domingo, 31 de janeiro de 2016

Diretor da Bunge afirma que indústria brasileira de açúcar está chegando "a um ponto de virada"

         A indústria brasileira de açúcar está chegando a um ponto de virada, uma vez que a escassez mundial leva a preços mais estratégicos, em um momento em que a depreciação do real reduz os custos de produção. A avaliação é da Bunge, companhia que conta com oito usinas no país.
         Maior produtor do mundo, o Brasil terá de aumentar a produção na próxima década para atender à crescente demanda, afirmou o diretor-executivo da empresa, Soren Schoreder, na Dubai Sugar Conference, encontro privado para 400 líderes dessa indústria. Os déficits de abastecimento global previstos para esse ano e o próximo vão resultar na estabilização dos preços, previu.
         Os contratos futuros de açúcar negociados em Nova Iorque subiram 5% no ano passado, depois de quatro anos de declínio. Em 2015, o produto teve o terceiro melhor desempenho no índice Standard & Poor de 24 matérias-primas. A queda de mais de 30% do real está impulsionando os ganhos para os usineiros que vendem a mercadoria em dólar, além de reduzir os custos de um pico atingido em 2011, explicou Shroeder.
         "Acreditamos que a moagem de cana-de-açúcar brasileira e também a indústria do etanol estão em um ponto de virada, que chegamos ao fundo", afirmou o CEO da Bunge, que movimentou cerca de 6,5 milhões de toneladas por ano em sua divisão de açúcar e bioenergia. "Há luz no fim do túnel", comemorou Schoreder.

Volta do crescimento econômico prevista pelo governo divide opinião de especialistas

         O retorno ao crescimento econômico no último trimestre deste ano, como acredita o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa (foto), divide opiniões de economistas. Os mais céticos avaliam que isso é improvável porque o consumo das famílias e os investimentos continuarão em queda em 2016 com agravamento da recessão, que deve levar o PIB a uma queda de 3% neste ano.
        Por outro lado, vários especialistas acreditam no início de uma gradual recuperação da atividade no período entre outubro e dezembro, na margem. Para eles, isso ocorrerá por fatores como o fim de incertezas em relação ao impeachment da presidente Dilma Rousseff e a depreciação do câmbio, que pode ajudar ainda mais na substituição de importados por produtos nacionais.
         Para os economistas céticos, a deterioração da demanda agregada, deve diminuir ainda mais o consumo e o investimento e impedirá crescimento em qualquer dos trimestres deste ano. Esse quadro deve também elevar o desemprego para uma marca superior a 11% até dezembro.
         Silvia Matos, economista do Ibre/FGV, estima com uma queda de 3% do PIB neste ano haverá destruição líquida de 2,2 milhões de empregos formais. "O cenário muito negativo para a atividade levará a uma alta expressiva do desemprego em todos os setores produtivos, inclusive em serviços", comentou. Ela projeta que a taxa de desocupação medida pela Pnad Continua deverá alcançar 12,3% no quarto trimestre e a média do ano será de 11,7%.
         Vários economistas apontam que o PIB entre janeiro e junho será pressionado negativamente pelas dúvidas sobre a governabilidade do País, causadas principalmente pela possibilidade de impeachment da presidente Dilma. Contudo, alguns ponderam que, na segunda metade do ano, o nível de atividade pode parar de cair e engatar ligeiro avanço entre outubro e dezembro.
        Alessandra Ribeiro, economista e sócia da consultoria Tendências, estima que a economia cairá 0,1% de julho a setembro, mas deverá subir 0,1% no último trimestre do ano. Ela pondera, contudo, que há riscos de piora para o PIB e a inflação ao final do ano, "relacionados à gestão macroeconômica".
         A economista destaca que o IPCA deve atingir 9% nos 12 meses encerrados em março e voltar para nível abaixo de 8% a partir de outubro e fechar o ano em 7%. Na sua avaliação, a melhora da administração das contas públicas, com corte de gastos correntes, é o elemento mais importante para melhorar as expectativas dos agentes econômicos sobre a área fiscal e a inflação, o que ajudaria muito a reduzir juros futuros e conter depreciações intensas do câmbio. "Mas o governo sinaliza que retomará a política de estímulo ao crédito pelos bancos públicos, o que não será eficiente e terá impactos no Tesouro", apontou.
         Os especialistas que apostam em recuperação do PIB a partir do último trimestre acreditam que o câmbio será o fator fundamental para isso. Considerando que não ocorra em 2016 uma depreciação tão forte quanto em 2015, que ficou próxima de 50%, "consumidores e empresários avaliarão que a economia ficará mais estável e menos sujeita a pressões de alta inflação", comentou Braulio Borges, economista-chefe da LCA. Ele estima que o dólar deve atingir R$ 4,15 em dezembro, uma variação nominal de 6,27% no ano.
         "Além disso, as contas externas devem continuar a avançar, sobretudo com a redução das importações, o que estimulará a produção doméstica a ocupar o lugar de mercadorias vindas do exterior."
Juan Jensen, sócio da consultoria 4E, espera alta de 0,2% para o PIB do terceiro trimestre e outros 0,5% de aumento no último trimestre do ano. Ele pondera que o setor externo deve contribuir positivamente com dois pontos porcentuais para o PIB deste ano, mas não impedirá uma retração de 3,4% em 2016.
         Para ele, o saldo comercial deverá subir de US$ 19,68 bilhões em 2015 para US$ 29,5 bilhões neste ano. "O fim do risco político, se afastada a possibilidade de impeachment da presidente Dilma Rousseff, mais a realização de concessões de infraestrutura e início de redução dos juros pelo BC em outubro deverão melhorar os sinais da economia e começar um incremento paulatino da demanda agregada no segundo semestre", destacou.

