Entre
2003 e 2014, o montante autorizado no orçamento federal e nos orçamentos
das estatais controladas pela União para investimento em rodovias,
ferrovias, portos e aeroportos somou R$ 206,7 bilhões. Mas apenas R$ 135
bilhões foram executados. Consideram-se realizados aqueles
investimentos que estão sob as rubricas “pagos” e “restos a pagar
pagos”. Ou seja, aquilo que foi pago no ano previsto e as sobras que
foram executadas nos anos seguintes devido a atrasos.
As perspectivas para 2015 e 2016 não são animadoras, de acordo com o estudo. Além da
dificuldade de execução orçamentária, o país enfrenta um cenário de
ajuste fiscal, que tende a se refletir em corte de investimentos. Nas
projeções do especialista em infraestrutura do Ipea, Carlos Campos Neto,
autor do levantamento, os investimentos públicos em transporte devem
ficar em R$ 11,6 bilhões em 2015 e R$ 12,10 bilhões em 2016, abaixo do
patamar dos últimos três anos.
Entre os problemas que explicam a baixa execução de investimentos
estão desde a má qualidade dos projetos e a politização dos órgãos
executores até a burocracia imposta pela lei de licitações (Lei 8.666) e
a demora na liberação de licenças ambientais. Há ainda a falta de
estrutura da máquina pública, que não se modernizou após 20 anos de
investimento público praticamente nulo em logística.
"O que os números mostram é que o baixo investimento em
infraestrutura não ocorreu por falta de dinheiro. O que houve foi uma
ineficiência da gestão pública dos recursos", explicou Campos Neto. Entre os quatro modais, o portuário foi o que apresentou pior
desempenho: 46,39% de execução orçamentária no período. Os setores
rodoviário e ferroviário executaram 69% e o aeroportuário, 59%.
"As companhias Docas são dominadas por interesses políticos. Têm
dívidas trabalhistas que acabam sequestrando recursos e ainda
enfrentaram um congelamento de tarifas no passado recente", criticou
Claudio Frischtak , da Inter.B. A Secretaria de Portos, à qual estão ligadas as companhias Docas,
informou que está modernizando a gestão dos terminais, adotando “boas
práticas recomendadas pelo Instituto Brasileiro de Governança
Corporativa” e que atrelou parte da remuneração da diretoria ao
cumprimento de metas, na tentativa de melhorar o desempenho do segmento.
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