O dólar deve se manter no patamar de R$ 4 no próximo ano, segundo
expectativa do presidente do Conselho de Administração do Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Thadeu de
Freitas (foto). Na avaliação do economista, feita nesta quinta-feira, 21, o valor do dólar está bom para o
comércio exterior.
“Hoje, o Brasil está bem. A inflação está baixa e a alta do dólar vai
trazer pouca pressão inflacionária, só um pouco. Vai sair de 3,2% para
4%. Não é nada. O importante é que o dólar está em uma posição muito boa
e o comércio vai poder exportar bastante. Para nós do comércio exterior
é muito bom. Nunca vi o dólar subir em momento fácil", disse Freitas, em palestra no Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex) 2019, no Rio de Janeiro.
"Hoje, nosso país
está muito bem em termos de atividade em termos de inflação. Agora, o
dólar está subindo um pouco. Acho que vai ficar em torno de R$ 4. Este
ano deve chegar em R$ 4,20. No próximo ano, deve ser R$ 4, no mínimo.
Virou um novo patamar”, acrescentou ele.
Para Carlos Thadeu, que também é chefe da Divisão Econômica da
Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a
perspectiva é de que não haja nova queda na taxa de juros. Ele acredita
que há possibilidade até de uma alta no ano que vem.
“A expectativa é de
o IPCA fechar o ano em torno de 4%, e para o ano que vem isso vai cair
mais um pouco no último semestre. Até lá, não há alternativa [para
baixar os juros], a não ser que o Banco Central possa vender mais dólar
físico (reservas), mas isso só em casos excepcionais”, previu Freitas.
Carlos Tadeu não vê necessidade de interferência do Banco Central
vendendo dólar. “Vender dólar para quê? O país está bem. Essa área de R$
4 ou R$ 4,20 é muito boa para o Brasil também. Deu muita sorte, porque
como hoje tem baixas taxas inflacionárias, o dólar poderia cair um pouco
mais. [O dólar] Não estar caindo é bom para o Brasil”, disse.
O presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Antônio
Mello Alvarenga, destacou que é preciso ter estratégia para o mercado
externo, com mais investimentos em inovação e tecnologia, diante de
consumidores cada vez mais exigentes. “Eles querem cada vez mais
produtos sustentáveis. Precisamos atender essas demandas”, disse.
Conforme o dirigente da SNA é preciso mostrar ao mercado
internacional que “o Brasil tem a agricultura mais sustentável do
planeta. Muita gente não sabe o quanto o agronegócio no Brasil é
sustentável”.
Alvarenga alertou para a possibilidade do fim da Lei Kandir, que
poderia ocorrer com a reforma Tributária. Com a mudança, o setor
exportador do agronegócio passaria a ter cobrança de tributos. Para ele,
o efeito no setor seria devastador. “Todos os estudos mostram que a
extinção da Lei Kandir pode ser devastador para o agronegócio.
Precisamos ter cuidado na reforma Tributária”, alertou.
O presidente da SNA defendeu a exploração sustentável da Amazônia. “É
uma fronteira terrestre que tem que ser explorada. Lá na Amazônia tem
pessoas que sobrevivem com salários miseráveis de R$ 69 por mês. Essa é
uma questão que o Brasil tem que enfrentar. Tem que saber explorar a
Amazônia”, defendeu, acrescentando que hoje existem projetos na região
que agregam renda e mantém a floresta evitando a degradação. “Não estou
falando em plantar soja, milho e algodão. Existem outras áreas no país
para isso”.
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