Morgan Stanley acredita que Brasil vive final do ciclo de enfraquecmento do real

         O Morgan Stanley começa a ver uma luz no fim do túnel para o Brasil, especialmente para o real. O banco norte-americano acredita que a melhora das contas externas, o interesse dos investidores estrangeiros e algum sinal de reação do governo corroboram com a percepção de que o Brasil pode estar vivendo o período final do ciclo de enfraquecimento do real. O MS entende que a moeda ainda perderá valor nos próximos meses, mas deve começar a se recuperar no segundo semestre.
         A equipe de pesquisa de câmbio do Morgan Stanley em Londres concluiu nesta semana a primeira atualização do cenário para o mercado de câmbio global em 2016. O documento traz um tom menos pessimista com o Brasil. "Sinais de que investidores de longo prazo começam a ver valor no Brasil combinados com a melhora das contas externas sugerem que esta pode ser a fase final do enfraquecimento do real", dizem os analistas da casa.
         Segundo eles, o segundo semestre "será mais construtivo" para a moeda.
Consolidação. No entanto, o banco avalia que ainda é preciso uma reação mais assertiva do governo para consolidar a mudança. "A crise pode levar a uma resposta das autoridades, o que pode ser o catalisador para uma guinada do real."
         Apesar de estar mais otimista com o real, o banco ainda mantém a sugestão de que clientes permaneçam "vendidos" na moeda brasileira porque a guinada não deve acontecer no primeiro semestre. Ou seja, a casa recomenda ficar longe dos ativos em moeda brasileira. Por enquanto, a recomendação é preferir ativos no México. "Ainda há riscos no Brasil que não estão completamente refletidos no preço do real", cita o relatório, ao mencionar que, até que a guinada aconteça, o real seguirá os fundamentos da economia.
         Após a forte queda do real no ano passado, o Morgan Stanley reconhece que muitos clientes estão ansiosos para voltar a investir no Brasil e aproveitar a grande taxa de juros do País. O banco, no entanto, diz que ainda não é tempo de comprar a moeda brasileira porque há riscos como a leniência do Banco Central com a inflação e a política fiscal frouxa e novos sinais de heterodoxia no governo. Eventuais erros do governo, como a venda das reservas internacionais, atrasarão a retomada do otimismo.
         "O Brasil caiu 44% desde o começo de junho de 2014 e oferece 13 pontos de carry-trade. A tentação de entrar é compreensível. Mas nós não achamos que é tempo para isso. Ainda há um número de riscos no Brasil que não está completamente refletido no preço da moeda", dizem os analistas da área de câmbio do Morgan Stanley em Londres.
         Entre os riscos, o Morgan Stanley cita o Banco Central. "A decisão de manter o juro e enviar uma mensagem positiva gera o risco de transmitir um sentimento de indiferença em relação às últimas expectativas de inflação mais alta", cita o documento.
         No lado fiscal, o banco cita como risco as recentes mudanças na equipe econômica, aumento maior que o esperado em salários e a alta da oferta de crédito através dos bancos públicos. "Isso tudo sugere uma mudança na direção de uma mistura de políticas não ortodoxas vista entre 2011 e 2014", diz o banco.
         No relatório, o banco Morgan Stanley prevê dólar a R$ 4,20 no primeiro trimestre de 2016, R$ 4,30 no segundo trimestre e R$ 4,50 no terceiro trimestre. A partir daí, a casa acredita que haverá inflexão das cotações para R$ 4,45 no quarto trimestre. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Participação do agronegócio brasileiro no comércio mundial chegará a 10% até 2018



         A participação do agronegócio brasileiro no comércio mundial saltará de 7,04% para 10% até 2018. A meta foi anunciada nesta sexta-feira (29) pela ministra Kátia Abreu (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) durante entrevista coletiva à imprensa. O crescimento das exportações do setor, afirmou, será baseado em garantias sanitárias, produtividade e conquista de novos mercados.
         Para responder por 10% de todo o comércio agrícola no mundo – que em 2014 alcançou US$ 1,17 bilhão –, o Brasil continuará investindo em negociações comerciais e sanitárias com os 22 principais mercados internacionais que, juntos, representam 75% da atividade comercial mundial.
          Fazem parte desse grupo parceiros tradicionais do Brasil e que compõem o chamado “Big 5”, os cinco maiores importadores de alimentos no mundo: Estados Unidos, União Europeia, China, Rússia e Japão. “Somente essas nações são responsáveis por metade de todas as compras mundiais de produtos agropecuários”, disse a ministra, que ressaltou que o país precisará negociar um “mix” de acordos, tanto sanitários quanto tarifários.
        “Estamos com uma agenda bastante arrojada e agressiva para negociar barreiras sanitárias com nossos parceiros, mas isso não exclui a possibilidade de esses mesmos países também firmarem acordos tarifários”, assinalou a ministra. “Nossa perspectiva é bastante real e conservadora para atingir a meta dos 10%.”
         Também fazem parte do hall de prioridades mercados ainda pouco acessados, mas que apresentam alto potencial de importação. Um exemplo é a Indonésia, que pode aumentar as compras de produtos brasileiros em 15% até 2018, principalmente de açúcar e soja. Destacam-se ainda a Arábia Saudita (com potencial de crescimento de 12,4%), a Tailândia (11,5%), o Egito (13,6%) e os Emirados Árabes Unidos (10,6%).

Comil fecha fábrica de carroceria de ônibus em Lorena, São Paulo

         A montadora de ônibus gaúcha Comil divulgou nota comunicando a paralisação das atividades de sua fábrica em Lorena, no interior de São Paulo. Na nota, a indústria atribuiu a decisão "à crise sem precedentes do mercado do ônibus no país".
         As operações da empresa no munipio funcionaram por pouco mais de dois anos. A inauguração foi em dezembro de 2013, em uma cerimônia com a presença do governador Geraldo Alckmin. Na época, se falava em um investimento de R$ 110 milhões e da geração de 500 empregos diretos e outros 1.000 indiretos na cidade.
         Na nota, a Comil destacou que tentou negociar com os funcionários, entidades Sindicais e com a Prefeitura de Lorena ações para minimizar o impacto da instabilidade econômica. Segundo a nota, as medidas tomadas "não foram suficientes para compensar a brutal queda no mercado de ônibus e a consequente redução no volume de produção, tornando insustentável a continuidade das atividades industriais da planta de Lorena".
         A Comil assegurou que seguirá produzindo ônibus no Brasil, em sua unidade matriz, no município gaúcho de Erechim, que tem capacidade de produção de 4.000 ônibus/ano. A empresa também informou que manterá a produção na unidade no exterior, situada no México.

Grupo de trabalho será criado para reaquecer o comércio entre Brasil e Venezuela

         O ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, e a chanceler da Venezuela, Delcy Rodríguez, depois de reunião para discutir agenda de cooperação econômica e investimentos, anunciaram a criação de um grupo de trabalho para reaquecer o comércio entre os dois países. Eles reconheceram que, nos últimos dois anos, houve uma "redução importante" na corrente de comércio e que irão aplicar "novos mecanismos para torná-la mais representativa".
         O encontro ocorreu em clima cordial - ainda que, em dezembro, o Itamaraty tenha divulgado notas duras sobre as eleições legislativas da Venezuela (vencidas pela oposição), o que teria surpreendido Caracas e causado um desconforto na relação bilateral. O tom incisivo, no entanto, não foi discutido entre os dois ministros.
         Rodríguez pediu que empresas brasileiras, como as dos setores farmacêutico, alimentício e de higiene, tivessem maior participação na economia venezuelana, salientando que o Brasil tem um "papel estratégico" para aumentar os investimentos. "O comprometimento do Brasil com a região nos inspira um momento de esperança em um futuro de melhorias e enriquecimento", declarou a chanceler.
         A Venezuela tem uma dívida de US$ 2 bilhões com empresas brasileiras. Na reunião, comprometeram-se a quitar a dívida (sem, no entanto, estabelecer prazos) e sinalizaram interesse em aumentar a importação de remédios do Brasil - o ministro da Economia Produtiva da Venezuela, Luis Salas, reuniu-se, inclusive, com representantes do grupo Eurofarma para tratar da questão. Outra intenção da Venezuela seria reformular a lei atual sobre a exploração petroquímica e do ouro, de forma a tornar mais efetivas as parcerias com investidores estrangeiros.
         Sobre o decreto de emergência econômica do presidente Nicolás Maduro, Rodríguez afirmou que "são das conjunturas difíceis que surgem importantes consequências" e que está em estudo um acordo para que "sejam exploradas as melhores potencialidades do País".
         O ministro Mauro Vieira disse que o Brasil acompanha com "grande interesse" a evolução da situação da Venezuela e que pretende "retomar, expandir e diversificar" o fluxo de comércio entre os dois países. "A posição brasileira tem como centro a promoção do diálogo democrático, tendo presente o imperativo de pleno respeito à vontade do povo venezuelano, ao estado de direito, nos termos estabelecidos pela legislação e pela própria constituição da Venezuela", declarou.

PIB do México cresce 2,5% em 2015, o percentual mais elevado em três anos

         A economia mexicana manteve o ritmo de crescimento no quarto trimestre, expandindo 2,5% na comparação com o mesmo período do ano anterior, informou hoje o Instituto Nacional de Estatísticas. Economistas ouvidos pela Dow Jones Newswires esperavam crescimento de 2,4% na mesma base de comparação.
         Com o resultado, o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 2,5% em 2015, o ritmo mais acelerado em três anos. Em números sazonalmente ajustados, o PIB mexicano teve crescimento de 0,6% nos último trimestre do ano, na comparação com o terceiro trimestre de 2015.
         Os serviços continuaram a liderar o crescimento nos últimos três meses do ano passado, expandindo 3,5% ante o ano anterior. Já a indústria teve expansão nula no período, afetada principalmente pela queda da produção de gás natural e petróleo. De acordo com levantamento feito pelo Banamex com bancos, a economia mexicana deve crescer 2,6% este ano.

Secretário gaúcho do Desenvolvimento participa de reunião sobre o futuro do Porto de Rio Grande



         O diretor-superintendente do Porto do Rio Grande, Janir Branco recebeu na tarde desta sexta-feira, 29, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Fábio Branco (foto). A reunião ocorreu na sede administrativa da SUPRG e tratou de diversos assuntos em comum dos dois órgãos estaduais. A diretoria da SUPRG participou do encontro que apresentou o andamento de diversos projetos da autarquia.
         “O Governo está mobilizado para garantir ao porto as condições necessárias, que mantenham e melhorem a agilidade das exportações, com competitividade e logística eficiente”, garantiu Janir Branco. Na oportunidade o secretário Fábio Branco falou aos diretores sobre o interesse de uma empresa em construir na cidade a segunda indústria de flanders do país. A capacidade instalada do Porto do Rio Grande e sua capacidade de crescimento é um ponto favorável ao Estado.
         “Aqui no Porto Novo é possível verificar o trabalho que a autarquia e o Estado estão realizando para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul. O Porto é fundamental para atração de novos investimentos, principalmente quando temos um dos portos mais qualificados do país”, afirmou o Secretário de Desenvolvimento, Fábio Branco.
         A diretoria da SUPRG apresentou os dados de movimentação em 2015, que foram os melhores da história, e o andamento de obras importantes como a modernização do cais do Porto Novo e o pleno funcionamento do Pátio de Toras de Madeira.
Biblioteca Rio-Grandense faz homenagem ao Porto
         O presidente da Biblioteca Rio-Grandense, professor Francisco das Neves Alves, esteve na tarde da última quinta-feira, 28, na sede da Superintendência do Porto. Ele foi recebido por Janir Branco, que foi presenteado com o novo trabalho do professor: “Porto e Barra do Rio Grande: brevíssima história ilustrada (das origens a 1915)”.
         A obra é alusiva ao centenário da inauguração do Porto Novo e da abertura da Barra do Rio Grande. O livro de 120 páginas traz diversos momentos em que a história da Cidade do Rio Grande está diretamente ligada ao desenvolvimento de um complexo portuário.
        “A Biblioteca Rio-Grandense realiza através de seu presidente um excelente trabalho de resgate da memória de nossa cidade. Com um acervo único, a Biblioteca nos brinda com uma grande obra”, elogiou o superintendente.

