segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Sistema portuário da Amazônia quer movimentar 67 milhões de toneladas de cargas nos próximos seis anos


         O setor portuário do Amazonas espera movimentar 67,3 milhões de toneladas de cargas até 2042. A previsão é um dos indicadores da segunda versão do Plano Nacional de Logística Portuária (PNLP). O quantitativo também incluiu movimentações do setor em Santarém, no Pará. O estudo foi divulgado pela Secretaria de Portos (SEP) na última terça-feira (22).
         O estudo objetiva a identificar o crescimento ou mesmo eventuais reduções na movimentação de cargas e as mudanças de tendências em cada cluster portuário brasileiro, que são os conjuntos de portos e terminais privados geograficamente próximos entre si.
         Segundo a SEP, foi utilizado como critério principal o custo logístico da matriz de transportes e para obtenção dos resultados algumas premissas foram adotadas: clusters portuários, tipos de navegação, projeção da demanda, natureza da carga e alocação de cargas.
          Os resultados divulgados pelo Plano em 2015 têm por referência o ano-base 2014 e compreendem projeções de demanda até o ano de 2042. A projeção de demanda alocada de cargas para o conjunto de portos e terminais situados no Amazonas-Santarém é de aumento de 128,9%, nos próximos 27 anos.
          O levantamento observou os resultados do ano passado, quando o mesmo cluster portuário registrou movimentação de 29,4 milhões de toneladas de cargas. A expectativa apontada no PNLP é que esse volume atinja 38,5 milhões de toneladas em 2020 e chegue a 49,6 milhões em 2030. Ao final da projeção em 2042, o governo federal espera que o cluster Amazonas-Santarém tenha uma demanda de 67,3 milhões de toneladas de cargas.
          O granel sólido agrícola (grãos de soja, milho e outros) é o tipo de carga que terá maior participação da demanda projetada de movimentação até 2042. A previsão é que os granéis sólidos concentrem 31% da demanda nos portos e terminais na área do Amazonas-Santarém (PA), seguido da carga conteneirizada (carga transportada em contêiner) com 28%. De acordo com o plano, as cargas de granéis sólidos minerais e granéis líquidos combustíveis terão participação no fluxo de cargas de 22% e 17%, respectivamente. Granel líquido agrícola e carga geral terão cada um apenas 1% da demanda total.
       "O Cluster de Amazonas-Santarém é o que apresenta maior inversão de tendência. Atualmente, em ordem de representatividade, têm-se o granel sólido mineral, granel líquido combustível, cargas conteinerizadas e granel sólido agrícola. Para 2042, a expectativa é que os dois últimos figurem como as principais naturezas de carga, seguidos pelos dois primeiros. Essa inversão é desencadeada por obras de infraestrutura terrestre esperadas para abastecer esse cluster, que devem aumentar o volume de cargas conteinerizadas e granel sólido agrícola movimentado por ele", explicou a SEP.
         O PNLP prevê um total de investimentos de R$ 51,28 bilhões, dos quais R$ 4,26 bilhões são públicos e o restante (R$ 47,2 bilhões) é privado. Os recursos devem gerar capacidade de movimentação de 678,2 milhões de toneladas de carga por ano no Brasil. Os investimentos previstos para a Região Norte são de R$ 6,9 bilhões, de acordo com a Secretaria de Portos.
         O presidente do Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial no Estado do Amazonas (Sindarma), Claudomiro Carvalho Filho, disse que a realização de estudos e levantamentos são positivos para direcionar os investimentos. Entretanto, enfatizou que o PNLP mostra o crescimento significativo da movimentação de cargas, mas que pode não ser concretizado se não houver infraestrutura portuária adequada.
         "Temos uma carência de infraestrutura portuária na Região Norte, apesar de ser uma rota importante do transporte aquaviário brasileiro. O Amazonas precisa de mais investimentos em portos. Atualmente, os investimentos estão sendo feitos pelo setor privado com a construção de Terminas de Uso Privativos (TUPs) e Estações de Transbordo de Carga (ETCs).
         A demanda de cargas existe e esse estudo projeta crescimento do volume de carga. Porém, a infraestrutura portuária precisa acompanhar a evolução da demanda, principalmente para oferecer melhor qualidade do transporte fluvial de passageiros também", ressaltou o presidente do Sindarma.

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