terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Exportadores de frutas, beneficiados pela desvalorização do real, apostam na conquista de novos mercados


          Os produtores brasileiros, depois de um ano em que as exportações de frutas do país foram beneficiadas pela forte desvalorização do real, apostam agora na abertura de novos mercados para continuar ampliando os embarques a taxas acima de dois dígitos nos próximos anos. Na mira, estão países como China, Japão e Estados Unidos, que mantêm barreiras tarifárias e fitossanitárias às frutas brasileiras, além da Rússia, que ainda precisa de fontes alternativas de abastecimento diante das barreiras derivadas de divergências de Moscou com a União Europeia e, mais recentemente, também com a Turquia.
         Nesse contexto, a expectativa de Luiz Roberto Barcelos, presidente da Abrafrutas, é de que as vendas de frutas frescas brasileiras ao exterior alcancem 700 mil toneladas, ou US$ 850 milhões, em 2016. A entidade reúne produtores e exportadores que representam quase 90% da receita dos embarques do segmento. Em 2015, estima Barcelos, serão, no total, 650 mil toneladas, ou US$ 750 milhões.
         O dirigente lembra que a diversificação de destinos também é vital para diluir na balança o peso da União Europeia, que hoje absorve 90% das exportações do Brasil. Ele destaca que o acordo que está mais perto de ser fechado é com a China, que recebeu neste ano a documentação necessária para derrubar a barreira fitossanitária que impõe à melancia brasileira e, em janeiro, enviará ao país uma missão para inspecionar a produção.
         A Abrafrutas espera que o Brasil possa fornecer melancia à China, onde o consumo per capita da fruta chega a 42 quilos ao ano, durante o inverno no país asiático, quando não há produção local.
Os exportadores também esperam que em breve o Japão aceite os certificados sanitários do Brasil para autorizar a exportação de melão. Esperava-se que a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, anunciasse a abertura em viagem que estava agendada para dezembro para aquele país, mas a visita foi cancelada.
         Uma vez derrubadas as barreiras sanitárias, as exportações aos dois países asiáticos também poderão ser beneficiadas pela reforma do canal do Panamá, que deverá ser concluída em junho. Além do custo menor com frete, com o "novo" canal as frutas levarão 10 dias a menos para chegar a esses mercados. Outra frente de batalha dos fruticultores está nos EUA. Os exportadores reunidos na Abrafrutas contrataram o escritório de advocacia King&Spalding para convencer os congressistas americanos a ampliarem a janela de isenção de tarifa para a importação de melão brasileiro, hoje restrita para entre dezembro a maio. Na prática, porém, o Brasil só consegue exportar até janeiro, por causa da sazonalidade da produção.
         Fora dessa janela, a fruta do Brasil entra nos EUA com tarifa de 28%, enquanto países da América Central estão isentos "Queremos ampliar o período de isenção em ao menos dois meses, a partir de outubro, quando começa a esfriar nos EUA e não há produção por lá", diz Barcelos. A maior abertura americana ao melão brasileiro poderia elevar os embarques da fruta em 240 mil toneladas por ano, ou cerca de US$ 200 milhões, afirma o executivo.
         Os EUA também mantêm barreiras fitossanitárias para abacate, limão e mamão brasileiros. No caso do abacate, a Abrafrutas contratou uma consultoria para identificar as exigências das autoridades americanas e, provavelmente, os produtores terão que entregar um plano de controle de pragas para conseguir aval. Na avaliação de Barcelos, o Brasil tem potencial para exportar US$ 150 milhões por ano em abacate aos americanos. No caso do limão, o fim da barreira permitiria embarques da ordem de US$ 100 milhões, diz ele.
          Os norte-americanos já permitem a entrada de mamão de algumas regiões do Rio Grande do Norte e do Espírito Santo, mas há outras ainda impedidas. Caso se confirme a derrubada das barreiras, há potencial para elevar as exportações em US$ 50 milhões. No caso da Rússia, em novembro comitiva formada pela maior rede de supermercados (Magnit/Tander) e pelas duas maiores importadoras de vegetais (Nevskaya e FriendFruits) do país veio ao Brasil e se reuniu com executivos da Abrafrutas e da Apex. A reunião ainda não rendeu frutos, mas deve resultar em contratos no próximo ano. A fruta brasileira mais promissora para os russos é a maçã.

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