Os debates sobre as recentes tensões nas relações comerciais em todo o
mundo, especialmente sobre o impasse entre Estados Unidos e China,
considerados os grandes players globais, foram destaque nesta quinta-feira (23) durante o Fórum de Agricultura da América do Sul, em Curitiba (foto).
“Se os países membros não encontrarem soluções corretas aos desafios,
podemos chegar a uma situação em que as regras da OMC [Oganização
Mundial do Comércio] não sejam capazes de proteger mercados”, alertou o
próprio diretor da organização, Willy Alfaro.
Alfaro defendeu uma reforma da OMC e conclamou a iniciativa privada a
encampar essas mudanças. Segundo ele, são as empresas que devem
pressionar os governos em busca da atualização das regras comerciais
“criadas há muito tempo”.
Em outros painéis, a discussão sobre os impasses entre
norte-americanos e chineses continuou dominando a cena do encontro que
ocorre em Curitiba até esta sexta-feira (24). Mais de 40 palestrantes se dividem
em temas em torno de tendências do agronegócio com foco no crescimento
do mercado sul-americano.
Ao tratar sobre os desafios de mercado, Susan Sutherland, analista da
Bolsa de Chicago, relembrou os momentos iniciais do governo Trump, que
culminaria em todas as medidas restritivas do comércio entre os dois
países. Susan reforçou a expectativa negativa de produtores americanos
de grãos, apontando que 35% deles esperam uma queda de mais de 20% nos
negócios em função do impasse com a China. A analista reforçou que a
questão comercial não se limita às variáveis de oferta e demanda, mas
também sofrem fortes impactos das decisões políticas.
Com alta dependência dos Estados Unidos, principalmente no
abastecimento de alimentos, o México vem sinalizando interesse em
avançar com negociações com outros mercados, incluindo o Brasil. O
presidente da Câmara de Comércio entre os dois países (Camebra), Miguel
Ruiz, disse que o “efeito Trump” levou ao avanço de acordos do México
com Canadá e o governo brasileiro, abrindo oportunidades para ampliação
do comércio agro com outros mercados.
Segundo ele, com o Brasil, as negociações totalizam cerca de US$ 100
bilhões atualmente, por ano. “Esse resultado pode ser ampliado em torno
de 50% se os países avançarem em um acordo de livre comércio”, defendeu.
Para que isso aconteça, segundo Ruiz, é preciso avançar nas negociações
diplomáticas, mas também em melhorias logísticas, já que, a distância
entre os dois países, com as atuais condições, fazem com que grandes
carregamentos levem entre 20 a 40 dias para chegar ao destino.
Projeções da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) divulgadas hoje (23)
apontam para uma redução da s exportações de carne de frango e carne
suína do Brasil em função de restrições comerciais e aumento de custos.
No caso do frango, a queda deve ficar entre 2% e 3% na comparação com
2017. No caso dos suínos, a retração pode chegar a 12%.
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