá que, a partir de agora, deve ser um projeto de país e todos os atores devem intervir de uma forma coordenada e corresponsável, disse Quijano.
          O dirigente lembrou que o Panamá, na última edição do Foro Econômico Mundial, no item Competitividade, foi destacado como líder regional em conectividade portuária e infraestrutura. Acrescentou que o Índice de Competitividade Logística do Banco Mundial, em 2018, posicionou o país em segundo lugar na América Latina e em 38º lugar em nível mundial. 


Governador pede estadualização do Porto do Rio em primeiro encontro com Bolsonaro


          O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, no seu primeiro encontro com o presidente Jair Bolsonaro, após a posse, entregou um documento em que pede ao governo federal a transferência da administração do Porto para o estado. Segundo ele, a medida é para tentar melhorar as condições de negócios no Rio.
          “O Porto do Rio é muito importante para o estado, para o ambiente de negócios, para o turismo. Por isso, fiz um pedido ao presidente para que o Porto seja entregue ao estado ou que nós possamos ter uma maior parceria na sua gestão”, anunciou Witzel.
          No documento, o governo alega que, com a estadualização, o Porto vai atrair novas atividades econômicas, por meio de Parcerias Público-Privadas e Programas de Parceiras de Investimentos. Com isso, diz o texto, novos investimentos na construção de hotéis, por exemplo, vão fomentar o turismo na região que é “belíssima”, aumentando a arrecadação de tributos estaduais e federais.
           O pedido feito a Bolsonaro menciona o decreto 2.184/97, que autoriza o Ministério dos Transportes a delegar a estados ou a municípios, mediante convênio, a exploração de portos. A proposta de Witzel pode se tornar um novo embate entre estado e prefeitura.
           É que em dezembro o prefeito Marcelo Crivella sugeriu a municipalização do Porto a Paulo Guedes, que, na época, já tinha sido escolhido para ser ministro da Economia. A prefeitura chegou a divulgar que havia um investidor americano interessado em construir um grande resort com cassino na região. Hoje, a gestão do Sambódromo está no centro de uma disputa entre Witzel e Crivella.
          Outro assunto da agenda com Bolsonaro, da qual também participou o senador Flávio Bolsonaro, foi a licitação do Santos Dumont. Ele pediu para um representante do estado acompanhar esse processo, a fim de evitar “um conflito” com o Galeão. O objetivo, segundo ele, é não sucatear “uma estrutura grande” como a do aeroporto internacional.
          “Pedi que o nosso secretário de Transporte (Robson Ramos) tivesse maior proximidade com o ministro de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas. Achei importante pontuar isso com o presidente, porque há uma preocupação muito grande dos empresários com o Galeão”, disse o governador, sem dar detalhes do que poderia acontecer.
          Witzel ressaltou que seu governo melhorou a segurança nas vias de acesso ao Galeão, com um reforço da Polícia Militar na Linha Vermelha e na Linha Amarela. “É fundamental que nós tenhamos um aeroporto fortalecido”, destacou. Além da reunião com o presidente, Witzel também participou em Brasília de um encontro com os governadores, durante o qual falou com Paulo Guedes sobre a importância do processo de recuperação fiscal dos estados.
          “O Rio de Janeiro está no Regime de Recuperação Fiscal, mas, infelizmente, isso não é suficiente. A crise foi profunda, e os estados precisam de recursos. A cessão onerosa (parte da receita do leilão do pré-sal ficaria com os estados) é uma possibilidade, mas nós temos outras opções de financiamento para conseguir fechar os nossos compromissos até o fim do ano”, lamentou.