A reação
do mercado diante do resultado das eleições, com a vitória de Jair Bolsonaro na
corrida presidencial, foi positiva, afirmaram nesta segunda-feira (29)
especialistas. Para o coordenador do Centro Macro Brasil da Escola de Economia
da Fundação Getulio Vargas, Marcelo Kfoury, o mercado está vivendo uma espécie
de “lua de mel” com a ascensão de Bolsonaro.
Ele disse que o resultado não foi uma
surpresa, "tanto que o câmbio já vinha oscilando para baixo, em torno dos
US$ 3,60, e hoje chegou a empatar com a cotação da última sexta-feira". Em
relação à bolsa de valores os negócios ganharam um pouco mais de impulso
ancorados nesse "otimismo”.
O que surpreendeu, segundo o
economista, foi o resultado divulgado nesta segunda-feira (29), do Índice de
Confiança da Indústria (ICI), medido pelo Instituto Brasileiro de Economia
(Ibre) da FGV, que caiu em dois pontos, em outubro, passando para 94,1 pontos,
o mais baixo desde setembro de 2017 (93,4 pontos), na terceira queda seguida.
Kfoury acredita na reversão,
com a retomada do otimismo do setor e a possibilidade de crescimento do Produto
Interno Bruto (PIB) ainda no primeiro trimestre de 2019. Em sua análise, as
atenções estarão muito voltadas daqui para a frente para a estratégia a ser
usada pelo presidente eleito na obtenção de votos da maioria no Congresso
Nacional para a aprovação de medidas importantes e de anseio do mercado como as
reformas da previdência e do sistema tributário.
“Ele pode ter uma pegada mais
populista, atendendo interesses corporativos e usar a tática do toma lá da cá”,
disse o economista, demonstrando que todas as ações serão atentamente
acompanhadas pelo mercado. "Por enquanto, há boa expectativa de que se
prossiga na linha que já vinha sendo defendida pelo atual presidente. “Qualquer
divergência vai ser analisada na lupa.”
Para o economista da Tendências
Consultoria, Silvio Campos Neto, o mercado demonstra a expectativa de que será
mantida uma linha ortodoxa e mais liberal na condução da economia. “Uma linha
como a que já vinha sendo adota nos últimos dois ano e que favorece a
precificação dos ativos”, afirmou.
No entanto, o economista disse que há
um compasso de espera quanto à real capacidade de se colocar em prática as
medidas defendidas durante a campanha, bem como no discurso do futuro ministro
da economia, Paulo Guedes. Para Campos Neto, ainda pairam incertezas em torno
do apoio a ser conquistado pelo novo governo no Congresso Nacional com relação
às mudanças pretendidas, tendo comoprioridade a reforma da previdência social.
Outra missão assumida em campanha pelo presidente eleito, e que estará no radar
do mercado, de acordo com o economista, é a promessa de um ajuste fiscal,
visando reduzir o déficit público para que haja mais recursos destinados a
investimentos.
O economista justificou que, com base
na agenda econômica proposta, o mercado acenou positivamente neste dia primeiro
dia, após o resultado eleitoral, com a abertura dos negócios do Ibovespa em
alta. Por volta das 11h30, o índice operava com alta de 1,4%. Já o dólar,
iniciou o dia em queda, sendo comercializado a US$ 3,60. O valor da moeda
norte-americana, na opinião do economista, não deve baixar muito além disso, em
razão da falta de suporte no cenário econômico mundial.
Em nota, a Associação Paulista de Supermercados
(APAS) manifestou a expectativa de que o novo governo desenvolva uma política
alinhada a "fatores como geração de empregos, investimentos na qualidade
da educação, diminuição da máquina pública e simplificação tributária”. A
entidade defendeu ainda medidas que estimulem a livre concorrência, a
privatização e venda de propriedades imobiliárias da União bem como a
“manutenção do tripé macroeconômico vigente (câmbio flexível, meta de inflação
e meta fiscal); a criação de novo modelo de carteira de trabalho baseada em
vínculos empregatícios fixos ou contratos individuais; permissão legal para a
escolha entre sindicatos; redução de alíquotas de importação e de barreiras
não-tarifárias; simplificação de abertura e fechamento de empresas em até 30
dias; e estímulo à gestão do espaço rural pelos produtores”.
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