Brasil vai exportar 300 embriões de bovinos para Moçambique para melhorar a qualidade genética do rebanho do país africano



         O Brasil vai exportar 300 embriões de bovinos in vitro para Moçambique. O material genético vai ajudar a melhorar a qualidade do rebanho do país africano. A exportação foi possível graças à assinatura de acordo entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o governo moçambiquenho.
         O documento garante o cumprimento dos requisitos sanitários determinados para o trânsito internacional até o país importador. A coordenadora de Trânsito e Quarentena Animal do Mapa, Valéria Martins, acredita que há um mercado potencial para a genética bovina brasileira nos países da faixa tropical do mundo, como grande parte da América Latina, África e sudoeste da Ásia, por serem regiões para as quais as raças brasileiras já estariam adaptadas.
         Em setembro do ano passado, o Brasil já havia assinado acordo para a exportação de material genético com a Costa Rica. Atualmente, o país está negociando acordos semelhantes com os Estados Unidos e com a República Dominicana. 


Cargill anuncia investimento em novo pier no Porto de Paranaguá


        A gigante norte-americana Cargill, maior empresa do agronegócio do mundo, anunciou que elevará sua competitividade portuária no Brasil. Dois meses depois de arrematar por R$ 300 milhões mais um terminal de grãos em Santos (SP) - em consórcio com a Louis Dreyfus Commodities -, a companhia informou que espera receber do governo federal a renovação por mais 15 anos do contrato de arrendamento de seu terminal em Paranaguá (PR). Em troca, promete investimentos de R$ 350 milhões em um novo píer no porto.
        A Cargill comunicou que fará um aporte para a construção de um píer no formato de "L", que agregaria dois novos berços e alavancaria em até 10 milhões de toneladas por ano a capacidade de escoamento do corredor de exportação de grãos de Paranaguá. A trading americana teria prioridade de atracação de navios.
         "A Cargill sinalizou que, se houvesse prorrogação de seu contrato vigente, faria o investimento. E nos manifestamos positivamente, caso a SEP [Secretaria dos Portos] concorde", afirmou o diretor-presidente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Luiz Henrique Dividino.
         A companhia confirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que fez a apresentação da proposta de investimentos no terminal portuário, e o caso está em análise na Appa e na SEP. A SEP informou que o pedido de prorrogação do arrendamento da Cargill, com a contrapartida do investimento, é avaliada juridicamente.
         O projeto original elaborado pela administração de Paranaguá previa um píer em "T", paralelo ao cais e avançando 400 metros para dentro do mar. Nesse formato, teria quatro berços e abarcaria até 20 milhões de toneladas de grãos a mais por ano. Mas a projeção de custos - R$ 280 milhões em água e R$ 70 milhões no terminal e interligações - versus o retorno do investimento levou a trading a adaptar e encurtar o traçado.
         A ideia de um píer que atendesse o corredor de exportação de grãos foi apresentada pela Appa em 1995, mas só ganhou fôlego com o lançamento em 2012 de um portfólio de investimentos que dariam competitividade a Paranaguá. O projeto não saiu da gaveta por falta de recursos públicos.
         O porto paranaense perde em volume de carga agrícola para Santos - foram 18 milhões de toneladas de grãos embarcados em 2015, contra 33 milhões de toneladas em Santos -, e vê o porto de Rio Grande (RS) ganhar mercado em soja e, em breve, verá também parte da produção do Centro-Oeste migrar para os terminais instalados no Pará.
         Além disso, o corredor de exportações, o qual o píer atenderia, atingiu o limite de 16 milhões de toneladas movimentadas de grãos mesmo após os investimentos em dragagem de berços e novos shiploaders (carregadores de navios).
         Para a Cargill, o investimento se justifica porque daria mais eficiência ao embarque - reduzindo o tempo de fila de navios - e elevaria a capacidade de operação da trading no Paraná. A companhia movimenta 3,5 milhões de toneladas de grãos por ano no porto paranaense e teria preferência na atracação de embarcações - mas não exclusividade, já que o píer estaria no porto público. Mais importante ainda, prolongaria por 15 anos o arrendamento em Paranaguá.
         Segundo Mário Povia, diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), o contrato de arrendamento expira em março e cabe à SEP decidir por sua prorrogação ou não. Até 2010, a Cargill detinha quatro áreas em Paranaguá, unificadas pela autoridade portuária paranaense por serem consideradas de difícil operação de forma independente.
          "Com isso, prevaleceu um dos contratos vigentes - o que tinha possibilidade de renovação", disse. A unificação das áreas foi referendada pela Antaq em 2013. O ministro dos Portos Helder Barbalho vê de forma "otimista" a proposta da Cargill, citando os esforços de Brasília em destravar a agenda política positiva.

