segunda-feira, 20 de abril de 2020

Preços das commodities devem cair nos próximos doze meses, prevê a FAO

         Os preços das commodities agrícolas deverão cair nos próximos 12 meses na esteira da forte contração do Produto Interno Bruto (PIB) global, previu nesta sexta-feira Maximo Torero-Culler, economista-chefe da FAO, a agência da ONU para agricultura e alimentação. Segundo ele, uma vez controlada a pandemia de covid-19 o mundo estará em uma severa recessão. Assim, a demanda agrícola vai diminuir, derrubando preços no setor, exceto de produtos como arroz e frutas.
         “Não sabemos o timing exato [da queda de cotações agrícolas]. O que sabemos é que o próximo ano será de recessão, mas esperamos que seja também o começo de uma ligeira retomada”, afirmou Torero-Culler ao Valor. No momento, uma das maiores preocupações da FAO é com as restrições que vêm sendo impostas por diversos governos no comércio exterior. Limitações globais no movimento de pessoas e de produtos, por exemplo, têm impacto nos sistemas alimentares e causam gargalos nos fluxos de bens e serviços.
         “A pandemia de covid-19 é uma crise global que está afetando o setor agro-alimentar”, reforçou ele a jornalistas. “Medidas atuais para conter a propagação do vírus estão afetando exportações e importações de alimentos”. Para Torero-Culler, isso é o que de pior pode acontecer em um momento como este.
         Além disso, a repressão nas fronteiras contra milhões de migrantes aumenta as dificuldades no campo em vários países, que não terão mão-de-obra suficiente para as colheitas, principalmente em segmentos intensivos como frutas e vegetais. O resultado é que esses países poderão ter que acumular produtos sem vendê-los, provocando desperdício e queda de renda. “A FAO conclama os países a atender as necessidades alimentares mundiais das populações mais vulneráveis , reforçar a proteção social, manter o comércio aberto”, conclui Torero-Culler.


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