A
Companhia de Desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário do Pecém
(CIPP) assegurou, nesta terça-feira, 13, que não foram registradas
problemas de janelas em operações realizadas pela Aliança Navegação no Porto do
Pecém (CE), apontados pela empresa que atua na cabotagem. O porto destacou que
a programação de atracação de navios é pré-estabelecida em contrato de janela
em vigor entre as partes, além de ser acompanhada através de reuniões
realizadas a cada três meses pela CIPP.
Segundo a CIPP, as linhas de navegação vêm
sendo cumpridas rigorosamente, com fatores de produtividade acordados em
contrato estando entre os melhores registrados no Norte e Nordeste do Brasil.
"Casos pontuais onde foram registrados a não atracação de navios no
horário estabelecido, foram ocasionados por atrasos na chegada dos mesmos ao
Pecém, principalmente em virtude de atrasos acumulados na programação desde o
Sul do país", informou a CIPP em nota. A companhia ressaltou o compromisso
com a prestação do melhor nível de serviço a todos os clientes do terminal, em
especial ao cumprimento dos contratos existentes.
Na última quinta-feira (8), a Aliança
relatou problemas de janela em, pelo menos, quatro terminais que operam apenas um navio de
cabotagem por vez, apesar de terem dois ou mais berços disponíveis. O problema,
de acordo com a empresa, tem ocorrido com maior frequência em Salvador (BA),
Vila do Conde (PA), Pecém (CE) e Sepetiba (RJ). O assunto foi tratado durante
Seminário Oportunidades no transporte marítimo - Portos do Rio de Janeiro,
organizado pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil Alemanha (AHK Rio). Na
ocasião, o diretor de cabotagem e serviços Mercosul da Aliança, Marcus
Voloch, citou que Santa Catarina, Santos e Rio de Janeiro são bem servidos de
terminais e costumam oferecer mais disponibilidade.
Ainda no evento, o presidente do
Sepetiba Tecon, Pedro Brito, disse desconhecer o problema e informou que, na
última quarta-feira (7), o terminal operou dois navios simultaneamente, fazendo
684 movimentos em um e outros 1.149 em outro ao mesmo tempo. "Se houvesse
um terceiro navio, também faríamos [os serviços]. Se chegarem com três
navios, vamos rodar os três", afirmou.
A Agência Nacional de Transportes
Aquaviários (Antaq) destinará uma equipe para apurar melhor essas programações
e eventuais limitações de janelas para cabotagem, questão que não estava no
radar da agência. O diretor-geral da Antaq, Mário Povia, disse no seminário que
a agência não tem recebido demandas de ausência de espaço em terminais.
O diretor geral da consultoria HD8
Associados, Jose Luis Gonzalez Perez, avalia que em cada um desses quatro
portos citados existe somente um terminal de contêiner, o que impede a
concorrência local. "Veja se isso acontece em Santos ou em Itajaí, por
exemplo?", comparou Gonzalez. Já o secretário para assuntos de
transportes marítimos da Associação dos Usuários dos Portos do Rio de Janeiro
(Usuport-RJ), Abrahão Salomão, considera que o problema não está no porto, mas
no superdimensionamento dos navios que deveriam operar somente em portos
concentradores e acabam congestionando as estruturas
secundárias. "Isso é reflexo da concentração de mercado e da falta de
concorrência", aponta.
Para Salomão, esses contêineres
acabam sendo importantes para aumentar a receita das linhas, porém os
importadores ficam reféns delas. Ele acrescentou que a questão do feeder,
apesar de estar no discurso corrente, não existe no Brasil. Segundo
Salomão, o feeder prescinde de preço e prazo que, no caso brasileiro,
não existe. "Não é possível chamar de feeder um serviço que escala
diversos portos e é precificado como um desconto da cabotagem", comentou.
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