O
presidente do EAS, Harro Burmann, revelou que financiamento privado deverá ser
o caminho para as futuras encomendas do EAS (Estaleiro Atlântico Sul), em
Ipojuca, Pernambuco. Com risco de fechar as portas em junho do próximo ano, a
empresa assinou dois memorandos de entendimento que podem propiciar uma
sobrevida de mais dois anos à empresa.
Segundo o executivo, um dos
memorandos foi firmado com a Aliança Navegação e Logística, do Grupo Maersk,
para construção de dois de navios de contêineres. A outra empresa com a qual o
EAS fez acordo não é revelada por Burmann "por questões contratuais".
Ele adiantou, no entanto, que se trata de uma companhia nacional interessada em
encomendar de dois navios de cabotagem.
Para vingarem, os negócios dependem
de uma engenharia financeira que envolve um aporte do Fundo da Marinha Mercante
(FMM) na Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias (ABGF),
vinculada ao Ministério do Planejamento. A fonte de recursos para esse aporte
está em discussão, pois o Fundo da Marinha Mercante não possui autorização
legal para disponibilizar recursos para o Fundo Garantidor de Infraestrutura
(FGIE) - que pertence à agência -, disse o Ministério dos Transportes, Portos e
Aviação Civil.
A agência entraria como garantidora
de um financiamento de curto prazo a ser concedido pelo banco Credit Suisse ao
EAS para que a empresa tivesse fôlego para construção dos quatro navios. Ao fim
do ano passado, o EAS tinha dívida de R$ 1,9 bilhão, da qual mais de R$ 500
milhões com vencimento no curto prazo. O caixa era de 103,5 milhões.
A ABGF avalia a possibilidade de
oferecer garantias a empréstimos a serem obtidos para fabricação de navios no
país. De acordo com o Burman, a agência poderá garantir entre 50% e 80% do
empréstimo. O restante ficaria a cargo dos acionistas do EAS, os grupos Queirós
Galvão e Camargo Correia, ambos em reestruturação financeira. Os sócios do EAS
avaliam a venda da empresa e estão em conversas com gestoras de investimento e
empresas do ramo. Burman não comenta o tema.
A definição sobre a encomenda dos
quatro novos navios deverá ocorrer até novembro, segundo o memorando de
entendimento. Para Burman, o financiamento privado deverá ser o caminho para as
futuras encomendas de navios mais baratos, como os de contêineres e de
cabotagem. No entanto, as encomendas de navios mais caros, como os petroleiros,
na avaliação do executivo, ainda dependem de financiamento do Bndes.
De acordo com Burman, o Bndes não tem
financiado as encomendas de navios com a justificativa de que as empresas não
tem contrato de demanda com a Petrobras. Neste cenário, o EAS entrou
recentemente em conversas como Banco do Nordeste (BNB) para tentar destravar
crédito para o setor.
O
executivo afirmou que ainda tem esperanças de que a Satco retome o plano de
encomendar cinco navios petroleiros ao EAS para atender a Petrobras. O negócio,
anunciado em 2016, até agora não foi adiante.
A encomenda de quatro navios poderia
garantir o funcionamento do EAS por mais 24 meses, estima Burman. No momento, a
única encomenda que a empresa tem é a de mais três navios da série Aframax, que
só garantem as suas operações até meados do próximo ano. De 2005 para cá, o EAS
entregou 12 navios, com grandes avanços na área operacional. O primeiro navio
da companhia foi fabricado em um prazo de 43 meses enquanto o mais recente
ficou pronto em 18.
O EAS acumula perda de R$ 1,38
bilhão. Somente no ano passado, o EAS teve um prejuízo de R$ 466 milhões, mais
de sete vezes a perda do ano anterior. O resultado foi negativamente afetado
por uma provisão de quase R$ 400 milhões para desvalorização dos ativos
(impairment). A receita líquida subiu 37%, na mesma comparação, para R$ 918
milhões.
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