segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Maersk Line adverte que brasileiros terão pior Natal desde 1999


         A Maersk Line revisou para baixo sua previsão, anunciada no início do ano, de que o crescimento do mercado seria de até 1% em 2015. A análise atual levou em consideração o rápido declínio nas importações, o enfraquecimento nas exportações de produtos refrigerados e a perspectiva crescente de que 2016 será um ano desafiador. O relatório comercial do terceiro trimestre de 2015 do grupo Maersk recomenda que os brasileiros devem se preparar para seu pior Natal desde 1999 — última vez em que o produto interno bruto (PIB) do país recuou em todos os trimestres do ano.
         O diretor comercial da Maersk Line para a América Latina, Andres Osorio, explicou que para alcançar recuperação modesta no quarto trimestre seria necessário, pelo menos, um avanço de dois dígitos nas importações no trimestre anterior. “O crescimento no volume de cargas conteinerizadas em 2015 será levemente negativo e, para 2016, a expectativa é de que o comércio nacional deixará de crescer. Se confirmado, tal resultado será um pouco melhor do que esperamos para 2015, mas muito pouco encorajador se considerarmos o quadro de crescimento histórico do Brasil”, afirmou.
         No terceiro trimestre, o comércio internacional brasileiro registrou queda de 5,9% no volume total negociado com o restante do mundo, na comparação com o mesmo período de 2014. O número reflete perdas em torno de 13% nas importações e modesto crescimento de 2,1% nas exportações, segundo dados compilados pela Dataliner para Maersk Line. “As importações caíram de maneira acentuada no terceiro trimestre e as exportações, embora mais competitivas com o real acima da marca dos R$ 3,00, não reagiram à forte depreciação do câmbio”, informa Osorio.
         O resultado das exportações também ficou muito abaixo do esperado, considerando o aumento de 16% registrado no terceiro trimestre de 2014. As exportações de produtos refrigerados para a Europa, Ásia e África recuaram, respectivamente, 3,8%, 3,7% e 19%. Os números refletem quedas, dentre outros segmentos, nas exportações de carne bovina (17%), alimentos e bebidas (16%) e outros tipos de carnes (9,1%).
         A queda nas exportações de produtos refrigerados para a Europa, Ásia e África foi puxada pela retração de dois dígitos em categorias como carne bovina e alimentos e bebidas. Por conta disso, a empresa avalia que o Brasil será duramente pressionado a mostrar capacidade de se recuperar em 2016, tendo em vista o significativo declínio nas importações vindas da Europa, Ásia, Oriente Médio e África, além da queda na performance de suas exportações.
         A Maersk Line possui plano quinquenal de investimentos da ordem de US$ 15 bilhões e alocação de US$ 1,1 bilhão para compra de nove navios de 14 mil teus para operação na América Latina. Com mais de 20 navios de até 8.500 teus em operação no Brasil, a empresa reiterou interesse em investir em embarcações maiores para o país, desde que haja as condições e infraestrutura para recebê-las.
        Segundo Osorio, o fraco desempenho econômico deveria encorajar o governo a tirar seus projetos de infraestrutura do papel. "Somente a construção de ferrovias e estradas que liguem os terminais portuários às principais áreas comerciais do país, em conjunto com a atualização do acesso e da capacidade dos portos, permitirão a superação dos gargalos estruturais que reduzem a competitividade e a retomada do crescimento”, destacou.

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