O estaleiro Enseada, do consórcio
Odebrecht, UTC, OAS e Kawasaki, vai reestruturar, pelo menos, R$ 700
milhões em dívidas com fornecedores. Em dificuldades financeiras, o grupo precisa reduzir o valor dos contratos de compra de
equipamentos e obter mais prazo para pagar.
O estaleiro deve contratar até o fim do mês uma consultoria de
reestruturação de empresas. Três consultorias estariam no páreo. O
objetivo é obter ajuda especializada, mas, por enquanto, não está nos
planos um pedido de recuperação judicial. O estaleiro tem R$ 1,1 bilhão a
receber da Sete Brasil, o que seria suficiente para cobrir os débitos.
As
dívidas bancárias, por enquanto, não serão incluídas na reestruturação.
A maior parte —R$ 950 milhões— é um empréstimo do Fundo da Marinha
Mercante, com 20 anos para pagar. As dívidas de curto prazo somam R$ 100
milhões.
Apesar de já ter concluído 82% das obras da unidade de
Paraguaçu, na Bahia, o Enseada foi obrigado a paralisar boa parte de
suas atividades e demitir 8.000 funcionários. Apenas os trabalhos na
unidade de Inhaúma, no Rio, continuam. A crise da empresa começou
depois que a Sete Brasil parou de pagar aos estaleiros que contratou
para construir 21 sondas, que seriam alugadas para a Petrobras explorar
as megarreservas do pré-sal.
A maioria dos estaleiros, incluindo o
Enseada, e a própria Sete surgiram para aproveitar uma política do
governo Lula de fomento à indústria naval, que exige mais conteúdo local
da Petrobras em seus equipamentos. O projeto bilionário da Sete
Brasil começou a fazer água depois do escândalo de corrupção na
Petrobras revelado pela Operação Lava Jato. Na Sete, altos funcionários
foram acusados de cobrar propina dos estaleiros para obter os contratos.
Os
três sócios nacionais do Enseada —Odebrecht, UTC e OAS— tiveram seus
executivos presos pelo juiz Sérgio Moro. Marcelo Odebrecht, dono da
Odebrecht, continua na cadeia em Curitiba. O escândalo da Lava
Jato piorou a situação do estaleiro Enseada, travando o crédito. Banco
do Brasil e Caixa –que repassam os recursos do Fundo da Marinha
Mercante— não liberaram a segunda parcela prevista de recursos, cerca de
R$ 600 milhões
Como tentativa de se equilibrar, o
Enseada quer reduzir o contrato com a Sete Brasil de 6 para 4 sondas.
Para isso, é preciso diminuir os contratos dos fornecedores. Sócio
mais envolvido com o Enseada, a Odebrecht também tenta convencer as
empresas japonesas, que já estão no estaleiro, a participar ainda mais
do negócio. A ideia é que os japoneses comprem a fatia da Sete Brasil nessas sondas, alugando diretamente para a Petrobras.
A
Odebrecht tem interesse especial no negócio, porque, além de participar
do estaleiro, é operadora e sócia da Sete nas sondas, com uma
participação minoritária. Os japoneses, no entanto, querem que a Petrobras dê o aval para a revisão do projeto da Sete, o que até agora não aconteceu.
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