Um grupo de operadores brasileiros, entre eles os exportadores globais
de grãos Cargill e Bunge, anunciou nesta quarta-feira, 3, que está negociando a
redução das tarifas do Canal do Panamá a fim de cortar os custos de transporte
de commodities agrícolas para a China, seu principal mercado. A proposta foi
encaminhada à Autoridade do Canal do Panamá e deverá ser definida ainda nesta
semana.
Os executivos dos terminais
argumentam que pelas atuais tarifas, embarcar grãos dos portos do Norte do
Brasil via Cabo da Boa Esperança é quase 206 mil dólares mais barato, em uma
base por navio, do que utilizar o Canal, apesar da distância mais curta. Em um
estudo a ser apresentado em uma conferência na Cidade do Panamá nesta quinta-feira,
4, a associação de operadores privados de portos ATP irá propor a utilização da
capacidade ociosa do antigo Canal do Panamá, em vez das enormes e
congestionadas novas eclusas, abertas em 2016 para navios da Panamax.
Potencialmente, isto cortaria os
custos de transporte e encurtaria os tempos de viagem em 4 a 5 dias entre o
Brasil, maior fornecedor mundial de soja, e os mercados de China e outros
países asiáticos, de acordo com a ATP, da qual Cargill, Bunge, a operadora de
grãos brasileira Amaggi e a produtora de celulose e papel Suzano são membros.
Os operadores esperam que sua
proposta abra caminho para negociações entre Brasil e Panamá para que seja
encontrada uma forma de reduzir as tarifas.“É um bom negócio para os dois
lados, pois hoje o Panamá deixa de receber grande parte dos navios de grãos
brasileiros com destino à China por conta da inexistência de um acordo
tarifário”, disse Luciana Guerise, diretora-executiva da ATP, em comunicado
enviado à Reuters.
A ATP disse que a proposta deve ser
feita pelo Ministério da Agricultura do Brasil ao Ministério de Relações
Exteriores do país, que seria responsável por negociar os termos com as
autoridades panamenhas. Mas até agora nenhum dos ministérios divulgou alguma
posição. A iniciativa marca um novo passo no desenvolvimento de novas rotas de
comércio para o Brasil, maior exportador mundial de produtos agrícolas como
soja, açúcar, café, tabaco, suco de laranja, carne bovina e frango.
Um passo inicial nessa direção foi
dado em março do ano passado, quando a Aprosoja, associação de produtores de
grãos de Mato Grosso, assinou um acordo de cooperação com a Autoridade do Canal
do Panamá. “Acreditamos que podemos capturar parte dos grãos que deixam Mato
Grosso e chegam ao Norte do Brasil”, disse à época Jorge Quijano, presidente
executivo do Canal. “O Canal do Panamá seria uma opção para o produto chegar à
Ásia, especialmente à China.”
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