O plano
de expansão do Porto de Santos, que tem gerado disputas internas, prevê um
total de R$ 9,7 bilhões de investimentos nos próximos dez anos, segundo um
levantamento recém concluído pela Santos Port Authority (SPA), empresa
responsável pela gestão do porto. O pacote está detalhado no novo Plano de
Desenvolvimento e Zoneamento (PDZ) do cais santista.
O documento, que aguarda a aprovação do
governo federal, tem sido alvo de questionamento de alguns sindicatos locais e
da Marimex, um dos operadores que atuam em áreas no porto. Os críticos acusam o
novo plano de reduzir vagas de trabalho e dizem que a autoridade portuária não
foi transparente na elaboração do documento, que não foi alvo de audiência
pública.
No caso da Marimex, há uma preocupação
pontual: a empresa reclama que, com o novo PDZ, seu contrato não será renovado,
e a área ocupada pelo grupo dará lugar a um empreendimento ferroviário. A
companhia chegou a obter uma liminar na Justiça garantindo sua permanência no
porto,
A SPA tem buscado rebater os
questionamentos feitos nas últimas semanas. Uma projeção da companhia aponta
que, nos próximos dez anos, as mudanças devem ampliar em 15% os empregos
diretos nos terminais, com a criação de 2.400 postos de trabalho. No curto
prazo, a geração total de vagas será de 58 mil, sobretudo devido às obras
previstas.
O cálculo já contempla a perspectiva
de que os serviços portuários serão cada vez mais automatizados. É por isso que
a alta dos empregos não é proporcional à expectativa de crescimento da
capacidade de movimentação do porto - esta deverá aumentar 49%. A projeção
utilizou como base metodologia do BNDES, adaptada pela Empresa de Planejamento
e Logística (EPL).
A companhia docas também nega que o
processo não tenha sido transparente, já que foram feitas cerca de 30 reuniões
com 50 agentes portuários (entre empresas, prefeituras, sindicatos e
associações setoriais) para discutir o plano, segundo Fernando Biral,
presidente da SPA. “Foi um processo muito mais transparente do que se tivessem
sido feitas algumas poucas audiências públicas, que não são obrigatórias no
caso. Optamos por debates mais técnicos e segmentados com os agentes”, diz.
Para o Sindicato dos Empregados
Terrestres em Transportes Aquaviários e Operadores Portuários do Estado de São
Paulo (Settaport), o novo plano deveria ter sido discutido abertamente com a
comunidade santista, que tem preocupações ambientais, urbanísticas e
trabalhistas em relação às mudanças propostas, afirma o presidente da entidade,
Chico Nogueira, que também é vereador de Santos pelo PT e ex-funcionário da
Marimex. O Ministério de Infraestrutura disse que “analisa o pleito do PDZ e,
em breve, deve formalizar a aprovação do instrumento de planejamento”.
Boa parte das mudanças propostas tem
como meta a “clusterização” do porto, ou seja, o agrupamento de terminais de
mesma carga, para dar eficiência à operação e à logística. Do total de
investimentos estimados, R$ 7,2 bilhões serão destinados a novos projetos.
Entre eles, estão obras de acessos ferroviários e rodoviários. Também entram
nessa cifra os novos arrendamentos previstos, o que inclui tanto os leilões já
em curso quanto projetos em fase de estudos - um exemplo é a nova operação de
contêineres que deverá ser licitada em uma área no cais do Saboó.
Entre os novos projetos já em
andamento pelo governo federal, o mais avançado é a licitação de dois terminais
de celulose, prevista para ocorrer em leilão previsto para agosto deste ano. Há
ainda o projeto de relicitar o megaterminal de combustíveis da Transpetro, que
deverá ser dividido em dois contratos distintos. A audiência pública foi
realizada ontem, e a concorrência está prevista para 2021. A audiência vitual,
teve a participação de representantes de potenciais interessados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário