A União Europeia (UE) não renegociará o acordo do Brexit definido com
a primeira-ministra britânica, Theresa May, disse o presidente da
Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, nessa terça-feira (28), enquanto
crescem os temores de que o sucessor de May possa iniciar um confronto
com o bloco. O Brexit está completamente indefinido depois que May anunciou sua
renúncia, provocando uma disputa de liderança no Partido Conservador,
que poderá levar ao poder um novo primeiro-ministro que busque uma
ruptura mais decisiva com a UE.
Um dos candidatos, o secretário de Relações Exteriores, Jeremy Hunt,
disse que buscar um Brexit sem acordo seria um "suicídio político", uma
reprimenda ao favorito, Boris Johnson, que disse na semana passada que o
Reino Unido deveria deixar a UE com ou sem acordo até o fim de outubro.
Hunt, que votou para permanecer na UE no referendo de 2016 mas agora
aceita o Brexit, disse que tentaria buscar um novo acordo que tiraria o
Reino Unido da união alfandegária com a Europa, "respeitando
preocupações legítimas" sobre a fronteira com a Irlanda.
A UE, no entanto, afirmou que não haverá renegociação. "Terei uma reunião breve com Theresa May, mas sou claro: não haverá
renegociação", observou Juncker antes de um encontro de líderes da UE em
Bruxelas. O primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, disse acreditar que o
risco de o Reino Unido sair do bloco sem um acordo de divórcio está
crescendo. "Bem, há um risco crescente de não acordo. Há possibilidade de que o
novo primeiro-ministro possa vir a repudiar o acordo de retirada",
afirmou a jornalistas.
Qualquer que seja o sucessor de May, ele terá de aceitar que o acordo
de divórcio do Brexit acertado por ela não será ratificado pelo atual
Parlamento britânico. Além disso, uma solução para a questão da
fronteira com a Irlanda, que incomoda a muitos parlamentares, deve ser
encontrada.
Muitos apoiadores do Brexit rejeitaram o acordo de May por causa do mecanismo "backstop",
que requer que o Reino Unido adote algumas das regras da UE
indefinidamente, a não ser que um futuro acordo seja atingido para
manter aberta a fronteira terrestre entre Irlanda do Norte e Irlanda.
Sob as leis em vigência atualmente, o Reino Unido deixará a União
Europeia automaticamente no dia 31 de outubro mesmo sem acordo, a não
ser que o Parlamento aprove algum antes disso, a UE ofereça uma extensão
do prazo, ou o governo revogue sua decisão de deixar o bloco.
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