quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Sepetiba e Pecém negam problemas de janela em escalas da Aliança


          A Companhia de Desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP) assegurou, nesta terça-feira, 13, que não foram registradas problemas de janelas em operações realizadas pela Aliança Navegação no Porto do Pecém (CE), apontados pela empresa que atua na cabotagem. O porto destacou que a programação de atracação de navios é pré-estabelecida em contrato de janela em vigor entre as partes, além de ser acompanhada através de reuniões realizadas a cada três meses pela CIPP. 
          Segundo a CIPP, as linhas de navegação vêm sendo cumpridas rigorosamente, com fatores de produtividade acordados em contrato estando entre os melhores registrados no Norte e Nordeste do Brasil. "Casos pontuais onde foram registrados a não atracação de navios no horário estabelecido, foram ocasionados por atrasos na chegada dos mesmos ao Pecém, principalmente em virtude de atrasos acumulados na programação desde o Sul do país", informou a CIPP em nota. A companhia ressaltou o compromisso com a prestação do melhor nível de serviço a todos os clientes do terminal, em especial ao cumprimento dos contratos existentes.
          Na última quinta-feira (8), a Aliança relatou problemas de janela em, pelo menos, quatro terminais que operam apenas um navio de cabotagem por vez, apesar de terem dois ou mais berços disponíveis. O problema, de acordo com a empresa, tem ocorrido com maior frequência em Salvador (BA), Vila do Conde (PA), Pecém (CE) e Sepetiba (RJ). O assunto foi tratado durante Seminário Oportunidades no transporte marítimo - Portos do Rio de Janeiro, organizado pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil Alemanha (AHK Rio). Na ocasião, o diretor de cabotagem e serviços Mercosul da Aliança, Marcus Voloch, citou que Santa Catarina, Santos e Rio de Janeiro são bem servidos de terminais e costumam oferecer mais disponibilidade.
          Ainda no evento, o presidente do Sepetiba Tecon, Pedro Brito, disse desconhecer o problema e informou que, na última quarta-feira (7), o terminal operou dois navios simultaneamente, fazendo 684 movimentos em um e outros 1.149 em outro ao mesmo tempo. "Se houvesse um terceiro navio, também faríamos [os serviços]. Se chegarem com três navios, vamos rodar os três", afirmou.
          A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) destinará uma equipe para apurar melhor essas programações e eventuais limitações de janelas para cabotagem, questão que não estava no radar da agência. O diretor-geral da Antaq, Mário Povia, disse no seminário que a agência não tem recebido demandas de ausência de espaço em terminais.
          O diretor geral da consultoria HD8 Associados, Jose Luis Gonzalez Perez, avalia que em cada um desses quatro portos citados existe somente um terminal de contêiner, o que impede a concorrência local. "Veja se isso acontece em Santos ou em Itajaí, por exemplo?", comparou Gonzalez. Já o secretário para assuntos de transportes marítimos da Associação dos Usuários dos Portos do Rio de Janeiro (Usuport-RJ), Abrahão Salomão, considera que o problema não está no porto, mas no superdimensionamento dos navios que deveriam operar somente em portos concentradores e acabam congestionando as estruturas secundárias. "Isso é reflexo da concentração de mercado e da falta de concorrência", aponta. 
          Para Salomão, esses contêineres acabam sendo importantes para aumentar a receita das linhas, porém os importadores ficam reféns delas. Ele acrescentou que a questão do feeder, apesar de estar no discurso corrente, não existe no Brasil.  Segundo Salomão, o feeder prescinde de preço e prazo que, no caso brasileiro, não existe. "Não é possível chamar de feeder um serviço que escala diversos portos e é precificado como um desconto da cabotagem", comentou.

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