sexta-feira, 22 de abril de 2016

Presidente da AEB afirma que é preciso transferir conhecimento do mercado interno para o comércio exterior

         O presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro,  defendeu, na abertura do 7º Enaserv, que discutiu o tema "Oportunidades no Mercado Externo de Serviços", a importância do setor de serviços para o comércio exterior brasileiro. “É importante destacar que precisamos transferir o conhecimento do mercado interno para o externo, principalmente nesse momento que estamos vivendo”, destacou.
         Segundo Castro, o Brasil precisa conhecer seu potencial para desenvolver melhor esse segmento. “O Brasil ainda desconhece os benefícios das exportações de serviços, que é muito mais simples do que a exportação de bens”. Alertou, entretanto, que “as oportunidades não cairão sobre o nosso colo”.
         O vice-presidente da Fecomércio- SP (Federação de Comércio de Bens, Serviços e Turismo), Rubens Medrano, ressaltou a importância do upgrade da economia do país que traz “diversidade em todas as atividades” e enfatizou: “No Brasil a exportação não é um projeto, é um processo, e a participação da iniciativa privada é de extrema importância nesse percurso”, observou.
         Para ele, após o período turbulento que o Brasil enfrenta, o setor de serviços vai tomar novo rumo e impulso, e a iniciativa privada será muito importante nessa guinada, “assim como a cooperação do governo e das organizações que apoiam as exportações”. Medrano afirmou também que “nem tudo está perdido; que os desafios que temos pela frente vão ser superados”.
         Já Marcelo Maia, secretário de Comércio e Serviços do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), defendeu o fortalecimento das exportações de serviços, destacando as ações do governo para alavancar esse setor. “O setor terciário registrou forte incremento para a economia brasileira. De 2003 a 2015, as atividades de comércio de bens e prestação de serviços passaram de 65% para 75%, segundo o IBGE” (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), contou.
         O setor de serviços sempre esteve atrelado ao comércio exterior crescendo acima da média mundial. “Porém o Brasil ainda tem participação tímida”, ressaltou David Barioni, presidente da Apex- Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos).

         Em um cenário geral das exportações mundiais, Guilherme Castanho Franco Montoro, chefe do Departamento Regional Sul do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) mostrou dados que apontam que o valor das exportações mundiais de serviços registrou alta de 133% no período de 2003 a 2012. Já o Brasil teve aumento de 281%, de acordo com UNCTAD (United Nations Conference on Trade and Development) e do BCB (Banco Central do Brasil). “Isso mostra que há expansão para a dinâmica de crescimento para as exportações de serviços no mercado interno brasileiro”, disse.
         Montoro disse ainda ser importante o estímulo a fóruns como esse, “porque sem subsídios do setor privado, o interesse, a vontade e a dinâmica do setor público não serão suficientes para realizar essa internacionalização”. Destacou, por fim, o compromisso do banco em contribuir com o setor privado para trazer mais competitividade para o Brasil “através de práticas e serviços em conjunto com o setor privado”.

         Para ilustrar a parceria entre os setores público e privado, a Diretora de Competitividade do Ministério do Comércio, Edna Cesetti, convidou algumas empresas a demonstrar para o público do Enaserv como foi a experiência de transferir suas atividades para mercados externos, entre elas a MK Arquitetura, com forte participação na América Latina, e a cadeia de restaurantes Giraffas, original de Brasília, DF.
         Edna enfatizou que a AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil) tem feito contribuições bastante valiosas, afirmando que o governo, sozinho, não conseguiria levar adiante tantas iniciativas, de modo que as parcerias para operações internacionais representam grandes aprendizados, alinhamento e estratégia de negócios.
        Ela destacou também compromisso da Secretaria da Camex com a internacionalização das atividades brasileiras – ou estabelecimento de empresas no exterior –, por meio da retomada de um grupo de trabalho que garante às empresas as condições mais adequadas para trabalhar mercados externos.
         Eduardo Guerra, do Grupo Giraffas, foi um dos exemplos: a empresa possui mais de 400 unidades franqueadas no Brasil, porém optou por abrir unidades próprias nos Estados Unidos, e hoje já ostenta um total de R$ 860 milhões de faturamento. Guerra afirma que “o MDIC e a Apex foram parceiros importantes em todo o processo”, e conta que, entre decidir pela internacionalização e abrir a primeira loja no exterior, 5 anos se passaram, envolvendo muito estudo, pesquisa e até o envio de executivos para conhecer a cultura local.
         “Tínhamos de assimilar novos conceitos, novos fornecedores, planejamento tributário, societário, fiscal, e gasta-se tempo nessa fase do planejamento”, conta o executivo, que diz ter ficado satisfeito com o apoio do governo, especialmente por meio da Apex, que não apenas forneceu dados e realizou pesquisas como praticamente adotou a empresa, que ficou quase um ano instalada no escritório da Apex nos EUA.

         Eduardo Guerra reconhece que a operação americana já trouxe muito conhecimento para as unidades da empresa no Brasil: “tem ocorrido a importação de tecnologia, o que nos ajuda a sermos mais eficientes na operação brasileira”, concluiu.
         A opção pelos Estados Unidos, segundo Guerra, deu-se pela possibilidade de aprendizado diante do maior mercado consumidor mundial, onde estão estabelecidos os maiores players de desenvolvimento de tecnologia – e pela capacidade de expansão. “Se aprendêssemos a lidar com um mercado daquele porte, estaríamos preparados para o mundo”, afirma Guerra.
          “Nosso operador de logística (SYSCO), um dos maiores do mundo, foi capaz de desenvolver absolutamente tudo de que precisávamos para o desenvolvimento de produtos no nosso segmento de restaurantes, e isso foi fundamental para a abertura nos EUA", argumentou.

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