quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Saída de Joaquim Levy da Fazenda é dada como certa por integrantes do governo

         A saída de Joaquim Levy da Fazenda já é dada como certa por integrantes do governo e parlamentares, depois de mais uma derrota na definição da meta fiscal de 2016. A percepção na equipe do ministro é que ele aguarda apenas a votação de projetos que considera importantes, como medidas provisórias que aumentam receita e as peças orçamentárias para o próximo ano, e trabalha para que isso ocorra ainda neste ano.
         Em público, o ministro não confirma sua saída, mas também não nega. “Eu digo a verdade e repito o que eu digo. Quem quiser pode ajudar e quem me ajudar agradeço: continuo afastado do folhetim”, disse. E acrescentou: “O resto, I don't care (eu não me importo)”.
         Nos últimos dois dias, enquanto perdia a batalha da meta e o cenário que tanto alertou de rebaixamento da nota se concretizava, Levy intensificou as negociações com o Congresso Nacional. Quem acompanha a agenda do ministro relatou que ele encara como uma missão - que poderia ser a última - a aprovação das MPs e do orçamento de 2016. Um legado mínimo antes de passar o bastão.
         O ministro ligou para vários parlamentares para agradecer votações, como a do projeto de repatriação, e conversou pessoalmente com o presidente do Senado, Renan Calheiros, para pedir votação das medidas provisórias. Levy tem repetido como um mantra a importância de entrar 2016 com um orçamento “robusto” e amparado por receitas.
         “Já ‘saíram’ com o Levy no momento em que ele perdeu várias batalhas”, disse uma autoridade do governo. Ainda com Levy à frente da pasta, auxiliares próximos do ministro têm procurado novos postos de trabalho. Um de seus principais aliados, o secretário executivo Fabrício Dantas, já anunciou que deixará o posto. 
         A interlocutores, Levy lamentou o fato de o governo ter minimizado o risco de o Brasil perder o grau de investimento, o que acabou acontecendo. A decisão da Fitch de rebaixar a nota brasileira já era esperada pelo Ministério da Fazenda, que agiu rápido nesta quarta-feira, antecipando o nervosismo nos mercados.
         No início da manhã, técnicos da pasta foram avisados de que a nota seria rebaixada - as agências de rating comunicam primeiro o governo. Redigiram rapidamente uma nota e deixaram pronta para ser divulgada assim que a decisão da Fitch fosse comunicada. Levy também falou do assunto no Congresso Nacional.

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