A incerteza econômica
causada pelo Covid-19 deve custar US$ 1 trilhão à economia global em
2020, previu nesta quarta-feira, 11, a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e
Desenvolvimento (Unctad). Segundo o diretor da divisão Globalização e
Estratégias de Desenvolvimento da agência, Richard Kozul-Wright, a
economia deve desacelerar e crescer menos de 2%.
O especialista disse que o vírus causa
instabilidade nos mercados financeiros mundiais, preocupações sobre a
cadeia de suprimentos mundial e incerteza no preço do petróleo. De acordo com ele, poucos países devem escapar aos seus efeitos.
Na segunda-feira (9), os mercados financeiros tiveram a sua maior queda desde a crise financeira de 2008. Os preços do petróleo também caíram de forma acentuada. Na terça-feira (10), os mercados continuavam instáveis, com alguns sinais de recuperação.
A Unctad também analisou as consequências do
pior cenário, em que a economia mundial cresceria apenas 0,5%,
concluindo que teria um impacto de US$ 2 trilhões no Produto Interno
Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no mundo). Kozul-Wright disse que é difícil prever como
os mercados financeiros irão reagir, mas que os sinais "sugerem um
mundo extremamente ansioso". Segundo ele, "existe um grau de ansiedade
que está muito além dos problemas de saúde, que são muito sérios e
preocupantes".
Para combater esses desafios, o especialista sugeriu que "os governos precisam investir para evitar um tipo de colapso
ainda mais prejudicial". Kozul-Wright destacou que a China, onde o vírus surgiu em dezembro,
deve introduzir "medidas expansionistas", como aumento da despesa e
cortes de impostos. Segundo ele, os Estados Unidos devem seguir o mesmo
caminho.
Sobre a Europa e a zona euro, o especialista observou que os sinais já eram negativos no final de 2019. Agora, é “quase
certo” que a região deve entrar em recessão nos próximos meses. Ele
destacou a economia da Alemanha, dizendo que é particularmente frágil, a
Itália e outros países da periferia, que devem enfrentar “tensões muito
sérias.”
Em relação aos países da América Latina, o
especialista da Unctad disse que são igualmente vulneráveis e que a
Argentina, em particular, "estará lutando contra os efeitos indiretos
dessa crise".
Os países de baixa renda, cujas economias são impulsionadas pela venda de matérias-primas, também serão atingidos. Kozul-Wright concluiu dizendo que "são
necessárias uma série de respostas políticas e reformas institucionais
para impedir que um susto de saúde localizado na China se transforme em
um colapso econômico global".
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