segunda-feira, 20 de abril de 2020

Terminais marítimos de Portugal movimentam menos 7,5% de cargas nos dois primeiros meses do ano

          Os dois primeiros meses de 2020 confirmaram a tendência negativa verificada no primeiro mês do ano. No conjunto dos dois meses, os portos comerciais de Portugal movimentaram 14,2 milhões de toneladas, menos 1,16 milhões de toneladas face a igual período de 2019, avançam os últimos números da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT).
          Esta diminuição do volume de carga reflete uma quebra de 7,5%, embora, o mês de fevereiro isolado, tenha registado uma quebra de -5%, menor valor do que o regisrtado em janeiro de 2020 (-9,7%). Sines continua a ser o porto que maior influência exerce neste desempenho, registando, nestes dois meses, uma quebra de 1,06 milhões de toneladas, -13,1% face a igual período de 2019. Setúbal, Lisboa, Viana do Castelo e Aveiro acompanham esta tendência, traduzindo-se num decréscimo global de 1,33 milhões de toneladas. Leixões, Figueira da Foz e Faro registram ganhos homólogos de, respetivamente, +3,3%, +24,6% e +350,6%., correspondentes a +184,1 mil toneladas, no seu conjunto.
          Estas quebras são explicadas maioritariamente pela carga conteinerizada e o carvão em Sines que registram perdas respetivas 819,1 mt e 616,8 mt. No entanto, registram-se também quebras significativas no Carvão em Setúbal, com -17mt, e na carga contenerizada em Lisboa (-77,1mt), Setúbal (-58,7mt), Leixões (-20,7mt) e Figueira da Foz (-4,4mt). Já o petróleo bruto e os produtos petrolíferos, em Sines e Leixões, os produtos petrolíferos em Sines e ainda nos outros granéis Sólidos, em Aveiro, foram responsáveis por acréscimos na ordem das 650,3 mil toneladas no seu conjunto.
          Entre janeiro e fevereiro de 2020 registraram-se as melhores marcas de sempre no volume movimentado de produtos petrolíferos (21,6% do total), de outros granéis líquidos (3,1%), carga Ro-Ro (2,1%) e minérios (1,6%). Sines, embora tenha perdido a maioria absoluta, mantém a liderança com uma quota de 49,6% (-3,6 pp face ao período homólogo de 2019), seguindo-se Leixões com 23,2%, Lisboa com 11,6%, Setúbal, que recupera a quarta posição, com 6,9%, Aveiro com 5,9% e Figueira da Foz com 2,3%.
         O tráfego de contêineres traduz uma quebra significativa de 12%, justificada, fundamentalmente, pelo comportamento do porto de Sines, cujo movimento registrou -47,9 mil teus do que no período homólogo de 2019, que corresponde a uma quebra de -16,4%. Lisboa, Setúbal, Figueira da Foz e Leixões também contribuíram para esta quebra, registrando, no seu conjunto, um recuo de quase -12 mil teus.
         Em termos globais, constata-se que a variação negativa em Sines decorre exclusivamente do tráfego de transhipment (a registrar uma quebra de 24,6% no volume de teus), sendo, com efeito, de referir que o tráfego com o hinterland apresenta um acréscimo de cerca de 5,1%, a melhor marca de sempre neste segmento. Leixões verifica a situação oposta, com o transhipment (embora com uma dimensão de apenas 8,4%) a aumentar 25,1%, e o tráfego com o hinterland a recuar 2,1%.
         Ainda neste segmento, refere-se que o porto de Sines mantém a liderança com uma quota de 55,8%, seguindo-se Leixões, com 25,6%, Lisboa, com 13,4%, Setúbal, com 4,6%, e Figueira da Foz, com 0,6%. Relativamente às escalas de navios de diversas tipologias, os portos em análise registaram nos primeiros dois meses deste ano um total de 1662 escalas, +2,8% face ao período homólogo de 2019, correspondente a uma arqueação bruta de 30,8 milhões, menos -0,4% face a igual período do ano anterior. Os portos de Douro e Leixões observaram o acréscimo mais significativo do número de escalas, com +31, seguindo-se Lisboa com +24, Figueira da Foz com +13 e Faro com +5, tendo anulado os registros negativos de Sines com -15, Setúbal com -5, Viana do Castelo com -4, Portimão -3 e Aveiro com -1.
         A variação global negativa do volume de carga movimentada no período janeiro-fevereiro de 2020 face ao mesmo período de 2019, resulta da conjugação de comportamentos negativos registados nas operações de embarque e nas operações de desembarque, incluindo transhipment, que observam quebras respetcivas de -3,2% e de -10,2%.
         O comportamento do fluxo de embarque, que inclui a carga de exportação, traduz uma quebra global protagonizada, essencialmente, pela carga conteinerizada, registrando quebras no volume embarcado em todos os portos, distinguindo-se Sines, com -17,9% (-354,4 mt) e Lisboa, com -15% (-65,9 mt). Os produtos petrolíferos, por outro lado, registram acréscimos significativos, sendo de +29,2% (+253,6 mt) em Sines e de +15,2% (+50,4 mt) em Leixões. De referir que a carga conteinerizada e os produtos petrolíferos representam, em conjunto, 73,4% do volume total de carga embarcada.
         No segmento das operações de desembarque, merecem particular referência o petróleo bruto, a carga conteinerizada e os produtos petrolíferos, que no conjunto representam 72,2% (com parciais respectivos de 28,6%, 25,2% e 18,5%), seguidos pelos produtos agrícolas (8,3%) e outros granéis cólidos (7,4%). O Carvão, que normalmente representa uma carga de significativa importância, no período em análise regista apenas 30,9 mt em Setúbal.
         Há, então, a registrar a perda da totalidade do Carvão de Sines (-805,1 mt), bem como as variações negativas da carga conteinerizada e dos produtos petrolíferos também em Sines de -16,8% e -11,3%, respectivamente, e ainda dos produtos petrolíferos em Leixões, traduzidas por uma quebra de -42,5%. Com variações positivas nas operações de desembarque há a destacar os mercados do Petróleo Bruto de Sines e de Leixões, com acréscimos respectivos de +20,8% e de +19,6%, e ainda o mercado dos minérios em Leixões e carga fracionada em Aveiro, com acréscimos respectivos de +73,9% e +36,7%.
         Viana do Castelo, Figueira da Foz, Setúbal e Faro são os portos que apresentam um perfil de porto “exportador”, registrando um volume de carga embarcada superior ao da carga desembarcada, com um quociente entre carga embarcada e o total movimentado, no período em análise, de 77,7%, 67,6%, 51,9% e 100%, respectivamente.

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