O
presidente da Embraer Defesa e Segurança, Jackson Schneider, afirmou nesta
quarta-feira, 3, que a empresa, em parceria com a alemã ThyssenKrupp Marine
Systems e o estaleiro catarinense Oceana, planeja exportar produtos de defesa
naval a partir do Brasil. A ThyssenKrupp e a Embraer, mais a Atech, fazem parte
do consórcio Águas Azuis, que foi escolhido pela Marinha do Brasil para
construir quatro corvetas a partir de 2020.
Ontem foi oficializado, na LAAD
Defense & Security 2019, evento da área de defesa, no Rio, o resultado do
processo de seleção que culminou, no fim de março, com a vitória do consórcio
Águas Azuis na concorrência internacional aberta pela Marinha para a construção
das corvetas classe Tamandaré. O estaleiro Oceana (SC) foi subcontratado pelo
consórcio para construir as embarcações.
"Toda conversa e todo o
compromisso com a ThyssenKrupp é [no sentido] de criar uma base de indústria de
defesa no Brasil para vender soluções para outros países com necessidades
semelhantes a estas que estamos desenvolvendo para a Marinha do Brasil.
Queremos e vamos exportar a partir do Brasil", disse Schneider.
A vitória do Águas Azuis fortalece a
posição da Embraer no mercado brasileiro de defesa, avalia o executivo. A
estratégia de expansão da Embraer passa também, segundo ele, pela exploração do
mercado de defesa terrestre. "Consolida a nossa posição no mercado de defesa
brasileiro, para além do mercado no qual nós somos tradicionalmente conhecidos,
que é o de aeronáutica, também com soluções na área de defesa naval. E algumas
soluções de defesa terrestre em outros projetos em que estamos
envolvidos", afirmou.
Rolf Wirtz, presidente executivo da
ThyssenKrupp Marine Systems, afirmou que a parceria com a Embraer representa
oportunidade de alcançar o mercado de defesa dos BRICs, o grupo formado por
Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A ThyssenKrupp, fornecedora de
tecnologia naval para submarinos não-nucleares e navios, pretende usar
parcerias com empresas brasileiras para alavancar sua participação no mercado
sul-americano e, também, em outros países da área de influência do Brasil.
"Trabalhar com a Embraer é uma
grande oportunidade para nós, porque enxergamos muita demanda, não apenas na
América do Sul, mas também em países com os quais o Brasil tem uma boa
relação", disse Wirtz. "[Os BRICs] são apenas parte da área de
influência, dos laços do Brasil, e onde a Alemanha tipicamente não tem
[ligações]. Nós queremos alavancar isso muito mais."
Wirtz afirmou que o acordo com a
Embraer é parte de estratégia de formação de uma rede global de parceiros na
qual a ThyssenKrupp pode usar acordos para desenvolver produtos. "Vamos
ter mais conversas a respeito [de exportar a partir do Brasil], mas podemos
explorar esta vertente. Tendo um bom estaleiro no país, estabelecido da forma
como nós construímos navios, um pouco diferente de outros, nós vemos uma boa
oportunidade de colher [frutos] disso." "Temos outras demandas
específicas que podem ser atendidas a partir do Brasil", afirmou.
Embora o consórcio responsável pelas
quatro corvetas tenha sido escolhido, a contratação das armas e sistemas embarcados
ainda está em aberto, segundo o diretor de gestão de programas da Marinha do
Brasil, vice-almirante Augusto Petrônio. "Esses equipamentos [sugeridos no
projeto vencedor] serviram para que esse consórcio competisse. Mas, como
estamos entrando na fase contratual, vamos passar por um processo de negociação
e algumas coisas podem ou devem ser alteradas."
Ele citou, por exemplo, o equipamento
de medidas de apoio à guerra eletrônica, conhecido como MAGE. "[Este
sistema] a Marinha está tentando desenvolver e pode ser facilmente
substituído", indicou. No projeto entregue pelo consórcio liderado pela
Thyssen, é listado um MAGE produzido pela espanhola Indra. "Temos
interesses comerciais e, enquanto agentes públicos, temos que defender o melhor
dispêndio de recursos", disse Petrônio.
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