segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Guerra comercial entre EUA e Turquia traz consequências para o transporte marítimo


          A debilidade da economia turca e a conseqüente depreciação da lira estão incrementando o valor das importações do país. Desde o começo do segundo trimestre, a moeda nacional se depreciou em mais de 50% frente ao dólar norte-americano. A Turquia também enfrenta uma disputa comercial com os Estados Unidos, provocando respingos no comércio exterior do país europeu/asiático e na indústria da navegação.
          A consultora Drewry entende que existem diferenciais profundos para o setor de transporte marítimo, principalmente em relação aos grandes sólidos. A Turquia permanece ativa em mercados como os de coque, cimento, cereais e mineral de ferro. A maioria desses produtos são largamente importados da Tuquia para os Estados Unidos, e a redução dos negócios está causando danos à economia turca.
          Em que pese os EUA ser um dos principais destinos das exportações turcas, é provável que o país encontre compradores alternativos na Europa, Oriente Médio e África. Além disso, é pouco possível que um ligeiro avanço no câmbio do padrão de comércio desses itens produza uma mudança significativa nos embarques na Turquia.
          Ao mesmo tempo, a produção turca depende das importações de mineral de ferro, que no ano passado somaram mais de 31 milhões de toneladas. Ainda que o custo da produção cresceu com a depreciação da lira, é provável que o impacto nas importações de mineral de ferro seja mínimo, já que a debilidade da moeda também fará com que a exportação de produtos minerais como um todo seja competitivo no mercado internacional.
          Além disso, não é provável que o recente aumento no preço do carvão norte-americano por parte da Turquia afete o comércio em nível global, já que o país importa somente 6% de suas compras externas do produto dos EUA. As importações pode facilmente passar a ser originadas do Canadá e da Austrália, outros grandes fornecedores globais.
          A curto prazo, o comércio de GLP da Turquia igualmente poderá ser afetado pela atual crise econômica do país, considerando a importância do item no setor de energia nacional. Entretanto, a crise econômica continua por um período prolongado, eventualmente reduzindo a demanda do setor automotriz. A Turquia representa cerca de 4% do comércio global de GLP e, para tanto, o impacto global de qualquer desaceleração nas importações do gás do país no mercado mundial será modesto..
         A Turquia também depende em grande medida de gás natural importado já que não tem reservas nacionais de GNL e a expectativa é de que a demanda siga aumentando dentro do planejamento de incrementar energia limpa. Os Estados Unidos representam uma parte pequena das importações turcas e existe provedores alternativos de gás natural líquido tipo Argélia, Nigéria e Qatar.
           A Drewry considera que a atual crise monetária e a tensão entre Turquia e EUA não terá impacto nos planos de expansão da capacidade de regasificação turca. Não há atrasos no projeto da Trans-Anatolian Natural Gas Pipeline (Tanap), que começará a transportar gás desde o Azerbaijão até a Turquia e outros importantes importadores europeus para o início de 2019.
            Atualmente, a Turquia tem uma capacidade de regasificação de 14 mtpa e planeja expandir ainda mais, já que isto ajudará a diversificar as fontes de importação. Dois novos FSRU, em Hatay, no sul do país e em Saris Bay, no noroeste estarão operando a partir de 2020.

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