segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Exportações de gado vivo pelo terminal de São Sebastião dobram em dois anos


           As exportações de gado vivo dobraram no período de dois anos no porto de São Sebastião, no litoral norte paulista. As operações representaram um importante mercado para os pecuaristas brasileiros, mesmo sofrendo críticas de entidades de proteção animal.
           Segundo dados da Companhia Docas de São Sebastião, em 2016 foram  embarcadas 46 mil cabeças de gado no porto, subindo para 51 mil, em 2017, e já alcançou, 92.388 cabeças de gado somente nos sete primeiros meses deste ano.
          O total inclusive já é maior que esse, pois no último dia 12 5.400 bois vivos embarcados no navio Queensland, em operação acompanhada.
          O Brasil é o segundo maior exportador de gado vivo, atrás da Austrália, num mercado que também tem como fortes concorrentes EUA e México.
         Os portos paulistas de Santos e São Sebastiçai representaram 18% das exportações de bois vivos do país em 2017, sendo 6,6% em Santos. Além deles, o país exporta o chamado gado em pé principalmente por meio dos portos de Barcarena (PA) e Rio Grande (RS). Barcarena transportou 267 mil bois vivos em navios no ano passado, mais de 60% do total do país.
          Para os pecuaristas, a exportação de animais vivos é até 35% mais vantajosa em relação à comercialização do gado no mercado interno. O principal destino é a Turquia. Com o crescimento das operações, na mesma proporção aumentaram as críticas de vizinhos do porto no litoral norte em relação ao mau cheiro com a presença do gado no local, além do rastro de urina e esterco.
          Entre a chegada dos primeiros animais e o embarque dos últimos, a operação pode levar mais de 24 horas. Além disso, há as campanhas de ativistas que qualificam a prática como geradora de maus-tratos e pedem o fim ou a modificação das operações. Os pecuaristas negam haver problemas e dizem que todas as práticas de bem-estar são seguidas, assim como normas do Ministério da Agricultura.
          Por causa do cheiro, o empresário Valdner Bertotti, vice-presidente da Abreav (Associação Brasileira dos Exportadores de Animais Vivos) e dono da VB Agrologística, que atua no porto, instalou um sistema que tem como objetivo “raptar” odores, ao captar partículas de amônia e liberar uma essência no ar.
          “Ele tem um grande alcance, chega até a zona residencial. Com isso, acreditamos que reduzimos as reclamações”, afirmou. A Abreav alega ainda que, além de a atividade ser toda regulamentada, o setor gera 17 mil empregos direto.
          Para poder exportar, o pecuarista tem de ter um EPE (Estabelecimento Pré-Embarque). São Paulo tem 11 deles e o país, 42. Um deles é o do pecuarista Diogo Castilho, de Sales (a 444 km de São Paulo), de onde partiram os animais para o embarque seguido pela Folha.
          Num período de 24 horas, 98 caminhões saíram da propriedade rural com os animais rumo ao porto. No caso dele, eram bois com peso entre 260 quilos e 280 quilos, que passarão por processo de engorda para serem abatidos quando atingirem ao menos 550 quilos na Turquia. Mas há, também, casos em que os bois, já engordados, são abatidos assim que chegam ao país de destino.
          O porto, segundo a Companhia Docas, é responsável por oferecer a infraestrutura, enquanto as operações de embarque são de responsabilidade das empresas de logística que atuam no local.

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