A VLI,
operadora de serviços logísticos que tem a Vale como principal acionista, está
negociando a compra do terminal de grãos da CGG Trading no porto de Itaqui, no
Maranhão. A empresa está em fase de "due diligence" para a conclusão
do negócio. Um grupo de executivos da VLI, acompanhado pelo CFO Luiz Conrado
Sundfeld e outros diretores da CGG, fizeram na semana passada uma averiguação
in loco do ativo.
A venda é uma decisão estratégica
para a sobrevivência financeira da trading, que tem o grupo japonês Sojitz como
acionista majoritário e também participação da Cantagalo, do empresário Josué
Gomes da Silva. Desde o ano passado, quando realizou uma reorientação dos
negócios, a empresa já não comercializa mais grãos. O terminal passou a só
prestar serviços para terceiros.
Considerado o melhor ativo da CGG, o
terminal graneleiro no Tegram foi oferecido como garantia a bancos para
reestruturação de dívidas da trading. Em 2016, último resultado financeiro
divulgado pela empresa, a CGG apontou como "valor justo" para o
terminal US$ 161,3 milhões - US$ 77,7 milhões acima do valor contábil do ativo.
O preço, explicou à época ao Valor o CEO Brandon Scott, visava aproximar os
valores à realidade.
A VLI já era vista como a candidata
mais disposta a adquirir o ativo, uma vez que já opera um terminal privativo em
Ponta da Madeira, vizinho a Itaqui, e é arrendatária de um berço no porto
público maranhense, por onde escoa grãos. Também opera a ferrovia que desemboca
no porto.
Além disso, demais pretendentes, como
tradings, já estão comprometidos com outros investimentos logísticos e
enfrentam um momento difícil (agravado com o tabelamento do frete rodoviário),
o que diminuiu a atratividade de investimentos em infraestrutura de alto
capital.
De acordo com fontes a par do
assunto, o ABN Amro, um dos bancos com o mandato da venda do ativo, já
"não aceita nem mais oferecer o NDA [non disclosure agreement], pois já
tem acertado exclusividade de comprador". "Para a VLI, a aquisição do
terminal no porto seria interessante já que eles têm uma limitação de volume de
grãos a ser movimentado por ano no Maranhão", disse o executivo de uma
trading.
Inaugurado em 2015, o Tegram é o
primeiro terminal graneleiro no porto maranhense. Criado pelo consórcio formado
por CGG, Glencore, NovaAgri e ALZ (Amaggi/Louis Dreyfus/Zeh-noh), ele é uma
alternativa de escoamento de grãos para a região de Matopiba (Maranhão,
Tocantins, Piauí e oeste da Bahia). Cada empresa detém 25% no negócio.
A definição de um novo membro no
grupo é uma boa notícia para o Tegram, que se prepara para dar início à
implementação da segunda fase de operação do complexo, que permitirá dobrar a
capacidade de escoamento das recém-atingidas 5,4 milhões de toneladas para 10
milhões de toneladas de grãos por ano. Ainda que o valor a ser investido não
esteja definido, estima-se que cada consorciado pague em torno de R$ 60 milhões
para a expansão da infraestrutura do terminal.
"A CGG precisaria de uma carta
fiança de um banco para prosseguir com o investimento no terminal, e ninguém
parece disposto a isso", disse outra fonte.
Além do
terminal, a CGG colocou à venda no ano passado outros dois ativos: parte de uma
fazenda de 73 mil hectares na região de Brasnorte, em Mato Grosso, e de outra
propriedade de 35 mil hectares localizada no Piauí. Procuradas, CGG e VLI
preferiram não se manifestar.
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