A
Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB)
organizou nesta segunda-feira (20) um encontro com os candidatos à
Presidência da República com 300 empresários do setor para debater as propostas
para o setor. Os diretores ouviram os presidenciáveis na capital paulista, além
de apresentarem uma agenda de propostas para a infraestrutura 2018, produzida
pelos 20 comitês temáticos da associação.
Na
manhã de ontem, participaram os candidatos Marina Silva (Rede), Guilherme
Boulos (PSOL) e Manuela D’Ávila (PCdoB), representando o candidato do PT, Luiz
Inácio Lula da Silva. À
tarde, os candidatos Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Merirelles (MDB) e Ciro
Gomes (PDT) apresentaram suas propostas aos empresários.
O candidato do PSDB, Geraldo Alckmin,
destacou a necessidade de ajuste fiscal para retomada da economia e
consequentemente aumentar os investimentos no país, incluindo na
infraestrutura. Segundo ele, a primeira medida de seu possível governo será
zerar o déficit primário em até dois anos, reduzindo as despesas por meio de
reformas e de privatizações.
“Vocês são os motores do
desenvolvimento. Vamos fazer um grande programa de infraestrutura, saneamento
básico, moradia, porque é emprego na veia. Construção civil é emprego na veia.
Como vai fazer se não tem dinheiro? Primeiro, um ajuste fiscal rápido, nós
vamos fazer. Segundo, reformas. O Brasil não vai mudar no grito, ele vai mudar
com reformas estruturantes”, disse. A partir disso, ele acredita que o país
ganhará confiança e terá investimentos público e privado.
Alckmin elogiou a reforma trabalhista
e falou que vai trabalhar nas reformas da previdência, tributária e política.
“A agenda de competitividade passa por uma reforma tributária, simplificação
tributária, cinco tributos – ICMS, IPI, ISS, PIS, Cofins – serão um só, o IVA.
Isso é importante para a indústria, porque você deixa de onerar tanto a
indústria como é hoje”. O candidato disse que pretende reduzir o imposto
de renda da pessoa jurídica e compensar com a tributação de dividendos.
Além disso, o candidato pretende
atrair investimento privado. “O estado não deve ser empresário, ele deve ser
planejador, regulador e fiscalizador; trazer a iniciativa privada, concessões e
PPPs”. Para ele, um dos setores a serem alvo da inciativa privada é o do
petróleo. O candidato avaliou que a PEC do teto de gastos não tem utilidade sem
implementação de reformas e pode esmagar o investimento, como está ocorrendo
com as obras.
O candidato do MDB destacou a
garantia de uma segurança jurídica no país para assegurar investimento privado,
além da necessidade de reformas e da própria PEC do teto de gastos. Entre suas
prioridades, estão terminar obras paralisadas, planejar melhor os projetos
evitando erros e desperdícios e simplificar processo de concessões.
“O que se espera, em primeiro lugar,
é previsibilidade, uma economia previsível. Precisamos estabilizar a economia.
Segundo, nós temos que ter segurança no investimento, regras
estáveis. Isso é fundamental, não podemos ter insegurança jurídica
porque isso adiciona um risco enorme ao processo. No momento em que fizermos
isso, existe a possibilidade grande de privatizarmos uma grande parcela dos
investimentos”, disse.
No entanto, ele defendeu que “sem
reforma da previdência, não há solução”. “Temos que fazer essa reforma, é uma
questão de justiça. Hoje o que existe é um dos maiores processos de
transferência de renda dos mais pobres para os mais ricos”. Em relação à PEC do
teto de gastos, o candidato argumentou que ela não leva ao congelamento de
investimento em saúde e educação.
Meirelles disse que o investimento na
indústria é fundamental, já que gera emprego e pagamento de impostos. “O setor
brasileiro que mais contribui para arrecadação é o setor de indústrias. É
importante o investimento para o emprego e para arrecadação. Para isso, é
necessário a estabilidade. Ninguém vai fazer investimento com
imprevisibilidade, isso é óbvio”.
O candidato do PDT, Ciro Gomes, disse
que, para garantir investimentos em todas as áreas, incluindo infraestrutura, é
preciso revogar a PEC do teto de gastos, aprovada pelo governo de Michel Temer,
que, segundo ele, congela gastos com saúde, educação e investimentos. “[Essa]
emenda à constituição proíbe a expansão de investimentos por 20 anos, isso é
incongruente, isso não fecha. É de uma perversão. Eu vou exigir a revogação [da
PEC do teto de gastos]”, disse.
Ele afirma que em seu governo fará
uma equação fiscal nova e que toda despesa passará por “uma lupa”. Ele defendeu
que não se deve cobrar sobre compra de bens de capital. “Você não deve cobrar
tributo quando a empresa está se esforçando para incrementar a produtividade”.
“O imposto sobre grandes heranças no
mundo começa com alíquota de 27% nos Estados Unidos, mas chega a 45% em alguns
países da Europa no Brasil, nós cobramos 4%”, disse. Ciro acrescentou que o
Brasil tem hoje R$ 354 bilhões de renúncias fiscais e que muitas
delas sem nenhum objetivo estratégico.
Questionado sobre as mudanças que
pretende implementar e a insegurança jurídica que pode gerar a investidores,
ele respondeu que “do jeito que vai, não tem saída para o Brasil. A iminência
nossa é para o colapso” e que nada será feito no susto. “Se eu for presidente,
as coisas vão mudar. Agora, ninguém vai tomar susto, as mudanças que o país
precisa fazer não podem ser despóticas como o Temer quis fazer, não pode ser de
cima pra baixo, porque você acaba dividindo o país e a própria democracia e a
confiança no diálogo estão perdidos”.
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