quinta-feira, 4 de abril de 2019

Operadores portuários do Brasil negociam tarifas mais baixas no Canal do Panamá


          Um grupo de operadores brasileiros, entre eles os exportadores globais de grãos Cargill e Bunge, anunciou nesta quarta-feira, 3, que está negociando a redução das tarifas do Canal do Panamá a fim de cortar os custos de transporte de commodities agrícolas para a China, seu principal mercado. A proposta foi encaminhada à Autoridade do Canal do Panamá e deverá ser definida ainda nesta semana.
          Os executivos dos terminais argumentam que pelas atuais tarifas, embarcar grãos dos portos do Norte do Brasil via Cabo da Boa Esperança é quase 206 mil dólares mais barato, em uma base por navio, do que utilizar o Canal, apesar da distância mais curta. Em um estudo a ser apresentado em uma conferência na Cidade do Panamá nesta quinta-feira, 4, a associação de operadores privados de portos ATP irá propor a utilização da capacidade ociosa do antigo Canal do Panamá, em vez das enormes e congestionadas novas eclusas, abertas em 2016 para navios da Panamax.
          Potencialmente, isto cortaria os custos de transporte e encurtaria os tempos de viagem em 4 a 5 dias entre o Brasil, maior fornecedor mundial de soja, e os mercados de China e outros países asiáticos, de acordo com a ATP, da qual Cargill, Bunge, a operadora de grãos brasileira Amaggi e a produtora de celulose e papel Suzano são membros.
          Os operadores esperam que sua proposta abra caminho para negociações entre Brasil e Panamá para que seja encontrada uma forma de reduzir as tarifas.“É um bom negócio para os dois lados, pois hoje o Panamá deixa de receber grande parte dos navios de grãos brasileiros com destino à China por conta da inexistência de um acordo tarifário”, disse Luciana Guerise, diretora-executiva da ATP, em comunicado enviado à Reuters.
          A ATP disse que a proposta deve ser feita pelo Ministério da Agricultura do Brasil ao Ministério de Relações Exteriores do país, que seria responsável por negociar os termos com as autoridades panamenhas. Mas até agora nenhum dos ministérios divulgou alguma posição. A iniciativa marca um novo passo no desenvolvimento de novas rotas de comércio para o Brasil, maior exportador mundial de produtos agrícolas como soja, açúcar, café, tabaco, suco de laranja, carne bovina e frango.
          Um passo inicial nessa direção foi dado em março do ano passado, quando a Aprosoja, associação de produtores de grãos de Mato Grosso, assinou um acordo de cooperação com a Autoridade do Canal do Panamá. “Acreditamos que podemos capturar parte dos grãos que deixam Mato Grosso e chegam ao Norte do Brasil”, disse à época Jorge Quijano, presidente executivo do Canal. “O Canal do Panamá seria uma opção para o produto chegar à Ásia, especialmente à China.”

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