sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Japão abre disputa na OMC contra o Brasil alegando políticas de incentivos fiscais que afetam empresas estrangeiras

          O governo do Japão, insatisfeito com a resposta do Brasil, abriu uma disputa na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra Brasília, alegando que a política de incentivos fiscais aos setores de telecomunicações, automóveis e tecnologia é ilegal e afeta empresas estrangeiras de forma "injusta". O principal foco da queixa é o Inovar Auto, mecanismo que garantiu uma redução de impostos para o setor automotivo com fábricas instaladas no país.
         Os japoneses atacaram ainda outros quatro problemas. Em julho, Tóquio já havia apresentado a queixa. Mas, pelas regras, teria de dar uma chance para uma negociação diplomática. No início da semana, o encontro entre os dois governos ocorreu. Mas sem uma solução. Nesta sexta-feira, o Japão formalizou o pedido para uma intervenção dos juízes da OMC.
         O caso será lidado pela OMC no dia 28, mas o processo deve se prolongar até 2016.
Tóquio questiona a forma pela qual Brasília isenta setores de impostos, sempre que garantam produção em território brasileiro. Para o Japão, as regras discriminam empresas estrangeiras e são "barreiras protecionistas" contra produtos importados.
          Na avaliação da diplomacia japonesa, o Brasil comete três ilegalidades: a existência de um regime de impostos mais pesado para bens importados que para bens nacionais, incentivos fiscais  quem produz no Brasil e subsídios para empresas que exportam. Um dos ataques é dirigido contra o Inovar Auto, considerado como ilegal pelo Japão ao reduzir o IPI para certos modelos produzidos com um determinado número de peças nacionais. Se condenado, o Brasil terá de modificar o programa e os incentivos dados a montadoras.
         O ataque também visa os incentivos fiscais a exportadores que se beneficiam do Regime Especial de Aquisição de Bens de Capital para Empresas Exportadoras, ou "RECAP". O programa reduz o custo de produção a quem vai exportar. Para os japoneses, isso seria uma forma de subsídio. O argumento é também de que o setor de informática e tecnologia é outro alvo de protecionismo no Brasil. Tóquio questiona a Lei de Informática, o Programa de Inclusão Digital, o Programa de Incentivos ao Setor de Semicondutores, e o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Equipamentos para TV Digital.

Nenhum comentário:

Postar um comentário