segunda-feira, 1 de abril de 2019

Grupo Libra encerra operações no Porto de Santos


          O Grupo Libra anunciou, na sexta-feira (29), o encerramento das atividades comerciais no Porto de Santos (SP). A empresa informou em comunicado que a decisão ocorre após os atuais clientes decidirem migrar as operações a outro terminal no cais santista a partir de maio. A companhia ainda não fala em possíveis demissões.
          Ao longo do dia, funcionários da empresa, que atua há mais de duas décadas no complexo portuário, foram avisados por e-mail interno sobre o encerramento gradual das atividades no terminal santista. A informação foi confirmada no início da noite para a imprensa por meio da direção do Grupo Libra, no Rio de Janeiro (RJ).
          "A medida, que encerra relações comerciais de mais de 20 anos, é resultado da insegurança jurídica causada pela decisão do Tribunal de Contas da União, de novembro de 2018, cancelando a prorrogação até 2035 do contrato de concessão dos terminais da Libra em Santos e estabelecendo sua vigência até maio de 2020", explica.
          O cancelamento da prorrogação contratual ocorreu após a companhia decretar recuperação judicial. Em janeiro deste ano, a empresa perdeu uma disputa com a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) de quitação de dívidas de arrendamento dos terminais na Ponta da Praia e foi condenada a pagar mais de R$ 2 bilhões.
          Ainda no comunicado à imprensa, o Grupo Libra informa que o encerramento dos serviços de atendimento a navios no cais "compromete a capacidade de continuação das operações". A companhia declarou que a unidade será readequada nos próximos meses, mas não detalhou como a reestruturação será realizada.
          “O Grupo Libra segue firme no propósito de reestruturar suas operações através do Processo de Recuperação Judicial em curso. Esclarece ainda que a situação da sua operação na Libra Terminais Santos não tem impacto negativo nas demais operações do Grupo Libra, que seguem o curso normal de suas atividades".
          Em Santos, a Libra era considera um dos maiores terminais do porto pelas relações comerciais e por ocupar três áreas adjacentes (T-33, T-35 e T-37). São três berços de atracação, cuja profundidade passava dos 14 metros. A extensão do costado supera 1,3 quilômetros e o pátio é capaz de armazenar mais de 13 mil contêineres, segundo dados oficiais.
          As operações com navios antes atendidos pelo Grupo Libra passam a ocorrer a partir de maio pela DP World, na margem esquerda do cais santista. A informação foi confirmada por um dos armadores, que em comunicado ao mercado divulgou as últimas escalas dos navios no terminal que será desativado.
          "A DP World Santos confirma a informação divulgada por meio de comunicado oficial da CMA CGM sobre a transferência dos serviços BRAZEX, SAMWAX e SEAS-1 para o seu terminal, na margem esquerda do Porto de Santos", informou a empresa, também por meio de comunicado durante essa noite.
          Investigação do Ministério Público Federal apontou que o Grupo Libra, um dos alvos da Operação Skala, que levou à prisão empresários e amigos do ex- presidente Michel Temer, se beneficiou de uma mudança na chamada "MP dos Portos", aprovada em 2013 pelo Congresso Nacional. A deflagração da operação ocorreu em abril de 2018.
          O chamado "inquérito dos Portos" foi aberto para apurar a edição de um decreto presidencial para beneficiar empresas do setor portuário em troca de propina. Mas a Operação Skala mostrou que os investigadores investigam provas sobre fatos ocorridos nos últimos 20 anos. Executivos do Grupo Libra, na ocasião, foram presos.

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