O Porto
de Santos, no litoral de São Paulo, aumentou em 12 milhões de toneladas a
capacidade anual de operação de grãos e fertilizantes com a ampliação do
Terminal Integrador Portuário Luiz Antônio Mesquita (Tiplam). A instalação
concluiu a modernização avaliada em R$ 2,7 bilhões.
O terminal, que começou a operar em
1969, localiza-se em Cubatão e está às margens do Canal de Piaçaguera, na
extremidade do cais. Em 2014, quando as intervenções foram iniciadas, o
complexo poderia movimentar por ano até 2,6 milhões de toneladas de enxofre,
fertilizantes e rocha fosfática.
O investimento ocorreu para atender o
crescimento do agronegócio brasileiro, que bate recordes a cada safra. O
desenho original possibilitava que o terminal somente importasse produtos, mas
a estrutura foi desenvolvida para que a instalação exporte soja, milho e açúcar
ao mercado chinês.
O gerente geral do terminal,
Alessandro Gama, afirma que instalação tornou-se capaz de movimentar 14,5
milhões de toneladas de produtos anuais. Em 2017, segundo dados do Ministério
dos Transportes, Portos e Aviação Civil, alcançou a marca de 7,3 milhões de
toneladas de enxofre, amônia, açúcar, soja e milho.
A capacidade de armazenamento saltou
de 140 mil toneladas para até 640 mil toneladas com quatro novos armazéns
construídos. O embarque e desembarque de mercadorias no cais deixou de ocorrer
em somente um berço de atracação para navios, para poder acontecer
simultaneamente em até quatro berços.
Gama também explica que a
modernização foi planejada para driblar o panorama geral do Porto de Santos,
que enfrenta crises logísticas por explorar o modal ferroviário na maior parte
das operações (70%) e os conflitos com a poluição atmosférica pela movimentação
dos grãos.
"Retiramos 1.500 caminhões das
estradas ao decidir operar somente com trens para consolidar o corredor
Centro-Sudeste de exportação. O resultado do agronegócio chega ao Tiplam em
composições". A empresa construiu uma estrutura ferroviária para
descarregar 80 vagões em tempo médio aproximado de quatro horas.
A poluição atmosférica, alvo de
reclamações de moradores que vivem próximo a outros terminais de grãos no
bairro Ponta da Praia, em Santos, foi solucionada pela instalação de esteiras
com sistema de confinamento. "Você passa o dia no terminal sem ver uma
nuvem de fumaça ocasionada pela movimentação", garante.
A conclusão da primeira etapa das
obras de retirada de sedimentos no Canal de Piaçaguera possibilitou que a
profundidade do trecho superasse os 13,5 metros. O objetivo é alcançar os 14,5
até 2019 para que a via navegável possa se igualar aos parâmetros atualmente
adotados pelo Canal do Estuário, o acesso ao porto.
A empresa optou por fazer uma obra
inédita no canal, uma vez que os sedimentos ali encontrados tinham alto grau de
contaminação decorrente o início da exploração do Polo Industrial de Cubatão.
Ativistas ligados à proteção ambiental realizaram protestos e conseguiram até
barrar temporariamente a dragagem.
Parte do material dragado permaneceu
no fundo do Canal de Piaçaguera ao ser depositado em um buraco (cava submarina)
de 25 metros de profundidade escavado no Largo do Casqueiro. Os sedimentos não
poderiam ser liberados em mar aberto, como ocorre em obras em outras partes do
porto, em razão da contaminação.
"O sedimento, na verdade,
permanece confinado, em uma área fora da navegação, mas dentro do mesmo
ambiente, que um dia foi impactado. Temos a garantia os órgãos ambientais que o
que está sendo feito é seguro e não coloca em risco o meio ambiente. Pelo
contrário, ajuda até mesmo a regenerá-lo", garante Gama.
A Companhia Ambiental do Estado de
São Paulo (Cetesb), responsável pelo licenciamento e acompanhamento do processo
de aprofundamento no trecho diz que tudo ocorre de acordo com as normas. O
Ministério Público Estadual e a Procuradoria monitoram a dragagem e relatórios
produzidos por técnicos são analisados periodicamente.
O quarto berço de atracação, que
também foi alvo de aprofundamento, recebeu homologação da Marinha do Brasil
para a nova profundidade em março. "Somos agora capazes de receber navios
com maior capacidade para justamente oferecer fluxo na exportação do
agronegócio brasileiro", pontua Alessandro Gama.
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