O
ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge,
afirmou nesta quarta-feira, 20. que o governo federal acompanha os
desdobramentos da disputa comercial travada entre Estados Unidos e China, que
pode ter impactos na redução do preço das commodities
agrícolas no mercado internacional. Na semana passada, o presidente
norte-americano, Donald Trump, anunciou sobretaxas no valor de US$ 50 bilhões
sobre centenas de produtos chineses que entram nos EUA. Como retaliação, o
governo chinês também aplicou uma taxação equivalente contra uma extensa lista
de itens comprados dos Estados Unidos, incluindo produtos agropecuários.
"Estamos acompanhando as
manifestações de ambos os lados. Obviamente que fica a preocupação de termos,
eventualmente, diminuição de valor de produtos que são fundamentais para as
nossas exportações. Entretanto, nós temos uma relação sólida tanto com a China,
que é nosso principal parceiro comercial, quanto com os Estados Unidos, nosso
segundo principal parceiro comercial", afirmou Marcos Jorge.
O ministro acrescentou que
"seria prematuro" fazer qualquer menção sobre outros impactos que o
recrudescimento das relações comerciais entre China e EUA pode trazer ao
Brasil, mas ressaltou que essa disputa não interessa a ninguém. "O que nós
esperamos é que essas posições não levem prejuízos não apenas para o Brasil, mas
para o mundo inteiro."
Marcos Jorge também comentou que o
governo federal tem atuado diretamente com o Departamento de Comércio chinês
para evitar que o embargo às exportações brasileiras de carne de frango se
torne definitivo. No início do mês, a China impôs, em caráter provisório,
medidas antidumping sobre a importação de frango do Brasil, por considerar que
seus produtores sofrem concorrência desleal do país. Com isso, as empresas que
exportam para a China passaram a pagar sobretaxas que variam entre 18,8% e
38,4%, que é a faixa de dumping (venda de produtos com preço abaixo de
mercado) que as autoridades de Pequim calculam que tem a carne de frango
brasileira.
O tema do embargo comercial a
produtos agropecuários brasileiros também será pauta de encontros que o
ministro da Agricultura, Blairo Maggi, terá com autoridades
da China e da Rússia, esta
semana, na África do Sul, durante as reuniões preparatórias para a 10ª Cúpula
do Brics – grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Marcos Jorge deu as declarações após
participar do evento que confirmou a adesão do Ministério da Indústria,
Comércio Exterior e Serviços (MDIC) à Rede Brasil do Pacto Global da
Organização das Nações Unidas (ONU). O ministério é o primeiro órgão do
Poder Executivo Federal a fazer parte da rede, que articula empresas privadas e
instituições no desenvolvimento de ações e valores internacionalmente aceitos
nas áreas de direitos humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à
corrupção. O evento contou com a participação de representantes do Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento no Brasil (Pnud) e do Comitê Brasileiro do
Pacto Global (CBPG).
"Nós
temos a expectativa de poder contribuir, a partir de grupos de trabalho, com
temas como uso da água, da energia, que é um insumo fundamental da nossa
indústria. São trabalhos que podem contribuir com o setor produtivo brasileiro,
mas também com a agenda que nós temos pela frente até 2030, que
afeta sustentabilidade, desenvolvimento e, sobretudo, meio
ambiente."
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