sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Gigantes asiáticos mostram interesse no controle de terminais da Wilson Sons


          Ao menos três gigantes asiáticos operadores globais de portos avaliam comprar os terminais portuários de contêineres da Wilson Sons: o Tecon Rio Grande (RS) e o Tecon Salvador (BA). Os grupos são a PSA, de Cingapura; a Hutchison Ports; e a China Merchants Port - ambas de Hong Kong. Os três conglomerados, que estão entre os maiores do setor, já fazem auditoria nos ativos, informou o jornal Valor Econômico. Procuradas, as empresas não se manifestaram.
          A China Merchants é a única que já está presente no país. Comprou no ano passado 90% do Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP), no Paraná, que era do fundo Advent em conjunto com sócios minoritários. A China Merchants registrou receita equivalente a R$ 18 bilhões em 2017. A PSA fechou com R$ 9,1 bilhões e a Hutchison, com R$ 14 bilhões.
          As duas últimas olharam ativos portuários no Brasil no passado. Com a tendência de consolidação do mercado brasileiro nesse segmento, a expectativa é que as companhias desembarquem logo no país. A Dubai Ports World, outra gigante do setor, também estava interessada nos terminais da Wilson Sons, mas acenou com proposta não-vinculante considerada baixa.
           A fase de propostas firmes deve começar entre o fim do ano e início de 2019. O interesse dos compradores é por até 100% dos terminais, ambos monopolistas na operação de contêineres nos portos em que estão instalados e localizados em regiões relevantes para as linhas de navegação.
          Mundialmente, o padrão de avaliação de terminais portuários é um múltiplo de dez vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês). Mas as últimas compras de terminais no Brasil chegaram a registrar múltiplos superiores onde não há concorrência.
          O TCP, por exemplo, foi avaliado em 14 vezes o Ebitda. Em outro negócio realizado no ano passado, a Triunfo Participações e Investimentos (TPI) recebeu R$ 1,3 bilhão da Terminal Investment Limited (TIL), montante que não incluiu os R$ 200 milhões de dívida da participação da TPI no negócio. O múltiplo de Ebitda foi de quase 11 vezes. Os dois terminais de contêineres da Wilson Sons somaram Ebitda de R$ 262,9 milhões no ano passado, variação positiva de 26,9% sobre o exercício anterior.
          Juntos, Tecon Rio Grande e Tecon Salvador tiveram receita líquida de aproximadamente R$ 600 milhões em 2017. E movimentaram 1,068 milhão de Teus (contêiner padrão de 20 pés) no período, alta de 3,7%. O maior deles, o terminal no porto gaúcho, respondeu por 71% dessa movimentação e está entre os cinco maiores terminais brasileiros em número de contêineres.
          A Wilson Sons obteve do governo a prorrogação antecipada dos dois contratos de arrendamento por mais 25 anos. Os prazos vão até 2047 (Tecon Rio Grande) e 2050 (Tecon Salvador). A renovação mais recente foi a do terminal baiano, em 2016, que fica a 50 quilômetros do polo industrial de Camaçari. Em troca da prorrogação antecipada, a companhia se comprometeu a investir na manutenção e expansão do empreendimento até o fim do prazo contratual. Os investimentos relacionados à ampliação da área totalizam quase R$ 398 milhões, valor com data-base de dezembro 2013. Serão feitos em etapas e mais que dobrarão a oferta anual de movimentação, para 925 mil Teus.
          O processo formal de venda de ativos foi anunciado em julho. Além dos terminais de contêineres, a Wilson Sons pretende maximizar o valor de ativos logísticos - o Centro Logístico e Industrial Aduaneiro em Santo André (SP) e a estação aduaneira de Suape (PE). A companhia é uma das maiores operadoras de serviços portuários, marítimos e logísticos com atuação no Brasil. Em 2017, teve receita líquida de R$ 1,5 bilhão. O principal negócio em faturamento é o de rebocagem de embarcações, seguido pelo portuário (além dos terminais de contêineres, há um terminal privado dedicado à indústria de óleo e gás).

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