A flexibilização de um artigo que
regulamentou a Lei dos Portos, publicada no mesmo dia da divulgação do
pacote de concessões de infraestrutura e que passou quase despercebida,
abre espaço para um antigo projeto de expansão da Log-In Logística Intermodal. "Mais um passo
foi dado", afirmou Vital Lopes, presidente da empresa brasileira de
navegação doméstica (cabotagem) e operação portuária. A mudança permite a
expansão de terminais em áreas contíguas sem necessidade de prévia
licitação.
A alteração foi publicada no mesmo decreto que incluiu
o maior valor de outorga como uma das regras dos leilões portuários, a
grande novidade do pacote. Antes, o adensamento só era possível quando a
empresa comprovasse a inviabilidade técnica, operacional e econômica
para a realização de nova licitação. A nova regra retirou o "e" da
sentença e incluiu o "ou", facilitando a anexação de áreas pelos atuais
terminais, desde que elas não tenham viabilidade de serem arrendadas
sozinhas.
O artigo deve ajudar a deslanchar pedidos de renovações de
arrendamentos vigentes que estão no governo - a maioria deles prevê
investimentos com anexação de áreas vizinhas. Um deles é o do Terminal
de Vila Velha (TVV), no Espírito Santo, da Log-In. Um aporte inicial de
R$ 148 milhões ampliará em 46 mil m2 a área do terminal e acrescentará
um berço de atracação com 300 metros. Atualmente, o TVV tem 108 mil m2 e
dois berços com 450 metros de cais. O investimento aumentará a
capacidade de movimentação de atuais 350 mil Teus (contêineres de 20
pés) por ano para 500 mil Teus.
"Estamos num processo de
solicitação de antecipação da renovação. Sempre barrávamos em alguns
aspectos jurídicos e necessários para que ele andasse, com esse decreto
acreditamos que mais um passo foi dado", explicou Lopes. O pedido está na
agência reguladora do setor, a Antaq, de onde irá, se aprovado, para a
Secretaria de Portos, a quem cabe assinar o aditivo que adiantará a
concessão de mais 25 anos.
Com relação ao interesse em novos
arrendamentos, o executivo informou que neste momento não há nada no radar. Mas,
caso houvesse, seria com parceiros. Recentemente a armadora, que tem
capital aberto na Bolsa, contratou o banco de investimento BR Partners
para assessorar na avaliação de possíveis alternativas de negócios.
"Neste momento a gente tem, sim, uma busca de capital para
investimento."
Enquanto isso, correm informações no mercado de que a Maersk, o
grupo dinamarquês líder mundial em navegação, estaria fazendo uma auditoria nos
dados da Log-In, com vistas a uma aquisição. Procurada, a Maersk descartou comentar o que chama especulações de mercado. A holding, com sede em Copenhange, já atua na cabotagem brasileira de contêineres com a
subsidiária Mercosul Line, uma das principais concorrentes da Log-In.
O mercado para o modal no país é bastante concentrado, liderado pela Aliança,
do grupo alemão Oetker (dona da Hamburg Süd), mas promissor - os volumes de contêineres na cabotagem
crescem a dois dígitos por ano. Para cada teu cheio transportado na
cabotagem existem 6,5 teus que estão no modal rodoviário e poderiam
migrar para o navio, apontou estudo do Instituto de Logística e Supply
Chain.
O presidente da Log-In disse não ter a confirmação de que a Maersk esteja
estudando os ativos da empresa. "A Log-In não está à venda, quer dizer,
está à venda todos dos dias. O que estamos buscando efetivamente é
aumentar a capacidade de recursos para fomentar nossos investimentos", destacou. A Log-In fechou 2014 com prejuízo de R$ 84,2 milhões. O
principal negócio é a navegação costeira - onde atua no transporte de
contêineres, carga geral e veículos.
O nicho em que a companhia tem maior cobertura é
o transporte de contêineres, com oito navios (quatro próprios e quatro
afretados). Há mais três em construção que irão substituir as
embarcações alugadas. Os novos ativos integram o plano de investimento
de R$ 1,3 bilhão iniciado em 2007 para a construção de sete embarcações
(cinco porta-contêineres e duas graneleiras).
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