quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Exportações brasileiras crescem e desafiam onda protecionista


          O governo brasileiro estima que 2018 terminará com as exportações em um patamar elevado e entre os resultados mais expressivos nos últimos 30 anos, desafiando a onda protecionista no mundo. Para a Secretaria de Comércio Exterior, um dos cenários mais prováveis é de que o resultado do ano esteja perto de US$ 240 bilhões, uma expansão de cerca de 10% em comparação a 2017. 
          Até hoje, o governo registrou taxas acima de US$ 240 bilhões em três anos. Isso ocorreu em 2013, 2012 e 2011, quando o recorde foi atingido com vendas de US$ 255 bilhões e no auge do boom dos preços agrícolas. 
          No ano passado, as exportações tinham somado US$ 217 bilhões e a previsão é de que a expansão fique em cerca de 10% para 2018.  Até a terceira semana de outubro, o valor já chegou a US$ 194 bilhões. 
          Abrão Miguel Árabe Neto, secretário de Comércio Exterior, destaca que os resultados positivos vêm tanto da alta nos preços de commodities como no incremento dos volumes vendidos pelo Brasil. Segundo ele, as exportações de soja, minérios de ferro e petróleo bateram marcas inéditas. 
          Outro fator que pesou foi a decisão de empresas de dar maior atenção ao comércio exterior diante das dificuldades ainda encontradas no mercado doméstico brasileiro. Ajudou ainda a entrada em vigor de acordos comerciais com o Egito e no setor automotivo com a Colômbia. 
          Para o secretário, porém, alguns determinados setores ainda tiveram ganhos específicos diante da guerra comercial travada entre americanos e chineses, ainda que ele alerte que tal cenário não é positivo para as exportações nacionais no longo prazo. 
          "A guerra comercial tem alterado fluxos, como é o caso da soja", disse, destacando que a soja no mercado chinês acabou sendo favorecida. Segundo ele, em produtos específicos, os ganhos podem ser registrados com as retaliações mútuas entre americanos e chineses. 
          "Mas, para o Brasil, é importante ter um comércio internacional previsível, com segurança jurídica", defendeu. "No longo prazo, o resultado é negativo", alertou, apontando como instituições internacionais estão revendo para baixo as expectativas de crescimento do PIB e de comércio. 
          "Temos tido alguns ganhos setoriais. Mas, no acumulado, ela é negativa", alertou. Segundo o secretário, existem ainda mais pelo menos dois riscos diante da guerra comercial. O primeiro deles seria um eventual desvio dos produtos americanos e chineses para mercados como o do Brasil. Outro fenômeno seria uma maior concorrência entre os produtos brasileiros e chineses em terceiros mercados. 
          O embaixador Roberto Jaguaribe, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, também aponta para a mesma previsão de crescimento das exportações. "Vamos ter um crescimento importante nas exportações e um saldo comercial importante", disse. "Pode chegar a US$ 240 bilhões", avaliou, fazendo um cálculo a partir do que já era o resultado até setembro. "Minha impressão é de que pode ser perto disso", disse.
          Mas se a exportação aumentou em 10% ao longo do ano, as importações sofreram um salto ainda maior, de mais de 20,8%. Até a terceira semana de outubro, as compras do mercado nacional chagaram a US$ 145 bilhões. 
          De acordo com o secretário, a balança comercial continua superavitária em US$ 48 bilhões, mas é 14% aos volumes de 2017. Sua expectativa é de que o ano termine com um saldo positivo de US$ 50 bilhões, o segundo melhor desde 1989. 
          No ano passado, a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 67 bilhões, o maior volume em 29 anos. No ano anterior, em 2016, a balança também registrou superávit, mas menor: US$ 47,68 bilhões.
          "Se analisarmos o perfil da balança, obviamente ele está muito melhor que no ano passado", defendeu. "Houve um crescimento nos dois fluxos de comércio e isso significa que o comércio está movendo mais a economia, gerando empregos e renda. O saldo é consequência disso. Mas ainda assim é o segundo maior saldo desde 1989", completou. 

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