O desenvolvimento
da indústria paranaense depende de uma boa infraestrutura logística. O
investimento em rodovias, ferrovias e transporte marítimo amplia a capacidade
de exportação, importação e circulação de cargas de todas as espécies. A pauta,
prioritária nas ações desenvolvidas pelos governos estadual e federal em
parceria com a iniciativa privada, é acompanhada de perto pelo Sistema Fiep.
E há boas notícias vindas do Porto de
Paranaguá. No início de outubro, foi inaugurada a ampliação do Terminal de Contêineres
de Paranaguá, o que coloca o estado em posição de destaque. É o maior terminal
portuário do país em capacidade de movimentação de contêineres. “Houve uma
evolução muito grande no Porto de Paranaguá nos últimos oito anos. Ele saiu das
últimas posições, de um período no qual havia muita fila de espera de caminhões
e navios, e hoje é considerado um dos melhores portos de administração pública
do Brasil”, conta João Arthur Mohr, gerente dos Conselhos Temáticos e Setoriais
do Sistema Fiep.
Com investimentos de mais de R$ 500
milhões, o novo terminal representa um salto para a competitividade do Paraná.
O potencial de operação aumentará em 66%, permitindo movimentar cerca de 2,5
milhões de teuss por ano. Para se ter uma ideia, cada teu (Twenty-feet
Equivalent Unit) equivale a um contêiner de 20 pés (aproximadamente 7 metros de
comprimento). Atualmente, o Porto movimenta 900 mil teus por ano.
Junto com a ampliação vieram outros
investimentos em infraestrutura. A administração do porto realizou uma série de
obras essenciais para o bom desempenho do terminal logístico. Somente em
dragagem, foram R$ 396 milhões de verba concedida pelo governo federal para o
aprofundamento do canal. Como o porto fica em uma região de baía, o acúmulo de
detritos após períodos de chuva e o movimento diário das marés diminuíam a
profundidade da água. Como resultado, muitos navios ficavam parados aguardando
o momento da maré alta para poderem zarpar com plena carga. A obra de dragagem
permanente mudou esse cenário: agora são 14 metros de profundidade no canal de
acesso.
“Isso permitiu receber navios de maior
capacidade, tanto de contêineres quanto de grãos, outros granéis sólidos e
líquidos. Antes, os navios de grãos que atracavam tinham capacidade de até 50
mil toneladas, agora saltamos para 100 mil toneladas. Há um ganho de escala que
reduz o custo logístico. A tripulação é a mesma, o uso de combustível não
aumenta proporcionalmente à carga, mas transporta-se um volume muito maior”,
detalha Mohr.
Outro fator que aumentou a eficiência
do Porto de Paranaguá foi a modernização dos equipamentos para carga e
descarga. O Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP), recém-adquirido pela
chinesa CMPorts, comprou dois novos portêineres – guindastes para retirada de
contêineres –, que alcançam até 24 fileiras dentro do navio. A descarga é mais
rápida e, por consequência, o tempo de espera é menor. Quando o assunto é
transporte, cada minuto vale dinheiro.
As multas cobradas pelos proprietários dos
navios variam entre 10 e 20 mil dólares por dia parado, valor que era pago
pelos embarcadores, especialmente de granéis sólidos e que encarecia os custos
logísticos. “Ao reduzir o tempo de descarga de 48 horas para 36, por exemplo,
são 12 horas de berço livre para que outros navios possam atracar. A administração
do Porto de Paranaguá e os operadores que movimentam as cargas investiram nessa
melhoria porque a economia de recursos pode chegar a milhões de dólares”,
analisa Mohr. Destaca-se, também, a ampliação do espaço de armazenamento, que
precisa comportar grandes volumes e garantir o rápido escoamento da carga.
O gerente dos Conselhos Temáticos e
Setoriais do Sistema Fiep diz que a gestão participativa foi determinante para
promover as transformações necessárias no Porto de Paranaguá. Periodicamente,
representantes de diversos segmentos envolvidos com o porto se encontram com
toda a diretoria do Porto de Paranaguá para discutir questões relacionadas à
operação, pontos de melhoria e simplificação de processos. “Tudo isso resultou
em um porto mais eficiente, com maior movimentação de cargas, redução de custos
e ganho de escala. Invariavelmente, parte desses ganhos são repassados para os
clientes, seja com a diminuição do frete, seja no valor final do produto”, cita
Mohr.
De acordo com o Ministério do
Trabalho, o Porto de Paranaguá é responsável por cerca de nove mil empregos no
setor de armazenamento e transporte. São 20% de todos os postos de trabalho
registrados no município, com R$ 33 milhões mensais em salários, que movimentam
comércio e serviços em toda a região. O governo prevê que pelo menos 250
pessoas serão empregadas com a inauguração do novo TCP. Além disso, com a
capacidade ampliada, há bons negócios a caminho. “Será possível abrir novas
linhas de importação e exportação para Estados Unidos, Europa, África, Ásia e
Oriente Médio, com transporte regular de contêineres. O Porto de Paranaguá já é
reconhecido como um dos melhores – se não o melhor – do Brasil”, finaliza João
Arthur Mohr.
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