A crise no setor automotivo deve responder por um terço da
retração da economia brasileira esperada para 2015. No cenário econômico
complicado para este ano, analistas estimam uma retração do Produto
Interno Bruto (PIB) de aproximadamente 1,5%. A contribuição negativa do
setor nessa conta é de 0,5%.
O tombo da indústria
automobilística provoca estrago na economia brasileira porque o setor
responde por 10% da indústria nacional e, consequentemente, por 2,2% do
PIB, segundo cálculos da Tendências Consultoria. Para este ano, a
consultoria estima uma queda de 24% no setor na produção medida pelo
IBGE. "A queda está muito forte, e o peso do setor na economia é muito
grande. Uma retração desse tamanho puxa a indústria para baixo e,
consequentemente, o PIB", afirma Rodrigo Baggi, analista da Tendências.
Pelas
projeções da Anfavea, associação que representa as montadoras, devem
ser produzidos este ano 2,585 milhões de veículos, 17,8% menos que em
2014. O volume será o mais baixo desde 2007.
O desempenho
negativo arrasta os demais setores da cadeia e o efeito mais perverso é
nos empregos. Na indústria de aços, que vende 22% de sua produção para
as montadoras, 12 mil postos foram eliminados nos últimos 12 meses. Há
também 1,4 mil trabalhadores com contratos suspensos (lay off).
Cálculos
da PriceWaterhouseCoopers (PwC) indicam que, para cada emprego na
montadora, há outros 12 gerados na cadeia automotiva. Por essa conta, o
setor emprega mais de 1,5 milhão de pessoas. Na relação inversa, as 6,3
mil vagas fechadas nas montadoras até maio teriam provocado outras 75,6
mil demissões em diversas áreas. Até abril, só as revendas de veículos
cortaram 12 mil postos e as autopeças, 7,4, mil.
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