Bancos credores da Sete Brasil prorrogam débitos da empresa e dão prazo de quatro meses para quitação das dívidas


         Os bancos credores da Sete Brasil, criada para construir e administrar as sondas da Petrobras no pré-sal, fecharam acordo para prorrogar por quatro meses a dívida da empresa, que já chega a R$ 14 bilhões. Uma das exigências para o novo prazo foi receber R$ 4,2 bilhões da garantia dos financiamentos, segundo apurou o Estado. O pagamento será feito com recursos do Fundo de Garantias para a Construção Naval (FGCN), administrado pela Caixa.
         Depois que assumiu o Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa entrou em campo na “gestão da crise” para fechar a negociação que deu uma chance à empresa, que estava fadada a entrar em recuperação judicial por não ter caixa para pagar os credores. De acordo com uma fonte envolvida nas negociações, Barbosa teve papel decisivo para evitar que os principais bancos do País iniciassem uma guerra judicial envolvendo BNDES e Petrobrás pela provável quebra da fornecedora.
         Para os credores e os sócios da companhia, havia uma lacuna por parte da equipe econômica, que se mantinha distante do imbróglio, embora a criação da Sete tenha sido um projeto bilionário lançado pelo governo. “Caso não houvesse uma ação do governo, haveria uma judicialização já”, afirmou uma fonte. Agora, pelo menos, a empresa terá um prazo maior, mesmo que não descarte a possibilidade de recuperação judicial.
         A parcela que cada instituição vai receber é proporcional aos desembolsos feitos à companhia. Do valor inicial de R$ 12 bilhões – que já está maior –, o maior financiador foi o Banco do Brasil, com empréstimos que superaram R$ 3 bilhões. Bradesco, Itaú BBA e Santander liberaram em torno de R$ 2 bilhões cada um. A Caixa ficou com R$ 1,5 bilhão e o Standard Chartered – que já executou a garantia – com a menor parte, US$ 250 milhões.
          O valor que será pago como garantia representa entre 27% e 28% do total das garantias dadas pelo FGCN, segundo fontes a par do assunto. Trata-se da sétima vez que os credores dão mais prazo para que a empresa pague a sua dívida. O FGCN só tem recursos para cobertura de R$ 4,5 bilhões do total dos empréstimos-ponte. Com o pagamento, o fundo, abastecido com recursos públicos, ficará praticamente zerado.
         A Sete Brasil foi criada por iniciativa da Petrobrás para que fabricasse e administrasse 28 sondas do pré-sal. A petroleira, no entanto, reduziu o número de embarcações para 15 num primeiro momento. Agora, discute-se um novo corte, para apenas seis sondas. A Sete Brasil ainda está envolvida nas investigações de corrupção da Operação Lava Jato, o que fez com que a área técnica da Petrobrás aumentasse as exigências para fechar acordo com a companhia.
         Entre os sócios da Sete Brasil estão os fundos de pensão Petros (Petrobrás), Previ (Banco do Brasil), Valia (Vale) e Funcef (Caixa), além do Santander, Bradesco e BTG Pactual.

Pesquisa mostra que diferença entre fretes praticados no mercado e custos do transporte rodoviário é de 12,9%


         Após pesquisa realizada com mais de 300 empresas do setor de transporte rodoviário de cargas em todo país e debate durante o Conselho Nacional de Estudos em Transporte, Custos, Tarifas e Mercado (CONET), em São Paulo (SP), nesta quinta-feira (28 de janeiro), verificou-se uma diferença de 12,9% entre os fretes praticados no mercado e os custos efetivos da atividade. Embora o número seja menor do que o mesmo período do ano anterior (14,11%), ainda representa um aumento com relação a última pesquisa realizada em agosto de 2015 (10,14%).
         O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga e Logística no Estado de Santa Catarina (SETCESC), Osmar Ricardo Labes, que participou da reunião do CONET na capital paulista disse que “pelos dados apresentados, essa perda tem origem acúmulo nas defasagens ao longo dos anos e na inflação dos insumos que compõem os custos, como o combustível e a mão de obra”, explicou.

