O
vice-presidente Hamilton Mourão nesta terça-feira (14) que o governo brasileiro
tem expectativa de receber uma proposta da China para participar do programa de
investimentos chineses que tem sido chamado de “nova rota da seda”. Mourão
viaja na quinta-feira (16) para a China para participar da reunião da Comissão
Sino-brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban).
“Ficaremos na expectativa sobre a
propostas que os chineses irão apresentar. Só depois, quando o presidente [Jair
Bolsonaro] for em agosto [para a China], é que poderá ter uma decisão sobre
nossa participação”, explicou Mourão, ao deixar seu gabinete no Palácio do
Planalto, em Brasília. Para o vice-presidente, o acordo e os investimentos
precisam abranger áreas de interesse para o Brasil. “O investimento tem que vir
aonde nós queremos e tem que ser um investimento que contrate brasileiros e não
chineses”.
A Cosban é uma instância de
cooperação e diálogo regular de alto nível entre Brasil e China, mas as
reuniões não acontecem desde 2015. No Brasil, a missão é presidida pelo
vice-presidente da República. Além de compromissos no âmbito da Cosban, na
China, Mourão também se encontra com o presidente Xi Jinping.
O vice-presidente destacou o
interesse do governo brasileiro em iniciar um relacionamento de confiança com
os chineses. “Que os chineses entendam que nós os temos como um parceiro
estratégico, são nosso maior fluxo comercial. Nós sabemos a importância da
China que hoje tem mais de um terço do PIB [Produto Interno Bruto] do mundo,
num curto e médio prazo pode chegar até mais da metade, e a gente tem que se
colocar bem nisso aí”, explicou.
Antes de desembarcar na China, Mourão
fará uma escala no Líbano, onde será recebido pelo presidente Michel Aoun na
sexta-feira (17). No sábado pela manhã (18), o vice-presidente visita a força
naval brasileira que atua na missão de paz das Nações Unidas no país. A
previsão de retorno do vice-presidente ao país é dia 26.
Mourão também defendeu que essa disputa deve ser analisada de forma
crítica e cautelosa pois pode não ser definitiva. “É um comércio intenso, são
duas economias complementares”, disse. "Vocês olham que os Estados Unidos
importam muito da China, ao mesmo tempo a China tem uma grande parcela dos
títulos do Tesouro americano na mão deles, por isso eles são complementares. A
gente tem que ter cautela", explicou.
Na última sexta-feira (10), o
presidente americano, Donald Trump, elevou para 25% as taxas alfandegárias
sobre o equivalente a 200 bilhões de dólares de bens importados da China,
atingindo mais de 5 mil itens. Em resposta, a China decidiu aumentar de 5% para
25% as tarifas sobre mais de 5 mil produtos americanos com valor equivalente a
60 bilhões de dólares e que vão de baterias a espinafre e café.
A medida deve entrar em vigor em 1º de junho.
Uma tarifa adicional de 25% será imposta sobre mais de 2.400 produtos, incluindo
gás natural liquefeito, e outra de 20% sobre cerca de mil produtos. As novas
tarifas devem prejudicar exportadores de ambos os países, assim como empresas
europeias e asiáticas que comercializam produtos entre os Estados Unidos e a
China ou fornecem componente e matérias-primas para que os bens sejam
fabricados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário