sábado, 30 de abril de 2016

Ecoporto Transportes encerrará as atividades devido à crise e redução dos serviços

         A Ecoporto Transportes, subsidiária da EcoRodovias responsável pelo transporte de contêineres do braço portuário do grupo no porto de Santos (SP), vai encerrar as atividades devido à crise econômica e redução da demanda de serviços. A empresa vai demitir os 140 funcionários até setembro. Há meses o Ecoporto Santos, o terminal de cais do grupo, está sem serviço de navegação regular, atendendo apenas escalas pontuais de carga de projeto.         
         Em nota, a companhia disse que tem se esforçado para minimizar os reflexos da crise econômica e que a medida é necessária "para a manutenção dos demais postos de trabalho das empresas do grupo Ecoporto Santos", segmento portuário da EcoRodovias que recebe o mesmo nome do terminal de cais e é composto ainda por um terminal alfandegado, também em Santos. 
         O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Santos e região informou que os motoristas irão acampar no pátio da empresa hoje. "Vamos discutir na Justiça se não existe mesmo carga. Por lei, o terminal não pode continuar com serviço de transporte via cooperativa ou empresa terceirizada", disse o vice-presidente do sindicato, José Alberto Simões.
         O Ecoporto é um dos seis terminais de contêineres do porto de Santos e, como outros, vem sofrendo perda de volumes. Em 2015 a movimentação no cais do terminal caiu 55,4% sobre 2014, para 103,8 mil contêineres. Economia fraca, competição acirrada - com a entrada em 2013 da BTP e Embraport - e a nova ordem da navegação mundial esvaziaram os terminais de médio e pequeno portes no Brasil. Cada vez mais os armadores se associam em grandes consórcios que escalam poucos terminais: apenas os maiores, que conseguem receber as grandes embarcações, uma tendência da armação para reduzir o custo operacional.
         A média de armadores nos serviços que escalam o Brasil aumentou entre 2010 e 2015, mas o número de serviços caiu, o que mostra a tendência de concentração das linhas em consórcios. Em 2012, quando a EcoRodovias comprou o terminal, a instalação respondia por cerca de 16% da movimentação de contêineres do cais santista. No acumulado do ano até março a fatia estava em 1%. Hoje, quem realmente disputa o mercado de contêineres em Santos são os três maiores terminais, Tecon Santos, com 38%; BTP, com 33%; e Embraport, com 21%. A fatia da Libra Terminais vem caindo e está em 7%, assim como a da Rodrimar, com 0,003%.
         A EcoRodovias pagou 8,3 vezes o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) do terminal, o equivalente a R$ 1,3 bilhão, por um ativo que já em 2012 era considerado pequeno para o novo padrão de instalações de contêineres. Em 2015 o Ebitda do Ecoporto foi negativo em R$ 3,6 milhões e a empresa teve prejuízo de R$ 100 milhões.

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