         Apesar do principal objetivo da sondagem desenvolvida pelo Departamento de Custos Operacionais, Estudos Técnicos e Econômicos da NTC&Logística (DECOPE) ser o entendimento de como o transportador está estabelecendo o frete, foi possível constatar também que 75,8% dos entrevistados apresentou queda no desempenho financeiro de 0,1 a 10% no ano passado. Ainda de acordo com a pesquisa, 83,6% dos empresários não recebem o pagamento dos fretes em dia e 78% dos entrevistados estão pessimistas com o ano de 2016, não esperando nenhum crescimento e até diminuição de mercado.
         O histórico da defasagem nas últimas pesquisas costuma trazer números maiores no início do ano e uma diminuição ao término dele. Isso se dá em função da conscientização do empresário após a primeira divulgação. O desconhecimento de todos os custos que devem ser considerados no cálculo também pesa na conta, de acordo com a pesquisa. Por exemplo: 68,4% dos transportadores de carga fracionada desconhecem ou não cobram a TRT, Taxa de Restrição de Trânsito.
         A NTC também apresentou no CONET o estudo realizado pelo DECOPE sobre a variação média do INCT-F e INCT-L (Índice Nacional do Custo do Transporte de Carga – Fracionada e Lotação) no acumulado dos meses. Enquanto o primeiro aumentou 9,46% em 2015, o segundo subiu 9,01% no mesmo período. Entre os principais insumos, o óleo diesel teve aumento de 13,49% nos últimos 12 meses. Já o salário de motoristas contabilizou 9% de aumento.

Tegram fará mais investimentos em novas tecnologias que beneficiam o transporte de cargas




         O Tegram (Terminal de Grãos do Maranhão) anunciou mais investimentos em novas tecnologias que beneficiam o transporte de cargas, prometendo oferecer um serviço totalmente automatizado. Para isso, R$ 600 milhões já foram aplicados até o momento somente na primeira fase, que habilitou o terminal a movimentar cerca de 5 milhões de toneladas. Outros R$ 120 milhões já estão programados para a segunda fase, com utilização de um segundo berço no porto do Itaqui, a partir da qual será possível movimentar até 10 milhões de toneladas.
        O Terminal, localizado no Porto de Itaqui, possui acessos rodoviários e ferroviários – pelas ferrovias Norte-Sul, Carajás e Transnordestina –, o que lhe permite sair na liderança na disputa pelas cargas de grãos no eixo norte do Brasil. No último ano, o Tegram superou as expectativas das empresas consorciadas, que esperavam movimentar um volume próximo a 2 milhões de toneladas, e registrou o resultado final de 3,4 milhões de toneladas, entre soja, milho e farelo de soja. Como atrativos, o terminal oferece uma operação totalmente automatizada, com níveis de produtividade compatíveis aos dos mais modernos portos especializados em grãos no mundo.
        Segundo o diretor de Logística e Infraestrutura do Grupo CGG e porta voz do Tegram, Luiz Cláudio Santos, o consórcio investiu pesadamente em novas tecnologias que pudessem contribuir para a redução do tempo de permanência de navios no porto. “Essas novas tecnologias e equipamentos fazem do Tegram um dos portos mais modernos do mundo, e tudo isso visando o crescimento e o atendimento da demanda crescente de grãos brasileiros para os mercados ao redor do mundo”, afirmou.
        Entre os destaques do porto, estão equipamentos de automação, sistemas de segurança, balanças de fluxo com precisão, shiploader com capacidade para 2.500 toneladas por hora e esteiras modernas monitoradas por meio de um centro de controle, permitindo o carregamento de navios de 65 mil toneladas em até 1 dia e meio.
        Na área ferroviária, o destaque fica para a maior capacidade para descarregar até 8 vagões simultaneamente, perfazendo cerca de 32.000 toneladas por dia. “Além disso, o terminal dispõe de 8 modernos tombadores de 25 metros, sendo 2 por armazéns, que permitem descarregar até 800 caminhões (ou cerca de 28.000 toneladas) por dia, 4 armazéns graneleiros com capacidade de 125.000 toneladas cada, totalizando 500 mil toneladas estáticas”, destacou Santos.
          Ele relatou que, com a construção do Tegram e início das suas operações em 2015, foi possível abrir na região norte do País uma nova rota de exportação de grãos, de fundamental importância, trabalhando sobre dois pilares principais: o descongestionamento dos portos da região sul e sudeste do Brasil (Santos e Paranaguá) e a possibilidade de crescimento da produção na região do MATOPI e Nordeste do MT.
         “Estima-se que existam mais de 5 milhões de hectares disponíveis nestas regiões para a produção de grãos e a chegada deste importante porto possibilita tal crescimento, pois a principal dificuldade para a produção de novas áreas é a infraestrutura portuária. Lembrando que este projeto era um sonho antigo de todos os envolvidos na cadeia do Agronegócio da região Norte do Brasil”, acrescentou Santos.
          O terminal, que integra os modais rodo e ferroviário, eixo importante para a cadeia logística como um todo, visa a privilegiar ainda ao máximo o modal ferroviário, já que a região produtora que tem como destino o Tegram possui uma vantagem significativa: a existência da ferrovia Norte- Sul, que corta os estados do Maranhão, Tocantins e Goiás. “Portanto, este modal atenderá a todas as regiões, onde foram investidas significativas cifras pela empresa que detém a concessão da ferrovia no trecho compreendido por Palmas x Açailândia”.
          Para atender ao Tegram, a VLI construiu 2 grandes terminais de transbordos rodoferroviário, em Palmeirante, e Porto Nacional, no Tocantins. “É importante salientar que esta ferrovia, concluída recentemente até o trecho de Anápolis em Goiás, possui linhas com bitola larga e com vagões que poderão carregar até 100 toneladas de grãos por vagão, portanto, é uma ferrovia de alta performance”, ressalta ele.
         Com isso, acrescenta, o Tegram estima movimentar seu volume no pico de 10 milhões de toneladas, cerca de 70 a 80 % pelo modal ferroviário e o restante através do modal rodoviário, “tirando assim milhares de caminhões das precárias rodovias do Norte do país”. Para 2016, a expectativa é chegar a 4,5 milhões de toneladas de grãos entre soja, milho e farelo de soja.


 

Porto de Santos segue batendo recordes apesar da crise global e de políticas equivocadas

         O Porto de Santos (SP), apesar da crise global e das consequências de uma orientação equivocada que, a partir de 2003, passou a misturar política com comércio exterior, prejudicando a colocação de produtos manufaturados nos EUA, o maior mercado do planeta, segue batendo recordes, na avaliação do presidente da Fiorde Logística, Milton Lourenço. Segundo ele, nos últimos 12 anos, o complexo santista praticamente, dobrou sua movimentação de cargas, em função da exportação de commodities, especialmente soja (grãos e farelo), açúcar, milho, álcool e café em grãos.
        O empresário afirmou que se não tivesse havido tamanha retração nas vendas de manufaturados e o parque industrial brasileiro continuasse a produzir em ritmo crescente ou ao menos nos níveis anteriores, o país hoje não estaria mergulhado em recessão. Pelo contrário. Seria um oásis que atrairia investimentos do mundo inteiro.
        Nesse quadro, o Porto de Santos, com certeza, estaria a enfrentar maiores problemas em sua logística em razão de sua infraestrutura deficiente, pois a movimentação de cargas seria ainda maior, mas, convenhamos, é melhor suportar as dores do crescimento do que conviver com facilidades no escoamento trazidas por um período recessivo em que pouco se vende e pouco se compra.
          Seja como for, os números de 2015 divulgados pela Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo) apresentaram desempenho acima do esperado, com 119,9 milhões de toneladas passando pelo complexo santista, um aumento de 100% em relação a 2003, quando foram movimentadas 60,1 milhões de toneladas. A marca alcançada é 7,9% superior em comparação com 2014, quando saíram e entraram 111,1 milhões de toneladas pelos terminais santistas.
          As commodities foram responsáveis por esse crescimento, o que significa que, nos últimos anos, o país, em vez de se afirmar como nação industrializada, voltou ao estágio de exportadora de matérias-primas, tal como era nos séculos 18 e 19. O açúcar, que sai em contêineres, em sacas e solto, foi a carga mais movimentada, atingindo 18,1 milhões de toneladas, marca 5,3% superior à de 2014. Os principais mercados foram China, Bangladesh e Índia.
          Os embarques de soja chegaram a 17,7 milhões de toneladas, crescendo 7,9% em relação ao ano anterior, com vendas principalmente para a China, Tailândia e Coreia do Sul. Café em grãos registrou crescimento de 6,3%, atingindo a marca de 1,6 milhão de toneladas, seguindo para EUA, Alemanha e Itália. Essas três foram as cargas mais movimentadas em valor. O crescimento mais significativo, porém, foi o do milho, que registrou aumento de 76%: 15,7 milhões de toneladas contra 8,9 milhões em 2014.
          Em contrapartida, as importações registraram queda de 6,4%: 32,2 milhões de toneladas desembarcadas em 2015 contra 34,5 milhões em 2014. No total, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a participação do porto de Santos no comércio internacional do País foi de 27,3%, com US$ 99 bilhões. Em 2014, essa participação foi menor (25,6%), mas o volume de vendas maior (US$ 116,1 bilhões), acrescentou Lourenço.