quinta-feira, 18 de junho de 2015

Japoneses podem assumir controle da Sete Brasil e concluir produção das sondas encomendadas ao Estaleiro Enseada

        Empresas japonesas avaliam a possibilidade de assumir 85% do capital total da Sete Brasil, acabando, assim, com o impasse nas atividades do estaleiro, provocado pela Operação Lava-Jato. Os presidentes da IHI Corporation, Tamotsu Saito e da Kawasaki Heavy Industries, Shigeru Murayama (da Kawasaki Heavy, mais o presidente da Mitsubishi para a América Latina, Seiji Shiraki, reuniram-se com a presidente Dilma Rousseff, em Brasília, para pedir aval do governo para o negócio.

       O encontro aconteceu no dia 14 de maio, no Palácio do Planalto, quando os empresários receberam a indicação de Dilma para ir adiante. Além das três companhias, também integrará o grupo o Jbic (Japan Bank for International Cooperation), banco de desenvolvimento japonês.

       A partir da reunião com o governo brasileiro, os executivos nipônicos passaram a examinar detalhadamente o negócio e deverão tomar uma decisão nos próximos dias. Caso aprovem o investimento, o grupo assumirá os 85% hoje nas mãos da Sete Brasil. Também é sócia do negócio, com outros 15%, a OOG (Odebrecht Oil & Gas).


        As quatro sondas envolvidas no negócio, ao custo de US$ 800 milhões cada, haviam sido encomendadas pela consórcio ao estaleiro Enseada, que tem como sócios o grupo Odebrecht (com 35%), UTC e OAS (35%) e a Kawasaki (30%) e unidades no Rio de Janeiro e na Bahia. Com o estaleiro sufocado pela dívida de R$ 1 bilhão da Sete Brasil após as investigações da Operação Lava Jato, a sócia Kawasaki decidiu buscar outros investidores no Japão para entrar no negócio.

       Caso os novos investidores aceitem entrar, a Sete Brasil não terá mais envolvimento com essas quatro sondas, que serão alugadas diretamente pela Petrobras da OOG e dos japoneses. Criada em 2011 para a construção de parte das 29 sondas para a Petrobras explorar o pré-sal, a Sete Brasil tem como sócios bancos, fundos de pensão e a própria estatal do petróleo. O negócio contava com um financiamento de R$ 10 bilhões do BNDES, que, com a Lava Jato, decidiu segurar os recursos.

       A decisão mergulhou a Sete Brasil em dificuldades financeiras, e agora o projeto passa por reestruturação. Na semana passada, ficou acertado que os sócios e credores vão injetar mais R$ 12 bilhões, na forma de financiamento, além de R$ 8,4 bilhões já aportados pelos sócios na empresa. O número de sondas foi reduzido para 19.

       A "solução japonesa", no entanto, não será replicada em outros contratos, ficando restrita às quatro sondas. O Enseada tem outras duas sondas da Sete encomendadas em parceria com a OAS. Há mais 13 a cargo de outros estaleiros. A retirada das quatro sondas do portfólio da Sete foi necessário "para ajustar o risco" à capacidade de financiamento, de acordo com um executivo envolvido nas negociações. O entendimento é que, se tirar mais sondas da Sete Brasil, "o projeto desequilibra".
 

      A OOG informou, em nota, que "participa de esforço conjunto com o estaleiro Enseada e um de seus acionistas, a Kawasaki, para viabilizar a continuidade do projeto da construção de quatro sondas encomendadas pela Sete Brasil", da qual é minoritária. Procuradas, a Sete Brasil e a Petrobras não quiseram comentar o assunto.

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