Quando acendeu
o sinal amarelo nos estaleiros nacionais em novembro do ano passado, por força de atrasos nos
pagamentos pela Sete Brasil, a indústria da construção naval brasileira
trabalhava com um cenário otimista. A crise na Sete Brasil, que
encomendou 28 sondas a cinco grandes estaleiros, e os desdobramentos da
Operação Lava-Jato, que investiga desvios na Petrobras, modificaram por
completo esse cenário.
A partir de dezembro até fim de março, mais de dez mil
empregados foram cortados dos estaleiros e outras 30 mil demissões podem
ocorrer até julho caso não haja sinais de novas encomendas pela
Petrobras e não seja encontrada uma solução para a crise na Sete Brasil.
"A realidade hoje é diferente da vivida nos últimos anos", afirmou o presidente do Sinaval (Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore), Ariovaldo Rocha.
O Sinaval, que
representa os estaleiros, lembra que havia 82.472 empregados no setor
em dezembro de 2014 e, em 31 de março, esse contingente foi
reduzido para 72.066. Houve corte de 10.406 vagas, parte explicado pela
conclusão de obras de navios e plataformas, mas sobretudo pela crise que
se estendeu pelos estaleiros a partir dos problemas na Sete Brasil. Se
não surgirem novidades positivas para o setor até meados do ano, a força
de trabalho nos estaleiros poderá ser reduzida à metade do que era em
dezembro.
O dirigente disse que será preciso ver os sinais que serão
emitidos pela Petrobras em seu plano de negócios 2015-2019, o qual pode
ser anunciado em maio, e também o encaminhamento para a crise na Sete
Brasil. No fim de fevereiro, a empresa tinha dívidas de US$ 850 milhões
com os estaleiros. No começo deste mês, a empresa anunciou ter chegado a
um acordo com bancos credores para rolar por 90 dias dívidas de curto
prazo.
No mercado, circulam informações de que Banco do Brasil e Caixa
Econômica Federal poderiam substituir o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como financiadores de longo
prazo para a Sete Brasil. Em nota, o estaleiro informou que "A Sete Brasil tem
atuado prioritariamente, e em várias frentes, para a contratação de
linhas de crédito de longo prazo que possibilitem o avanço do projeto
por hora em andamento. A empresa espera, dessa forma, que a retomada dos
níveis de produção da indústria naval brasileira ocorra no menor prazo
possível."
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