Uma década atrás era difícil ver aviões de carga
cheios de produtos frescos saindo da América Latina com destino à Ásia.
Atualmente, com a recuperação econômica da região, combinada com a uma alta
atividade de e-commerce, está sendo reativado o movimento de carga aérea
perecível saída do continente. Segundo a publicação Air Cargo World, o impacto
da crise de corrupção política que afetou a indústria petroleira brasileira
está se desvanecendo, e a economia está sendo sanada, gerando a expectativa de
cifras positivas até o final deste ano.
Conforme o diretor de Desenvolvimento Estratégico e Negócio de Carga do
Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, Patrick Fehring, a queda no volume
de exportação de petróleo somada à baixa nos preços afetou seriamente a
indústria de carga do país e de toda a América Latina. Agora, no entanto,
avaliou ele, “a uma melhor situação agregada a expansão do e-commerce com a
ampla variedade de venda disponível por meio da internet.
O
CEO da Latam Cargo, Andrés Bianchi, concorda com a posição de Fehring e entende
que a expectativa é de que as tarifas se recuperem frente a uma maior demanda
de capacidade. As cifras publicadas pela IATA (Associação Internacional de
Transporte Aéreo) respaldam este otimismo. Elas registraram elevação de 17,4%
na movimentação de cargas em março, e 10,8% em abril no continente, o mais alto
percentual de crescimento em todo o mundo no período.
Todas as empresas de carga aérea querem tirar proveito desta alta da demanda
e, por isso, estão remanejando vôos oferecendo mais opções partindo da região
com destino a Europa, Estados Unidos e Ásia. Mas o estabelecimento destas rotas
exige voos completos de ida e volta quase completos a fim de viabilizar o
negócio, explicam os executivos das transportadoras. O avião precisa, por
exemplo, sair carregado de frutas e verduras e retornar igualmente lotado,
mesmo que o destino seja um pouco diferente da ida. O mais comum é saídas com
100% da capacidade tomada e apenas 55% no retorno. É que a importação pelos
países da América Latina dos países ricos é bem inferior às exportações.
A
origem da alta se deve principalmente ao aumento da demanda por alimentos
exóticos, especialmente para Hong Kong, China e resto da Ásia. Um dos grandes
responsáveis pela intensificação do fluxo é a gigante chinesa Alibaba, por meio
de suas plataformas digitais, utilizadas na comercialização de alimentos
perecíveis, acostumando os consumidores a receber produtos como salmão do
Pacífico e pimenta do Brasil, com apenas um clic em seu app em qualquer época
do ano.
A
expansão envolve ainda flores, carnes frescas e outros itens. O consumidor
asiático está ficando mais sofisticado e disposto a pagar custos adicionais
pelo despacho rápido desses produtos. A melhora nos sistemas de infraestrutura,
armazenamento e entrega fazem com que a expectativa é de que em um futuro
próximo provoque uma mudança expressiva na indústria do transporte de carga
aérea. O terminal aéreo do Rio de Janeiro, por exemplo, está investindo
significativamente na ampliação deste tipo de infraestrutura e espera um
crescimento de 15% a 20% na movimentação. O mesmo vem ocorrendo com diversos
terminais de carga aérea em todo o continente.
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