Mesmo tendo registrado
queda de 0,4% em dólares ao longo do ano passado (US$ 972 milhões), as
exportações brasileiras de calçados tiveram um incremento de 7,5% em reais (R$
3,8 bilhões), no comparativo com 2018. O fato ocorreu em função da valorização
da moeda norte-americana sobre a moeda brasileira, o que manteve a
rentabilidade dos exportadores. Estes e outros dados estão detalhados no
Panorama das Exportações de Calçados, publicação desenvolvida pela Associação
Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).
Além de dados das exportações de calçados no ano de 2019, a publicação,
desenvolvida anualmente pela entidade calçadista, detalha embarques por origem,
destino, tipo de produto, por materiais predominantes, entre outros. “O
objetivo do Panorama é auxiliar empresas na tomada de decisões e estratégias
para o curto e médio prazos, além de servir como um meio de consulta para
profissionais e estudantes da área ”, ressalta a coordenadora de Inteligência
de Mercado da Abicalçados, Priscila Linck.
Segundo Priscila, em 2019 as exportações de calçados foram influenciadas,
sobretudo, por dois fatores: a guerra comercial entre Estados Unidos e
China e a crise política e econômica na América do Sul, região de destino de
mais de 45% dos embarques de calçados brasileiros. Paradoxalmente, a influência
da guerra comercial entre as duas maiores potências mundiais teve influências
positivas, de incremento dos embarques brasileiros para os Estados Unidos, e
negativas pelo fato de os chineses acabarem “desovando” seus produtos em outros
mercados, acirrando a concorrência com o produto verde-amarelo.
“Se por um
lado, tivemos um aumento da procura pelos nossos calçados por parte dos
compradores norte-americanos, especialmente para fugir das altas tarifas de importações
adotadas pelo governo de Donald Trump, por outro lado tivemos que competir com
calçados chineses em outros mercados importantes, especialmente na América do
Sul”, explica Priscila.
Em 2019, o principal destino das exportações brasileiras de calçados foi os
Estados Unidos, para onde foram enviados 12 milhões de pares, que geraram US$
199 milhões, incrementos de 19,3% em dólares e de 11% em volume ante 2018. O
segundo destino do calçado brasileiro foi a Argentina, para onde foram
embarcados 10,1 milhões de pares por US$ 104,9 milhões, quedas de 24,9% em
valores e de 14,4% em volume na relação com 2018.
Para 2020, em função do alastramento da pandemia do novo coronavírus, a
projeção da Abicalçados é que uma queda entre 22,4% e 30,6% nos embarques para
o exterior, resultado que retornaria o setor aos patamares da década de 1980.
“Existe uma retração muito grande no consumo mundial, de mais de 20%, o que
deve impactar severamente nas exportações de calçados. Além dessa queda,
somam-se problemas logísticos e também a concorrência com os calçados asiáticos
no exterior”, avalia Priscila.
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