Companhias de navegação especializadas em contêineres
anunciam a intenção de converter-se em provedores de soluções logísticas
integradas. A estratégia começa a ser posta em prática com a compra,
investimentos e incorporações de empresas logísticas ao seu negócio.
Especialistas entendem que é preciso um tempo para definir se está decisão terá
êxito ou não.
Segundo a consultoria Drewry, a francesa CMA CGM deu a largada neste
processo abocanhando uma participação de 25% na Ceva, tradicional freight
forwarder. A Cosco expandiu agressivamente sua capacidade logística terrestre
na Ásia e na Europa com aquisições. A Maersk anunciou sua intenção de se
converter em integrador global de serviços, com operações logísticas. A
expectativa é de que outras transportadoras marítimas de contêineres sigam o
exemplo.
Esta estratégia, na verdade, não são inéditas. Desde a década passada,
negociações similares começaram a aparecer, mas, efetivamente, se consolidaram
como tendência, de acordo com a consultoria, a partir do ano passado. Os
analistas atribuem esta nova posição ao marasmo na indústria da navegação, que
tem amargado resultados modestos nos últimos anos.
A
diferença do que vem acontecendo agora em relação a década anterior é que a
tecnologia está sendo um fator decisivo para esta nova estratégia. A
digitalização e a automatização das tarefas básicas das transações logísticas
vêm proporcionando oportunidades que não existiam anteriormente. A tecnologia
cada vez mais oferece às navegadoras possibilidades de realizar serviços de
logística terrestre a um custo menor por meio de uma série de desenvolvimentos
digitais interrelacionados.
. Para a Drewry, o desenvolvimento de contêineres conectados utilizando
dispositivos inteligentes joga a favor. A tecnologia permite a geolocalização
das mercadorias em tempo real e também o cálculo do tempo de entrega e a
administração de excepcionalidades no trajeto. Pode, ainda, alimentar
facilmente as operações logística de torre de controle do BCO, com dados
processáveis. Alguns estudos recentes sobre soluções de contêineres
inteligentes demonstram um grande potencial no inventário em trânsito, de 10% a
40% por melhoras nos tempos estimados de chegada.
Ao
mesmo tempo, a telemática e as aplicações móveis permitem.uma comunicação fácil
de usar e um baixo custo entre os depósitos e os operadores de transporte de
contêineres. Esta atividade, tradicionalmente fragmentada, agora pode operar de
forma remota e sincronizada de maneira mais eficiente. A adoção de tecnologia
avançada conectada permite a alguns operadores aumentar a capacidade de manejo
em até 40%.
Esta tecnologia está impulsionando a automatizando as tarefas até hoje
realizadas em papel, tradicionalmente, pelos freight forwarders. Em particular,
o desenvolvimento da documentação eletrônica, como o Bill of landing e os
certificados, junto com a simplificação do comércio mundial e os sistemas de gestão
do cumprimento facilitando as operações.
Os
fatores anteriores são complementados ainda com a inclusão de financiamento
comercial e seguros de carga. Alguns operadores, como CMA CGM já estão sendo reconhecidos por esta nova
estratégia e consideram positivo o potencial que ela apresenta e que aparece,
por exemplo, com o lançamento do seu serviço de seguros Serenety.
Os
especialistas, na avaliação da Drewry, advertem que o desafio básico para as
transportadoras marítimas segue sendo sua capacidade de integrar entidades
díspares com diferentes modelos de negócios e conjuntos de habilidades.
Adiantam que é uma barreira que exige enorme esforço, mesmo que as condições
atualmente sejam mais favoráveis.
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