O Porto de Pecém, em São Gonçalo do
Amarante (CE), está concluindo um plano de investimentos de R$ 650
milhões que vai permitir a movimentação de 750 mil teus anualmente, com a entrada em operação de um novo píer com três
berços de atracação de navios cargueiros ou porta-contêineres. "As obras
já avançaram em 72%", diz Danilo Serpa, presidente da Cearáportos. A
previsão é de conclusão até 2017. Os recursos são do governo do Estado e
do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Inaugurado em 2002, Pecém é um terminal off shore com calado natural
de 18 metros em seu ponto mais afastado do continente, o que permite a
atracagem de navios de grande porte, como os pós-panamax. A estrutura
atual é constituída de dois píeres marítimos, um para carga geral e
outro para granéis líquidos, protegidos por um quebra-mar de 1.768
metros de extensão, que agora será engordado em 1.100 metros. Uma nova
ponte de acesso aos píeres também está sendo construída, para permitir
uma melhor movimentação de caminhões até os berços.
A principal motivação para os investimentos em expansão do porto é a
entrada em operação da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), uma joint
venture de US$ 5,5 bilhões entre a Vale e as coreanas Dongkuk e Posco,
com capacidade para três milhões de toneladas de placas de aço ao ano,
prevista para entrar em operação neste semestre. A siderúrgica deverá
mais que dobrar a movimentação de cargas no porto, que teve seu recorde
em 2014, com 8,2 milhões de toneladas.
Entre a entrada de insumos
siderúrgicos, como minério de ferro e carvão, e o embarque de chapas de
aço, a movimentação anual quando a CSP estiver operando a plena carga
pode chegar a 10 milhões de toneladas.
A expansão do porto, na visão do governo do Estado, também credencia
Pecém a postular a posição de hub port. Segundo Danilo Serpa, o Porto do
Pecém se destaca em âmbito internacional por suas características
naturais, que são favoráveis para a atracação de grandes embarcações.
Outra vantagem é a localização.
"Estamos a oito dias de viagem dos
Estados Unidos, sete da Europa e 45 dias da China", diz. A expansão do
Canal do Panamá, que receberá navios com capacidade de até 150 mil
toneladas, mais que o dobro do limite atual, de 60 mil toneladas, também
cria novas possibilidades de rotas internacionais para o Pacífico.
Pecém, na opinião de Serpa, amplia assim suas vantagens como
concentrador de cargas em relação aos portos do Sul e Sudeste.
Uma vantagem regional, em relação aos demais portos do Nordeste, é a
grande capacidade de abrigar novas indústrias do Complexo Industrial e
Portuário do Pecém (CIPP), uma área de 13.337 hectares nos municípios de
Caucaia e São Gonçalo do Amarante, a aproximadamente 50 km de
Fortaleza, apenas parcialmente ocupado. Nessa área, por exemplo, está
instalada a única Zona de Processamento e Exportação (ZPE) efetivamente
em atividade no país. São 4.271 hectares a seis km do porto.
A área de influência do porto cearense ainda pode ser expandida com a
entrada em operação da ferrovia Transnordestina, que deve trazer grãos e
minérios desde o Cerrado piauiense até Pecém e o Porto de Suape, em
Pernambuco. A obra, prevista no Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC), não tem previsão de conclusão.
Danilo Serpa diz que a condição de hub port permitirá um incremento
da CIPP e da ZPE e, consequentemente da economia de todo o Estado.
"Vamos estar no centro de diversas negociações econômicas e esse é o
objetivo do complexo do Pecém, tornar o Ceará um importante centro
econômico do país", calcula.
No momento, a autoridade portuária cearense, segundo Serpa, se
preocupa em aperfeiçoar a qualidade dos serviços prestados no Pecém para
ampliar sua competitividade, por meio de intercâmbio com portos
internacionais. No final de 2015 representantes do Porto de Roterdã
fizeram um curso de gestão portuária no Ceará e representantes do Pecém
foram ao Porto de Sohar, em Omã, em busca de aprendizados sobre atuação
de hub ports e ZPEs.
O governo cearense prepara ainda uma expansão de Pecém, que chegou a
ser anunciada em 2014, mas está congelada desde a decisão da Petrobras
de paralisar os esforços para a construção da refinaria Premium II,
prevista para ser instalada nas imediações do porto. Os investimentos,
calculados na época em R$ 1 bilhão, previam a instalação de seis berços,
sendo dois para a movimentação de granéis sólidos e quatro para a
demanda da refinaria.