quinta-feira, 30 de abril de 2015

Mais de dez mil empregados já foram demitidos dos estaleiros desde dezembro de 2014 por causa dos escândalos na Petrobras

        Quando acendeu o sinal amarelo nos estaleiros nacionais em novembro do ano passado, por força de atrasos nos pagamentos pela Sete Brasil, a indústria da construção naval brasileira trabalhava com um cenário otimista. A crise na Sete Brasil, que encomendou 28 sondas a cinco grandes estaleiros, e os desdobramentos da Operação Lava-Jato, que investiga desvios na Petrobras, modificaram por completo esse cenário.
      A partir de dezembro até fim de março, mais de dez mil empregados foram cortados dos estaleiros e outras 30 mil demissões podem ocorrer até julho caso não haja sinais de novas encomendas pela Petrobras e não seja encontrada uma solução para a crise na Sete Brasil. "A realidade hoje é diferente da vivida nos últimos anos", afirmou o presidente do Sinaval (Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore), Ariovaldo Rocha.

      O Sinaval, que representa os estaleiros, lembra que havia 82.472 empregados no setor em dezembro de 2014 e, em 31 de março, esse contingente foi reduzido para 72.066. Houve corte de 10.406 vagas, parte explicado pela conclusão de obras de navios e plataformas, mas sobretudo pela crise que se estendeu pelos estaleiros a partir dos problemas na Sete Brasil. Se não surgirem novidades positivas para o setor até meados do ano, a força de trabalho nos estaleiros poderá ser reduzida à metade do que era em dezembro.

       O dirigente disse que será preciso ver os sinais que serão emitidos pela Petrobras em seu plano de negócios 2015-2019, o qual pode ser anunciado em maio, e também o encaminhamento para a crise na Sete Brasil. No fim de fevereiro, a empresa tinha dívidas de US$ 850 milhões com os estaleiros. No começo deste mês, a empresa anunciou ter chegado a um acordo com bancos credores para rolar por 90 dias dívidas de curto prazo.

   
       No mercado, circulam informações de que Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal poderiam substituir o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como financiadores de longo prazo para a Sete Brasil. Em nota, o estaleiro informou que "A Sete Brasil tem atuado prioritariamente, e em várias frentes, para a contratação de linhas de crédito de longo prazo que possibilitem o avanço do projeto por hora em andamento. A empresa espera, dessa forma, que a retomada dos níveis de produção da indústria naval brasileira ocorra no menor prazo possível."

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