quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Entrada de empresas no país cai pelo sétimo ano consecutivo, diz IBGE


          A taxa de entrada de empresas vem caindo no país há sete anos consecutivos, chegando em 2016 a uma retração de 14,5%, o menor valor da série histórica iniciada em 2008. É o que revela a pesquisa Demografia das Empresas e Estatísticas de Empreendedorismo 2016, que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta quarta-feira (3), no Rio de Janeiro.
          Os dados indicam que, pelo terceiro ano seguido, o saldo no total de empresas ficou negativo em 2016, com queda de 1,6%, o equivalente a menos 70,8 mil empresas. Também o número de pessoal assalariado caiu 4,8%, o equivalente a 1,6 milhão de pessoas a menos. Foi a segunda queda seguida.
          Dados do Cadastro Central de Empresas (Cempre) indicam que, em 2016, o Brasil tinha 4,5 milhões de empresas ativas que ocupavam 38,5 milhões de pessoas. Deste total, 32 milhões, o equivalente a 83,1%, trabalhavam como assalariadas e 6,5 milhões (16,9%) como sócias ou proprietárias.
          O estudo mostra, ainda, que os salários e outras remunerações pagos por entidades empresariais somaram, em 2016, R$ 1 trilhão, com um salário médio mensal de R$ 2.328,03, o equivalente a 2,6 salários mínimos mensais médios.
          O Cempre cobre o universo das organizações inscritas no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ, da Secretaria da Receita Federal - que, no ano de referência, declararam informações às pesquisas estruturais por empresa do IBGE e/ou aos registros administrativos do Ministério do Trabalho.
          Apesar do número expressivo de empresas ativas no país, a relação da taxa de entrada e saída de empresas vem caindo. De 2015 para 2016, a taxa de entrada das empresas foi de 14,5%, o equivalente a 648,5 mil, enquanto a taxa de saída atingiu 711,9 mil empresas (16,1%).
          A pesquisadora do IBGE Katia Carvalho disse que, embora a taxa de saída de empresas até então ativas em 2016 não seja a maior da série histórica iniciada em 2008, as saídas vêm acontecendo sistematicamente. “O que a gente tem observado nestes últimos anos, com relação a taxas de entrada e saída, é que há vários anos a taxa de empresas entrando no mercado é inferior ao número de empresas ativas que deixam de existir. Ou seja, a gente nota a quantidade de empresas ativas caindo desde 2013, acompanhada também do total de pessoal ocupado, que tem sofrido queda, principalmente entre 2015 e 2016”, ponderou.
          A exceção nesse cenário de queda, segundo a pesquisadora, se deu na atividade do comércio, que apresentou tanto os maiores ganhos como as maiores perdas em pessoal ocupado assalariado provenientes dos movimentos de entrada e saída de empresas em 2016. A atividade revelou, contudo, ganho absoluto no pessoal ocupado assalariado, com um saldo positivo de 81,1 mil pessoas.
          Além disso, 30,7% dos novos empregos foram criados nessa atividade, que concentrou 227,3 mil das 739,38 mil ocupações assalariadas geradas pelas empresas que entraram em atividade em 2016. O comércio é a atividade com o maior número de empresas ativas (1,9 milhão).
          “Por atividade, a gente observa o comércio como o maior gerador de empregos, assim como de empresas, tanto entrando como saindo. Mas, ainda assim, o saldo líquido é positivo do ponto de vista de pessoal”, disse a pesquisadora.
          Em 2016, as 4,5 milhões de empresas ativas tinham 4,9 milhões de unidades locais (filiais), das quais 50,1% situadas na Região Sudeste; 22,5% no Sul; 15,4% no Nordeste; 8,2% no Centro-Oeste e 3,7% na Região Norte.
          Em relação ao empreendedorismo, em 2016 havia 20.998 empresas de alto crescimento, que ocupavam 2,7 milhões de assalariados. As companhias de alto crescimento são aquelas que aumentaram o número de empregados pelo menos 20% ao ano, em média, por três anos consecutivos, e tinham 10 ou mais   assalariados no ano inicial de observação.
          Em 2016, existiam no Brasil 20.998 empresas de alto crescimento ocupando 2,7 milhões de pessoas, que receberam R$ 70,7 bilhões em salários e remuneração média mensal de três salários mínimos. Essas empresas representaram 0,5% das companhias ativas, 0,9% das empresas com pessoas ocupadas assalariadas e 4,6% das empresas com 10 ou mais pessoas ocupadas. Elas foram responsáveis pela absorção de 8,3% das pessoas assalariadas e pelo pagamento de 7,1% dos salários e outras remunerações no universo das empresas.
          Em relação ao ano anterior, houve uma redução de 18,6% no número de companhias de alto crescimento, de 23,6% no pessoal ocupado assalariado e de 21,8% nos salários e outras remunerações pagos em valores nominais. Foram reduções ainda mais expressivas do que as de 2015 em relação a 2014, quando houve decréscimos de 17,4% no total de empresas, 21,6% no pessoal assalariado e 12,5% nos salários e outras remunerações.
          As 20.998 empresas de alto crescimento em 2016 representam o menor número da série iniciada em 2008, que teve seu valor mais elevado em 2012, com 35.206 companhias, o que significa uma diferença de 67,7%.

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