quarta-feira, 4 de julho de 2018

Recuperação econômica e e-commerce expandem transporte de carga aérea na América Latina


          Uma década atrás era difícil ver aviões de carga cheios de produtos frescos saindo da América Latina com destino à Ásia. Atualmente, com a recuperação econômica da região, combinada com a uma alta atividade de e-commerce, está sendo reativado o movimento de carga aérea perecível saída do continente. Segundo a publicação Air Cargo World, o impacto da crise de corrupção política que afetou a indústria petroleira brasileira está se desvanecendo, e a economia está sendo sanada, gerando a expectativa de cifras positivas até o final deste ano.
       Conforme o diretor de Desenvolvimento Estratégico e Negócio de Carga do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, Patrick Fehring, a queda no volume de exportação de petróleo somada à baixa nos preços afetou seriamente a indústria de carga do país e de toda a América Latina. Agora, no entanto, avaliou ele, “a uma melhor situação agregada a expansão do e-commerce com a ampla variedade de venda disponível por meio da internet.
          O CEO da Latam Cargo, Andrés Bianchi, concorda com a posição de Fehring e entende que a expectativa é de que as tarifas se recuperem frente a uma maior demanda de capacidade. As cifras publicadas pela IATA (Associação Internacional de Transporte Aéreo) respaldam este otimismo. Elas registraram elevação de 17,4% na movimentação de cargas em março, e 10,8% em abril no continente, o mais alto percentual de crescimento em todo o mundo no período.
          Todas as empresas de carga aérea querem tirar proveito desta alta da demanda e, por isso, estão remanejando vôos oferecendo mais opções partindo da região com destino a Europa, Estados Unidos e Ásia. Mas o estabelecimento destas rotas exige voos completos de ida e volta quase completos a fim de viabilizar o negócio, explicam os executivos das transportadoras. O avião precisa, por exemplo, sair carregado de frutas e verduras e retornar igualmente lotado, mesmo que o destino seja um pouco diferente da ida. O mais comum é saídas com 100% da capacidade tomada e apenas 55% no retorno. É que a importação pelos países da América Latina dos países ricos é bem inferior às exportações.
        A origem da alta se deve principalmente ao aumento da demanda por alimentos exóticos, especialmente para Hong Kong, China e resto da Ásia. Um dos grandes responsáveis pela intensificação do fluxo é a gigante chinesa Alibaba, por meio de suas plataformas digitais, utilizadas na comercialização de alimentos perecíveis, acostumando os consumidores a receber produtos como salmão do Pacífico e pimenta do Brasil, com apenas um clic em seu app em qualquer época do ano.
         A expansão envolve ainda flores, carnes frescas e outros itens. O consumidor asiático está ficando mais sofisticado e disposto a pagar custos adicionais pelo despacho rápido desses produtos. A melhora nos sistemas de infraestrutura, armazenamento e entrega fazem com que a expectativa é de que em um futuro próximo provoque uma mudança expressiva na indústria do transporte de carga aérea. O terminal aéreo do Rio de Janeiro, por exemplo, está investindo significativamente na ampliação deste tipo de infraestrutura e espera um crescimento de 15% a 20% na movimentação. O mesmo vem ocorrendo com diversos terminais de carga aérea em todo o continente.

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