O Grupo Libra anunciou, na sexta-feira (29), o
encerramento das atividades comerciais no Porto de Santos (SP). A empresa
informou em comunicado que a decisão ocorre após os atuais clientes decidirem
migrar as operações a outro terminal no cais santista a partir de maio. A
companhia ainda não fala em possíveis demissões.
Ao longo do dia, funcionários da
empresa, que atua há mais de duas décadas no complexo portuário, foram avisados
por e-mail interno sobre o encerramento gradual das atividades no terminal
santista. A informação foi confirmada no início da noite para a imprensa por
meio da direção do Grupo Libra, no Rio de Janeiro (RJ).
"A medida, que encerra relações
comerciais de mais de 20 anos, é resultado da insegurança jurídica causada pela
decisão do Tribunal de Contas da União, de novembro de 2018, cancelando a
prorrogação até 2035 do contrato de concessão dos terminais da Libra em Santos
e estabelecendo sua vigência até maio de 2020", explica.
O cancelamento da prorrogação
contratual ocorreu após a companhia decretar recuperação judicial. Em janeiro
deste ano, a empresa perdeu uma disputa com a Companhia Docas do Estado de São
Paulo (Codesp) de quitação de dívidas de arrendamento dos terminais na Ponta da
Praia e foi condenada a pagar mais de R$ 2 bilhões.
Ainda no comunicado à imprensa, o
Grupo Libra informa que o encerramento dos serviços de atendimento a navios no
cais "compromete a capacidade de continuação das operações". A
companhia declarou que a unidade será readequada nos próximos meses, mas não
detalhou como a reestruturação será realizada.
“O Grupo Libra segue firme no
propósito de reestruturar suas operações através do Processo de Recuperação
Judicial em curso. Esclarece ainda que a situação da sua operação na Libra
Terminais Santos não tem impacto negativo nas demais operações do Grupo Libra,
que seguem o curso normal de suas atividades".
Em Santos, a Libra era considera um
dos maiores terminais do porto pelas relações comerciais e por ocupar três
áreas adjacentes (T-33, T-35 e T-37). São três berços de atracação, cuja
profundidade passava dos 14 metros. A extensão do costado supera 1,3
quilômetros e o pátio é capaz de armazenar mais de 13 mil contêineres, segundo
dados oficiais.
As operações com navios antes
atendidos pelo Grupo Libra passam a ocorrer a partir de maio pela DP World, na
margem esquerda do cais santista. A informação foi confirmada por um dos
armadores, que em comunicado ao mercado divulgou as últimas escalas dos navios
no terminal que será desativado.
"A DP World Santos confirma a
informação divulgada por meio de comunicado oficial da CMA CGM sobre a
transferência dos serviços BRAZEX, SAMWAX e SEAS-1 para o seu terminal, na
margem esquerda do Porto de Santos", informou a empresa, também por meio
de comunicado durante essa noite.
Investigação do Ministério Público
Federal apontou que o Grupo Libra, um dos alvos da Operação Skala, que levou à
prisão empresários e amigos do ex- presidente Michel Temer, se beneficiou de
uma mudança na chamada "MP dos Portos", aprovada em 2013 pelo
Congresso Nacional. A deflagração da operação ocorreu em abril de 2018.
O chamado "inquérito dos
Portos" foi aberto para apurar a edição de um decreto presidencial para
beneficiar empresas do setor portuário em troca de propina. Mas a Operação
Skala mostrou que os investigadores investigam provas sobre fatos ocorridos nos
últimos 20 anos. Executivos do Grupo Libra, na ocasião, foram presos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário