sexta-feira, 22 de junho de 2018

Missão internacional catarinense quer reverter embargos à exportação de frangos e suínos

          Um grupo de políticos e empresários da  agroindústria do Estado de Santa Catarina viajou com o ministro da Agricultura e Pecuária, Blairo Maggi, na missão que antecede o encontro com lideranças do Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, índia, China e África do Sul. A comitiva embarcou para Johanesburgo, na África do Sul, onde acontecerá a reunião, em julho. Maggi adiantou que pretende avançar nas tratativas contra o embargo russo à carne suína e bovina brasileira, que já dura quase seis meses sob alegação de que havia estimulantes nos produtos exportados ao país.
          O ministro também deve buscar aproximação com representantes do governo chinês para discutir a sobretaxa imposta ao frango brasileiro no início deste mês — a China acusa a prática de dumping (preços abaixo do custo de produção), o que é negado pelas autoridades brasileiras. As duas frentes da missão despertam expectativas do mercado catarinense porque Santa Catarina é o maior exportador de carne suína do país e ocupa a segunda posição na exportação de frango.
          Episódios recentes, como a greve dos caminhoneiros, e a Operação Trapaça, que em março trouxe à tona novas suspeitas de fraude contra a fiscalização sanitária, agravaram o quadro em todo o agronegócio catarinense. Previsões pouco animadoras são compartilhadas por entidades como o Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados de SC (Sindicarne) e a Associação Catarinense de Avicultura (Acav) caso os embargos sejam mantidos.
          O secretário do Estado da Agricultura, Airton Spies, confia que as tratativas internacionais podem resultar em boas notícias para Santa Catarina, especialmente em relação ao embargo russo.
—Será uma grande oportunidade de o ministro reafirmar nossos interesse no mercado de carne desses dois países. Temos esperança de que seja anunciada a volta da compra da Rússia em relação à carne suína do Brasil, especialmente de Santa Catarina. A Rússia já foi nosso maior cliente — destaca.
          O secretário também rejeita a alegação de que a avicultura brasileira pratica dumping e defende que os preços de exportação são reflexo de uma indústria eficiente e competitiva. O mercado chinês, reforça o secretário, é outro importador estratégico para o Estado.
          —Mais de 40% do frango de Santa Catarina é exportado e a China é um dos nossos principais clientes. Se o ministro tiver êxito e conseguir reduzir ou eliminar essa sobretaxa, certamente nossa produção será muito beneficiada — conclui.
          Produtos de origem animal representam a maior fatia da pauta de exportações de Santa Catarina. Os embarques de carnes, animais vivos e ovos respondem por 30% das vendas internacionais do Estado e por 49% do que o agronegócio exporta. Nos cinco primeiros meses de 2018, segundo dados da Secretaria de Agricultura, o setor trouxe rendimentos de mais de US$ 1 bilhão – sendo US$ 207,3 milhões em maio.
          O mercado, no entanto, é sensível a variações dos insumos, como a alta recente no preço do milho, e sofre com as interferências externas. Em abril, por exemplo, o Estado teve queda na exportação suína em relação ao último mês de março (-20,19%) e em relação a abril do ano passado (-4,19%), o que é atribuído principalmente à permanência do embargo na Rússia. Abril também teve baixa nas exportações de frango em relação ao último mês de março (-28,55%) e a abril de 2017 (-17,39%).

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