quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Pressionada pela crise, Log-In busca alternativas e recebe proposta de investidor para compra do controle acionário


         A Log-In Logística Intermodal chegou ao fim do ano seguindo na busca de caminhos para se reestruturar. A armadora recebeu proposta firme de investidor interessado em adquirir o seu controle acionário, mas a operação ainda não está fechada. A companhia também abriu negociações com bancos credores para conseguir um desconto da dívida, processo conhecido como "haircut". A proposta apresentada desagradou muito aos bancos, segundo disseram fontes próximas das negociações.
         Para conduzir o processo de reestruturação da dívida, a Log-In contratou a assessoria financeira Moelis & Company, que vem conduzindo as discussões com os bancos. A Log-In tem uma dúzia de bancos como credores. Segundo fontes ouvidas pelo Valor, a Moelis está "apertando" os bancos para aceitarem uma redução no valor que têm a receber. Procurada, a Moelis não se pronunciou. A assessoria financeira fez apresentações aos bancos sobre a Log-In, empresa criada a partir de ativos da Vale.
         A mineradora já foi sócia da Log-In, mas vendeu sua participação há alguns anos. Hoje, os sócios são a Petros e fundos de gestoras (Lapb, Fama, Arbela e Fator). A Log-In também tem uma fatia do capital negociado na BM&FBovespa, onde a ação da empresa fechou ontem cotada a R$ 0,97, com queda de 71,47% no acumulado do ano. O rmador recebeu esta semana R$ 6,1 milhões de empréstimo do BNDES, mas enfrenta a crise no estaleiro EISA
          As dificuldades da Log-In são antigas, mas se aprofundaram em 2015. A crise econômica reduziu, por exemplo, o volume de quase todas as cargas no Terminal de Vila Velha (TVV), em Vitória (ES), porto que está entre os principais ativos da Log-In. De janeiro a setembro, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da empresa caiu 12% sobre igual período de 2014. Parte dos problemas da empresa decorre de atrasos nas obras de construção de quatro navios encomendados ao Estaleiro Ilha S.A. (EISA), do Synergy Shipyard, da família Efromovich, também controladora da Avianca.
         Os atrasos na construção dos navios pelo EISA reduziram as perspectivas de geração de receitas da Log-In. Este mês o EISA pediu recuperação judicial na Justiça do Rio e demitiu 90% dos mais de três mil trabalhadores, criando novas incertezas para a Log-In. Nos últimos dias, inclusive na véspera do Natal, Log-In e EISA vêm discutindo alternativas. As negociações devem prosseguir nos próximos dias, de acordo com as fontes.
        No mercado, há quem entenda que os 200 trabalhadores que o EISA deixou no estaleiro para manter a construção dos navios da Log-In é insuficiente para concluir as embarcações dentro dos prazos e custos acertados em uma renegociação no ano passado, quando o estaleiro chegou a ficar parado por alguns meses. Fonte próxima do EISA disse que é possível concluir os navios da Log-In nos termos acertados em 2014. O estaleiro discute com outros armadores a retomada de obras para dar novo fôlego ao estaleiro, apesar do pedido de recuperação judicial.
         No caso da Log-In, há uma série de alternativas sendo discutidas de forma paralela: existe a proposta de corte da dívida com os bancos e está sobre a mesa a proposta de um investidor para fazer uma oferta de aumento de capital na empresa. Existe ainda a possibilidade de a Log-In entrar com um pedido de recuperação judicial. Embora hoje essa não seja a primeira alternativa considerada, o pedido de proteção à Justiça não pode ser descartado caso as negociações com o investidor interessado não cheguem a um bom termo a curto prazo.
         A Log-In tem uma frota de barcos para transporte de contêineres na costa do Brasil, faz transporte de bauxita por navio na região norte do país, possui terminais logísticos e um terminal portuário especializado em contêineres, o TVV. No ano passado, a empresa teve receita de cerca de R$ 1 bilhão.
Ao divulgar os resultados do terceiro trimestre, a Log-In informou que sua posição de caixa era de R$ 27,9 milhões e a dívida bruta somava R$ 1,88 bilhão. Há dívidas com bancos privados (Itaú, Santander e HSBC, entre outros) e com bancos públicos: Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Procurados, os bancos não se pronunciaram.
         O BNDES atua nesta operação como repassador dos recursos do Fundo da Marinha Mercante (FMM), fonte de financiamento de longo prazo para a indústria naval. O Valor apurou que nas discussões para tentar reestruturar a Log-In o BNDES, como credor, aceitou que a empresa reduza os valores dos pagamentos das parcelas devidas ao banco para construir os navios no Eisa. A Log-In pagará parcelas menores ao BNDES até 2018 e depois passará a fazer pagamentos maiores. Não haverá dilatação nos prazos da dívida com o BNDES, nem redução nos valores finais pagos, segundo apurou o Valor. Procurado, o BNDES não se pronunciou.
         De acordo com fontes, a Log-In está muito pressionada, com perda de Ebitda e com um endividamento elevado junto ao BNDES e bancos comerciais. Apesar dessa situação, o BNDES liberou esta semana para a Log-In parcela de financiamento no valor de R$ 6,1 milhões. Há alguns meses, a Log-In negociava com um fundo de private equity, que poderia manter o negócio inalterado. Mas havia também a possibilidade de divisão dos ativos portuário e de navegação da companhia. Muitos dos interessados, porém, foram desistindo do negócio por diversas razões.

Nenhum comentário:

Postar um comentário