O contrato de concessão da Rota Fluvial
Paraná-Paraguai termina em 2021 e o interesse dos chineses está inquietando os
parceiros históricos do negócio. A companhia belga Jan de Nul, que realiza as
obras de dragagem e balizamento da via começa a fazer lobby Junto à Bolsa de
Rosário, Argentina, visando a manter sua posição no processo licitatório.
Segundo fontes ligadas à hidrovia, um enviado da família belga que
controla a Jan de Nul está gestionando com os gestores da rota fluvial e já manteve
conversações visando a estancar os avanços chineses no empreendimento que
tradicionalmente é realizado por belgas e holandeses. A Jan de Nul tem 7.370
empregados e uma frota de 83 embarcações.
Em março, desembarcaram em Rosário empresários dos Países Baixos que
atuam na Argentina, Uruguai e Paraguai, liderados por Roel Nieuwenp. Eles se
reuniram com o governador da província de Santa Fé, e também com representantes
da Bolsa de Comércio da cidade, que tem marcada participação no processo licitatório.
O
intenso movimento em torno da licitação se explica não apenas pelo potencial,
mas também pelo escândalo provocado por irregularidades no caderno de encargos
apresentado por Gabriel Romero, dono da Emepa, a sócia local da UTE, que
administra atualmente a rota, junto à Jan de Nul.
A
repercussão negativa da notícia levou os atores do setor a aceleraram as
gestões para a preparação do edital de licitação, solicitando ao governo
nacional que garanta as condições de transparência e participação das entidades
produtivas. Elas estão preocupadas em conseguir melhoras nos custos logísticos
e em ter mais competitividade. Segundo o presidente da Cámara de la Industria
Aceitera de la Republica Argentina (Ciara), Gustavo Idigoras, a expectativa é
de se “ter boas notícias até o fim do ano”.
Há menos de duas semanas, uma delegação chinesa desembarcou em
Rosário.No grupo, o vice-primeiro ministro da China, Hu Chunhua, que manteve
diversas reuniões na Bolsa de Comercio de Rosario e com representantes do
governo provincial e do setor produtivo.
Nos últimos meses, ganharam força as versões indicando o interesse da
empresa chinesa Shanghai Dredging Company em competir na licitação da dragagem
e balizamento da Hidrovia Paraná-Paraguai.Empresários, que preferem se manter
no anonimato, garantem que Hu Chunhu fez forte investida para obter o contrato,
hoje nas mãos dos belgas.
A
China tem interesse na via de navegação porque se trata de porta de saída das
exportações agroindustriais de boa parte do Mercosul. Fontes da Bolsa de
Comercio de Rosario recordam que há poucos meses, o tema foi tratado pelo
embaixador do país asiático em Buenos Aires, Zou Xioli, junto ao governo da
Casa Rosada.
Caso a Shangai Dredging Company de fato
ganhar a concessão da via fluvial que tem uma extensão superior a 3.400
quilômetros, se somará a outra companhia chinesa que já esta operando na zona.
É a Cofco, que adquiriu a Noble y Nidera e se converteu em exportadores de
grãos.
Há capitais chineses também financiando ramais da Belgrano Cargas e do
Ferrocarril San Martin. Empresas da China também aplicam recursos na Vial B, o
único dos projetos PPP que ainda segue de pé por causa da crise argentina.
O
presidente da Ciara, Gustavo Idigoras, afirmou que a “Hidrovia Paraná-Paraguai
será o maior investimento fluvial do mundo nos próximos dez anos”. Segundo ele,
isto mostra o potencial do setor logístico argentino e justifica o apetite
chinês.
O dirigente sustentou que “está se
vendo um interesse em nível mundial muito grande em relação a estas estruturas
fluviais, em também marítimas, argentinas”. Segundo Idigoras, “empresários e
representantes governamentais têm passado pela sede da entidade para falar no
interesse em apoiar projetos na região, com financiamento e infraestrutura, e
isto tem que ser aproveitado por nós”.
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