terça-feira, 25 de setembro de 2018

Alta temporada do transporte internacional prejudica importações para o Brasil


          A alta temporada do transporte internacional ― em especial para cargas importadas da China ― já começou a “engarrafar” as importações para o Brasil.  Historicamente, o período em que ocorre maior procura por espaços nos navios no transporte marítimo entre Ásia e Brasil inicia entre maio e junho e se estende até setembro na chamada peak season. A taxa de ocupação dos navios, que gira em torno de 70% a 80k% em períodos de baixa temporada, pode chegar a 120%, ocasionando o overbooking no setor marítimo.
          Dados do anuário estatístico da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) apontam que os cinco principais destinos das exportações brasileiras, em 2017, pela ordem, foram China, Holanda, Malásia, Japão e Estados Unidos. Já na importação, os destaques do ano passado foram Estados Unidos, China, Argentina, Colômbia e Austrália. Para não ficar com cargas em terra, importadores e exportadores precisam elaborar um planejamento sólido e antecipar as compras, evitando perdas e complicações com relação ao recebimento das mercadorias. Quando não conseguem espaço nos navios ou aeronaves, as empresas precisam esperar um novo agendamento para embarque de sua mercadoria.
          De acordo com Maiara Cordova, coordenadora de produto de importação marítima da Allog, para assegurar a importação, é fundamental ter uma programação de volume (semanal, quinzenal ou mensal) para que o agente de carga possa alinhar com o mercado o volume a ser embarcado e adequar à alocação. “Essa programação não precisa ter 100% de exatidão, mas ser coerente com a realidade para que se desenhem alternativas com fornecedores e rotas para atender a demanda do cliente”, pontua.
          A melhor alternativa é trabalhar com flexibilidade de armadores. Dessa forma, se a opção escolhida inicialmente for negada, já existe uma aprovação prévia do importador para que faça a operação com outra companhia. Para os armadores, além do crescimento da demanda, o problema no Brasil é mais grave do que em outras partes do mundo por conta dos gargalos de infraestrutura portuária e das greves sequenciais, que elevam o tempo de espera de navios e provocam cancelamento de escalas.
          No transporte aéreo, a peak season pode ser medida quando a capacidade operacional de escoamento de cargas fica insuficiente nas companhias aéreas ou aeroportos. Neste caso, também há épocas do ano em que já se espera esse aumento repentino, como o Ano Novo chinês, a proximidade do final do ano, lançamentos mundiais de alguns produtos e eventos esportivos.
          A exemplo do que ocorre no modal marítimo, planejamento é a melhor maneira de driblar a peak season no transporte aéreo. “Também é recomendado optar por serviços estratégicos, onde há menor concentração de passageiros e cargas. Além disto, ainda é importante estudar o histórico das companhias aéreas que mais sofrem com peak season e utilizar outras”, destaca Silvano dos Santos, coordenador de transporte aéreo da Allog.
          Entre as diferentes estratégias para driblar a alta temporada no transporte está a priorização de remessas de frete de pico, transportando primeiro produtos específicos que precisam de mais rapidez do que outras mercadorias. É importante tratar esse período com uma previsão clara de como será a temporada de vendas no varejo, usando dados de anos anteriores para prever vendas e avaliar as tendências do setor.
          O principal indicativo de peak season é um aumento nos preços de frete. Nessa época, a taxa de ocupação dos navios pode chegar a 120%, ocasionando o overbooking das cargas. O motivo maior é a demanda, em especial, a proximidade do final de ano. Como a relação entre carga e espaço fica desequilibrada, com mais carga do que espaço, os armadores falam em overbooking médio de 20%. A peak season não é um fator específico de cargas de importação da Ásia. O continente europeu também sofre com períodos de falta de espaço, como o que antecede as férias de verão na Europa. (Fonte: Informativo dos Portos)

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