As exportações de calçados
caíram pelo quarto mês consecutivo. Em agosto, conforme dados elaborados pela
Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), foram
embarcados para o exterior 8,8 milhões de pares por US$ 82,9 milhões, quedas de
7,3% em volume e de 9,2% em receita no comparativo com o mesmo mês do ano
passado. Com isso, no acumulado dos oito primeiros meses de 2018, os
calçadistas somaram 69 milhões de pares exportados, que geraram US$ 628,3
milhões, quedas de 10,3% e de 10,2% no comparativo com igual ínterim de 2017.
O presidente-executivo da Abicalçados, Heitor Klein, destaca que, apesar do
dólar valorizado ante o real, o que tornaria o produto brasileiro mais
competitivo no exterior, existe uma desvalorização generalizada das moedas dos
principais clientes internacionais frente à moeda norte-americana, o que anula
o efeito positivo que o fato poderia ter nos embarques. A Argentina é um caso.
Principal comprador dos calçados verde-amarelos no exterior, o país, que passa
por momentos turbulentos na economia, viu sua moeda perder 50% do valor ante o
dólar em 2018. “O fato encarece o nosso produto, em dólar, anulando qualquer
efeito positivo”, esclarece Klein.
Para o executivo, como já foram embarcadas as coleções de primavera-verão, que
são as mais relevantes em termos de volume, dificilmente haverá uma recuperação
nas exportações nos próximos meses. “Se tivermos algum incremento, ele virá nos
meses de novembro e dezembro, quando iniciam os embarques dos calçados de
outono-inverno”, projeta Klein.
Nos primeiros oito meses do ano, a Argentina seguiu encabeçando o ranking de
principais compradores do calçado brasileiro. No mês passado, após dois meses
de altas, as exportações de calçados brasileiros para o país vizinho caíram
14%, em volume. Entraram na Argentina 1,8 milhão de pares que geraram US$ 15,43
milhões. Em receita, porém, houve uma evolução de 16% ante o mesmo mês de 2017,
o que aponta para um ajuste no preço.
“A crise argentina vem afetando as
exportações brasileiras, não somente da indústria de calçados. É um problema
generalizado”, comenta Klein. Recente documento divulgado pelo Santander aponta
que a recessão do país vizinho pode ter um impacto negativo de 0,2% no PIB
brasileiro. Por outro lado, na soma dos oito meses, as exportações seguem
positivas para o país vizinho. No período, os hermanos compraram 8,2 milhões de
pares por US$ 103,3 milhões, incrementos de 23,2% e de 10,4% em relação ao
intervalo correspondente de 2017.
O segundo destino segue sendo os Estados Unidos, que no mês passado importaram
634,2 mil pares por US$ 14,8 milhões, altas de 9,3% e de 13,4% no comparativo
com o mesmo período de 2017. Com isso, os norte-americanos somaram a compra de
6 milhões de pares, pelos quais foram pagos US$ 100,3 milhões, quedas de
11,6% e de 19,5% em relação aos oito primeiros meses do ano passado.
No balanço, a França continua no terceiro posto entre os destinos do calçado
brasileiro no exterior. Em agosto, foram embarcados para lá 297 mil pares, que
geraram US$ 4,2 milhões, quedas de 41,6% e de 20,5% em relação ao mês oito do
ano passado. Com isso, os franceses acumularam, nos oito meses, a compra
de 4 milhões de pares por US$ 40 milhões, altas de 19,6% e de 5,3% no
comparativo período correspondente de 2017.
Respondendo para quase 47% do total gerado com exportações de calçados no País,
o Rio Grande do Sul somou, nos oito primeiros meses, 18 milhões de pares
embarcados, o que gerou US$ 293,5 milhões, quedas de 1% e de 2,3% no
comparativo com mesmo período do ano passado.
O segundo estado exportador do período foi o Ceará, de onde partiram 25,75
milhões de pares, que geraram US$ 149 milhões, quedas de 10,4% e de 11,2% ante
o mesmo ínterim de 2017.
Também amargando queda nos embarques, São Paulo foi o terceiro maior exportador
de calçados do período. Nos oito meses de 2018, os paulistas enviaram ao
exterior 4,57 milhões de pares que geraram US$ 68,54 milhões, quedas de 13,2% e
de 12,8% no comparativo com período correspondente do ano passado.
Pelo quinto mês consecutivo, houve um incremento na entrada de calçados
estrangeiros no Brasil. No mês passado, as altas foram de 19,2% em volume (para
2,2 milhões de pares) e de 7,5% em receita (para US$ 32,7 milhões). No
acumulado dos oito meses, as importações já chegaram a 19,75 milhões de pares e
US$ 247 milhões, aumentos de 18,8% e de 7,5% em relação ao mesmo período de
2017.
Nos oito meses de 2018, as principais origens do calçado importado seguiram
sendo os países asiáticos. Vietnã, Indonésia e China respondem por quase 85%
dos valores despendidos ao exterior no período. O Vietnã segue no topo do
ranking, tendo exportado para o Brasil 8,5 milhões de pares por US$ 138,68
milhões, altas de 18% e de 8,8% em relação ao mesmo ínterim do ano passado. O
país é seguido por Indonésia (que remeteu ao Brasil 2,6 milhões de pares por
US$ 43 milhões, quedas de 2% e de 3,7% no mesmo comparativo) e China (6,55
milhões de pares por US$ 27 milhões, incrementos de 40,8% e de 26,8%).
Em partes de calçados – cabedais, solas, saltos, solas, palmilhas etc. – as
importações dos oito meses também registraram incremento, chegando a US$ 13,46
milhões, 49% mais do que no mesmo período do ano passado. As principais origens
foram Vietnã, China e Paraguai.
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