Um estudo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgado nesta quarta-feira
(2) mostra que o Brasil utiliza um terço dos 63 mil quilômetros
navegáveis dos rios. Atualmente, o país utiliza 19 mil km, ou seja,
30,9% da malha hidroviária para o transporte comercial (de cargas e
passageiros). Com isso, apenas 5% da movimentação de cargas é feita
pelos rios.
De acordo com a entidade, o Brasil dispõe de 2,3 km de vias
interiores economicamente utilizáveis para cada 1 mil km² de área,
enquanto países como China e Estados Unidos, possuem, respectivamente,
11,5 km e 4,2 km por 1 mil km² de área. Caso o país aproveitasse todo o
potencial desse modelo de transporte, a densidade aumentaria para 7,4 km
por 1 mil km² de área
Ainda de acordo com a CNT, outro motivo é a ausência de hidrovias no
país, sendo o transporte feito devido a características naturais dos
rios que facilita a navegabilidade. O único sistema que se aproxima de
uma hidrovia, de acordo com o estudo, é o sistema Tietê-Paraná.
No Brasil, as maiores extensões navegáveis estão localizadas nas
regiões hidrográficas Amazônica (cerca de 16 mil km) e
Tocantins/Araguaia (aproximadamente 1,4 mil km). Embora seja bastante
utilizadas, elas estão longe de atingir seu potencial de transporte.
“Em relação ao transporte de passageiros, em 2017 (última informação
disponível) foi estimado um total de 9,8 milhões de passageiros
transportados na Amazônia (nos estados do Amapá, Amazonas, Pará e
Rondônia). Em algumas localidades, os rios são o principal meio de
transporte, sendo cruciais para o deslocamento e o abastecimento das
comunidades ribeirinhas”, diz o estudo
A entidade aponta como causas do baixo uso da matriz fluvial entraves
de infraestrutura, a burocracia, a pouca atenção dada ao segmento nas
políticas públicas e também o reduzido volume de recursos investidos no
setor ao longo dos anos.
Segundo o estudo, entre 2011 e 2018, os investimentos na navegação
interior do país representaram, em média, 10,6% do valor estimado nos
principais planos de governo para o setor no âmbito federal.
Ainda, de acordo com a CNT, além do baixo investimento, o valor
efetivamente aplicado é baixo também quando comparado ao montante
autorizado. Segundo o estudo, 52,9%, em média, do orçamento autorizado
para a navegação interior foi executado de 2001 a 2018.
“Na análise dos recursos investidos em hidrovias, de 2001 a 2018, o
valor máximo foi aplicado em 2009: R$ 831,79 milhões (em valores
atualizados pelo IPCA para jun/2018). Mas, de 2009 a 2018, houve uma
queda, e o investimento efetivamente pago diminuiu quase 80%. Em 2018,
chegou a R$ 173,70 milhões”, diz o estudo.
Segundo a CNT, o aumento na capacidade do transporte fluvial
reduziria a pressão existente sobre as rodovias, responsáveis pela maior
parte do transporte de carga no país. A medida também reduziria o custo
do transporte, uma vez que um comboio de barcaças é capaz de
transportar carga equivalente ao carregado por 172 carretas, fazendo com
que a estimativa de preço do frete hidroviário seja 60% menor que o
rodoviário.
“O transporte hidroviário possui grande capacidade de movimentação de
carga, baixo custo da tonelada transportada e reduzidas emissões de
poluentes que, entre outros, fazem dele um modal muito adequado à
movimentação de grandes volumes de mercadorias de baixo valor agregado
(commodities) por grandes distâncias”, diz o estudo.
De acordo com a entidade, um modelo ideal de matriz de transporte
para um país com as dimensões do Brasil deve considerar um maior
equilíbrio dos modos disponíveis. “Só assim seria possível aumentar a
eficiência e a competitividade nas movimentações. E o transporte fluvial
– em um sistema integrado – tem a capacidade de reduzir a pressão sobre
as rodovias”, diz o estudo.
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